terça-feira, setembro 10, 2013

18° Como eu te Amo

Murilo se arrumou rápido no quarto e assim que ele viu que Laura havia pegado no sono ele correu para varanda, pegou o cartão de memória e correu para o seu notebook.
O que ele viu, deixou-o de cabelos em pé. Nada! Não havia absolutamente nada. Não aconteceu nada a noite toda. Toda aquela história é da cabeça dela.
M: Não... (nervoso)
Murilo pensou que sua mulher estava enlouquecendo, ele não podia deixar que isso acontecesse. Os dias iam passando... Laura teve mais três crises dessas em menos de duas semanas. Nas câmeras continuavam sem nada, tanto nas internas que Murilo havia colocado como nas externas que tinham no condomínio. Laura não ia à empresa todo esse tempo. Murilo estava sobrecarregado, precisa fazer algo para mudar isso.
Na sala de Gustavo.
M: Mas um psiquiatra?
G: É o mais certo, é um especialista, conta o que está acontecendo.
M: Mas... Isso não é demais?
G: Consultar um psiquiatra não quer dizer que a sua mulher está louca Murilo, quer dizer que você quer ajuda para que ela não fique pior.
M: Laura nunca aceitaria ir.
G: Ela não precisa. Olha eu conheço um muito bom. Eu mesmo já me consultei com ele. E olha que eu nem morava aqui. Foi muito bem indicado, vim para o Brasil só para me consultar com ele.
M: É, acho que falar com ele não custa nada.

Na casa de Lucas e Leonardo. Lucas ainda viajava com Pedro. Murilo estava conversando agora com Leonardo.
Leo: Não! Acho isso um exagero.
M: Mas eu estou perdendo a minha mulher!
Leo: Você vai perder a sua mulher se fizer isso!
M: ... Eu conversei com o Psiquiatra Léo isso não é normal, ela está entrando numa espécie de síndrome de pânico.
Lu: E você acha que internando ela num manicômio é a solução? (se alterando)
M: É uma clinica de repouso Léo, mas eu acho sim. Ela vai ser medicada e ...
Léo: Ela não vai concordar com isso!
M: Claro que não, mas vai ser para o bem dela.
Léo: Vai levá-la a força? Escuta bem o que você está dizendo Murilo! É a sua mulher, a mãe da sua filha cara! (alterado)
M: Isso é só por uns dias. Ela precisa voltar a tocar a Drummond Léo. Ela não sai mais de casa. Ela acha que está sendo perseguida!
Léo: Você já está decidido, não sei por que está me contando isso.
M: Estou contando, para pedir que você não conte nada ao Lucas...
Léo: O que?
M: Ele não vai entender, e até ele voltar de viagem, ela já vai estar melhor, já vai até estar em casa.
Léo: Você tem certeza disso Murilo?
M: Tenho.

Murilo estava decidido, ia internar Laura numa clínica de repouso. Era o certo, ou melhor, era o que ele achava certo. Sua mulher não estava vivendo mais, não saia mais de casa, dizia que tinha gente vigiando ela, que queria fazer mal a ela, ou até mesmo a filha deles. Ele tinha medo que isso se agravasse. E se por descuido dele, e se por falta de um tratamento isso se desenvolvesse e ficasse pior? Ele nunca ia se perdoar.

Era uma manhã chuvosa, Murilo acordou muito cedo e foi checar as câmeras, como sempre.... Nada. Ligou para Carla e pediu para mudar os horários das reuniões. Murilo foi agora até o quarto de Luiza.
M: Amor... (mexendo nos cabelos dela)
Laura estava sentada numa poltrona ao lado do berço da filha.
L: Hummm. (se mexendo sonolenta)
M: Acorda amor... Vem, quero que você vá comigo em um lugar.
L: Eu não quero sair.
M: Porque?
L: Já disse que não quero deixa minha filha aqui.
M: Mas não vai deixar, a Dona Naná vai com a gente.
L: Murilo se é alguma surpresinha nem comece, eu não estou com cabeça amor.
M: Não é. Só quero te tirar um pouco aqui de casa amor, você não sai daqui.
L: (Sorrindo) Own, meu amor está preocupado? (dando um beijo nele)
Ela o olhou séria.
L: Você está estranho. O que foi?
M: Nada amor, vai se arrumar, ainda tenho que ir trabalhar.
L: Está bem, se você faz questão.
Laura nem desconfiava do pesadelo que estava prestes a entrar.
Enquanto Laura ainda estava se arrumando, Murilo foi receber e explicar a situação a Dona Naná.
N: Não quero parecer invasiva senhor Murilo, mas o senhor está certo disso?
M: No momento é o melhor a se fazer.
N: Então pode contar comigo.
E assim estavam prontos.
L: Não gosto de você dirigindo o meu carro Murilo.
M: Então vamos no meu.
L: (Sorrindo) Não. Ainda assim prefiro o meu.
M: Ok ok.
E assim seguiram até a Clínica Santa Rosa, a clínica mais parecia uma casa de campo, a placa que a identificava Laura nem havia percebido. Mas Laura não era burra, e não ia demorar muito até perceber. Murilo parou o carro e abriu a porta para Laura descer.
L: Porque viemos até aqui?
M: Quero que conheça uma pessoa.
L: Vem Naná! (abrindo a porta do carro para que ela possa descer)
Dona Naná desceu com a bebê no colo, Murilo logo a olhou de um jeito que ela entendeu em segundo o recado.
N: Acho que vou ficar aqui nesse jardim lindo com ela, tem flores com cores fortes, olha só, ela não sabe para onde olha. (Sorri disfarçando)
L: Tá, não vamos demorar. (Deu um beijo na filha)
Mas Laura estranhou, Dona Naná insistiu em um abraço.
L: Já voltamos (sorrindo entrou com Murilo)
L: Amor, quem você quer que eu conheça? (entrando com Murilo)
M :Eu... Quero... (com a voz já embargada)
Foi tudo muito rápido. Laura logo percebeu o que era aquele lugar, a secretária uniformizada, cartões de visita sobre a mesa, enfermeiros atravessando a sala.
L: O que é isso Murilo? (Já se afastado dele)
M: Meu amor (a puxando para perto dele) eu quero que você conheça o Doutor Cristhian Pierry.
L: O que? (tirando os braços dele de sua cintura, os olhos já ficando marejados)
O Doutor Cristhian chega.
Cr: Bom dia (cumprimentando Murilo)
M: Bom dia doutor, essa é a minha mulher Laura.
Cr: Olá Dona Laura prazer (estendendo a mão para ela que recusou)
Cr: (Sorrindo), sei que nesse tempo que você vai ficar aqui com a gente vai acabar vendo que eu sou muito legal (Sorrindo).
L: O que?
Murilo olhou para o Médico. Tinha dito que ainda não havia contado nada a ela, que iria contar após uma conversa com ela e o médico. Não entendeu o porque o médico havia sido tão descuidado a esse ponto. Laura já havia desconfiado assim que percebeu que era uma Clinica psiquiatra.
L: Murilo...
M: Amor, é só por alguns dias, só para você parar de ter essas alucinações..
L: Como você pode...
M: Eu quero você de volta amor, você tem medo de tudo agora, não sai mais de casa, por coisas da sua cabeça...
L: Coisas da minha cabeça? Você acha que eu estou louca? É isso Murilo? Eu estou sendo ameaçada sabe se lá por quem, um filho da mãe que fica aparecendo no nosso quintal e você vem me dizer que não é nada?
M: Não tem nada Laura? Não tem ninguém!
L: Você não vê porque você é um idiota! UM IDIOTA! Sabia desde o começo que não devia ter te contado nada! Devia ter montado guarda todos os dias escondido no nosso quintal.
M: Laura eu coloquei câmeras no nosso jardim! Não tem nada!
L: Câmeras? (Laura agora ficou confusa)
Calma aí câmeras agora era sério, como assim... Ela tinha visto, e mais de uma vez, isso devia ter aparecido nas câmeras.
L: Como assim nada Murilo? (gritando)
M: Nada meu amor (segurando com as duas mãos o rosto dela) Isso deve ser pelo que você passou nesses últimos dias e...
L: Últimos dias? Você não sabe o que eu passei a minha vida toda para você achar que eu ia ter um surto a essa altura do campeonato! Você devia ficar do meu lado, me ajudar a ver quem é esse desgraçado que está aparecendo lá em casa.
Cr: Dona Laura... É só um curto tratamento. Você vai se sentir muito melhor depois desse tratamento, você vai ver.
L: Eu não vou fazer droga de tratamento nenhum!
Nisso Laura se virou e foi em direção a porta, mas a equipe do Doutor Cristhian era mais rápida, em questão de segundo já estavam segurando Laura.
L: Vocês é que estão loucos? Não posso ficar aqui a força! (Gritando enquanto era sendo segurada por dois enfermeiros)
M: Calma! Cuidado para não machucar ela!
L: Murilo! Para com essa palhaçada agora! Isso já me irritou! Eu não vou ficar aqui a força e pronto!
Cr: Pode quando o seu marido autorizar. Vimos um vídeo filmado pelo seu marido de uma das suas crises.
Droga parecia que o Doutor Cristhian queria piorar as coisas...
M: Amor... Vai ser pro seu próprio bem e vai passar...
L: O que é isso? (vendo um dos enfermeiros preparando uma seringa)
M: Espera! O que é isso? Não precisa disso (indo em direção a Laura)
Mas o médico rapidamente o segurou.
Cr: Murilo calma, é para o bem dela, ela vai ficar calma. Vai ser melhor assim.
L: Murilo! Murilo! Olha isso?! Olha o que você está fazendo comigo? Para!(chorando)
Antes mesmo dele abrir a boca e dizer que ia levá-la para casa, que não conseguia vê-la naquele estado. O que ele estava fazendo? Ele é que devia estar louco. Aplicaram o sedativo nela. Um pequeno grito saiu por entre os lábios de Laura. Murilo o sentiu na alma, por que não foi um grito de dor do sedativo, foi uma dor do mais fundo sentimento dela. Ele pode sentir isso.
M: Parem, realmente há necessidade disso? (indo em direção a ela)
L: Sai... (Com a voz já meio calma)
M: Amor, tenho certeza que logo você vai ver que é para o seu bem e...
L: E eu nunca vou te perdoar... Ainda diz que me ama... Quero... O... Divor... (e desmaiou)
M: Meu Deus! (já a segurando)
Cr: Calma, não se preocupe, foi só o efeito do sedativo. Ela só dormiu.
M: Isso foi forte, foi em questão de segundos? (preocupado)
Cr: Não, impressão sua, isso é porque ela estava muito agitada aí dá essa impressão mesmo, mas você vai ver como isso foi bom, ela vai acordar mais calma, vai perceber que foi o melhor (Super sossegado)
Enfº: Vamos leva-la ao quarto 307 doutor?
Cr: Sim, já está tudo arrumado.
Assim que ele saiu em direção ao carro Dona Naná veio vindo...
N: Meu Deus seu Murilo, eu escutei os gritos daqui.
Murilo não disse nada, apenas apertou sua bebê e Dona Naná em um abraço desesperado. Estava aos prantos, Laura talvez nunca entendesse, mas doía mais nele do que em qualquer outra pessoa.
N: Calma senhor Murilo, se o senhor sabe que esse é o melhor para ela, não fique assim, pense que logo ela estará de volta.
M: Está doendo tanto...
Murilo mais parecia uma criança, confusa e triste.
M: Vou chamar um táxi Dona Naná. Vou ficar aqui hoje.
N: Aqui? Mas senhor Murilo acho que nem pode.
M: Nem que eu tenha que ficar na recepção, hoje eu passo a noite aqui. Será que você pode passar a noite em casa? Por causa da minha bolachinha.
N: Claro, eu ligo para o meu filho levar umas roupas para mim.
M: Eu nem sei como te agradecer Dona Naná.
N: Fique em paz.
Pegou a mala e entrou na clínica novamente. Murilo entregou a mala de Laura a um dos enfermeiros.
Cr: Pode ficar sossegado que a sua mulher esta em ótimas mãos.
M: Mesmo assim eu quero ficar aqui hoje.
Cr: Isso é desnecessário Murilo, isso pode até atrapalhar, desse jeito parece que ela esta doente.
M: Não mas é que...
Cr: Ela tem que sentir que aqui é como uma casa de campo que ela veio relaxar por uns dias (sorrindo)
M: Então vou ficar até pelo menos ela acordar.
Cr: Ok Murilo, se você se insiste, então fique, mas só até ela acordar.
M: Tá.
Murilo entrou no quarto. Era meio pequeno, Laura estava frágil, deitada naquela cama de solteiro como uma criança que se machucou. Mas Murilo sabia que era melhor assim. Uma enfermeira já havia acomodado as roupas da sua mulher na cômoda. Droga, ele não ia dar conta sozinho, queria desesperadamente a sua mulher de volta, a sua Laura. Ele se aproximou dela, pegou em sua mão, estava um pouco gelada. Inclinou-se até seu rosto e deu um doce beijo em sua bochecha. Nem assim ela acordou, estava num sono profundo, puxou a cadeira para perto da cama, e foi assim que ele ficou, tanto que a primeira coisa que Laura viu ao despertar depois de quase três horas foi Murilo com os olhos chorosos para ela. Ela continuou em silêncio, ele estava ainda segurando a sua mão quando ela acordou e estava com os olhos quase fechados, percebeu que ela acordou quando a mesma puxou a mão.
M: Amor...
L: Nunca mais repita isso... Não depois do que você fez. (baixinho)
M: Laura eu..
L: Sai... (baixinho)
M: Não faz isso meu amor, me entenda...
L: Sai agora...
M: Mas...
L: Sai da minha vida Murilo. E não volte nunca mais. Quer me deixar aqui? Por quê? Arrumou uma novinha? É isso?
M: Laura não aja como...
L: Como o quê? Louca? Eu sou louca Murilo, se eu não fosse eu não estaria aqui não é? Mas escuta só uma coisa e presta bem atenção porque eu não vou repetir. Se acontecer alguma coisa com a minha filha durante essa palhaçada que você inventou, você vai ser o responsável, está me entendendo? A culpa vai ser toda sua!
Murilo não dizia nada, não conseguia raciocinar bem.
L: Agora sai daqui!
Murilo estava chorando, não queria sair, mas talvez fosse o melhor a se fazer. Depois de conversar com o Doutor Cristhian ele pegou o caminho de casa. Mesmo depois que ele chegou Dona Naná disse que passaria a noite na casa, afinal de contas Murilo ainda estava arrasado. Aquele quarto ainda tinha o perfume dela, forte... Como se tivesse acabado de sair do banho. As lágrimas novamente caíram quentes pelo rosto dele. Mas tinha que ser forte, doutor Cristhian disse que no máximo em duas semanas ela já estaria em casa.
No dia seguinte na clinica...
L: Como assim eu não posso ficar com o meu celular? (impaciente)
Cr: Laura, você esta em um tratamento, você tem que focar em coisas calmas... Celulares, internet... Não vai dar! Você pode ler um livro! Temos uma biblioteca linda no fim do corredor.
me dar a porcaria do meu celular?
Cr: Eu vou ver a Dona Joana, se precisar de qualquer coisa é só mandar me chamar. (fechou a porta)
Laura ficou irada, ele a ignorou completamente. Levantou e foi andar, não gostou nada do que aconteceu a seguir. Que legal, a porta estava trancada. Já viu que iam ser dias de puro estresse isso sim.
Iam se completar uma semana de internação de Laura, Murilo ia todos os dias, ele levava Luiza para que Laura pudesse ficar um pouco com ela. Mas era só isso, ela não falava nada com ele, nenhuma palavra, só olhares, olhares que já diziam tudo.
Na casa de Lucas e Leonardo.
Lu: Odeio que mintam para mim.
Léo: Lucas, eu...
Lu: Eu sei que é alguma coisa séria, Laura fica no máximo um dia sem falar comigo, agora faz quase uma semana, o que é que está acontecendo Léo?
Léo: ...
Lu: Léo!
Léo: Ai Lucas, eu acho melhor você voltar logo para casa.
Lu: O que aconteceu com a Laurinha? (Já nervoso)
Léo: Eu te explico aqui, não adianta falar agora, vai ser só para te preocupar a toa, porque não tem nada que você possa fazer aí.
Lu: Eu estou de volta amanhã mesmo.
Léo: Te espero, um beijo.
Lu: Outro!
_ _ _
Na empresa Drummond
G: E como ela está?
M: Gustavo, eu confesso que eu não sei dizer, acho que só saberemos quando ela voltar para casa.
G: É... Porque o problema era com a tal pessoa que ela via não é?
M: É, a Carla foi visitá-la e me disse que a achou igual, como sempre foi.
G: É o tratamento! Já deve estar fazendo efeito! O Doutor Cristhian é muito bom mesmo.
M: É... Deve ser isso mesmo.
G: Eu acho que vou visitá-la hoje, se você não se importar.
M: Claro que não, você é meu amigo, amigo da Laura, ela vai gostar de te receber.
G: Ótimo, acho que na hora do almoço vou lá então, vou deixar Bárbara tomando conta de tudo aqui, qualquer coisa é só falar com ela.
M: Pode deixar.
E assim Murilo ficou na empresa cuidando das reuniões e documentos pendentes, enquanto Gustavo foi visitar a sua mulher.
Na Clínica Santa Rosa.
Enfº: Dona Laura? (abrindo a porta do quarto)
L: O que foi?
Enfº: Você tem visita!
L: Se for o Murilo pode dizer que..
G: Olá! Como anda a minha chefe? (entrando)
L: Gustavo!(indo em direção a ele)
G: Como é que você está Laura?
L: Estou péssima, não vejo a hora de sair daqui!

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terça-feira, setembro 10, 2013

18° Como eu te Amo

Murilo se arrumou rápido no quarto e assim que ele viu que Laura havia pegado no sono ele correu para varanda, pegou o cartão de memória e correu para o seu notebook.
O que ele viu, deixou-o de cabelos em pé. Nada! Não havia absolutamente nada. Não aconteceu nada a noite toda. Toda aquela história é da cabeça dela.
M: Não... (nervoso)
Murilo pensou que sua mulher estava enlouquecendo, ele não podia deixar que isso acontecesse. Os dias iam passando... Laura teve mais três crises dessas em menos de duas semanas. Nas câmeras continuavam sem nada, tanto nas internas que Murilo havia colocado como nas externas que tinham no condomínio. Laura não ia à empresa todo esse tempo. Murilo estava sobrecarregado, precisa fazer algo para mudar isso.
Na sala de Gustavo.
M: Mas um psiquiatra?
G: É o mais certo, é um especialista, conta o que está acontecendo.
M: Mas... Isso não é demais?
G: Consultar um psiquiatra não quer dizer que a sua mulher está louca Murilo, quer dizer que você quer ajuda para que ela não fique pior.
M: Laura nunca aceitaria ir.
G: Ela não precisa. Olha eu conheço um muito bom. Eu mesmo já me consultei com ele. E olha que eu nem morava aqui. Foi muito bem indicado, vim para o Brasil só para me consultar com ele.
M: É, acho que falar com ele não custa nada.

Na casa de Lucas e Leonardo. Lucas ainda viajava com Pedro. Murilo estava conversando agora com Leonardo.
Leo: Não! Acho isso um exagero.
M: Mas eu estou perdendo a minha mulher!
Leo: Você vai perder a sua mulher se fizer isso!
M: ... Eu conversei com o Psiquiatra Léo isso não é normal, ela está entrando numa espécie de síndrome de pânico.
Lu: E você acha que internando ela num manicômio é a solução? (se alterando)
M: É uma clinica de repouso Léo, mas eu acho sim. Ela vai ser medicada e ...
Léo: Ela não vai concordar com isso!
M: Claro que não, mas vai ser para o bem dela.
Léo: Vai levá-la a força? Escuta bem o que você está dizendo Murilo! É a sua mulher, a mãe da sua filha cara! (alterado)
M: Isso é só por uns dias. Ela precisa voltar a tocar a Drummond Léo. Ela não sai mais de casa. Ela acha que está sendo perseguida!
Léo: Você já está decidido, não sei por que está me contando isso.
M: Estou contando, para pedir que você não conte nada ao Lucas...
Léo: O que?
M: Ele não vai entender, e até ele voltar de viagem, ela já vai estar melhor, já vai até estar em casa.
Léo: Você tem certeza disso Murilo?
M: Tenho.

Murilo estava decidido, ia internar Laura numa clínica de repouso. Era o certo, ou melhor, era o que ele achava certo. Sua mulher não estava vivendo mais, não saia mais de casa, dizia que tinha gente vigiando ela, que queria fazer mal a ela, ou até mesmo a filha deles. Ele tinha medo que isso se agravasse. E se por descuido dele, e se por falta de um tratamento isso se desenvolvesse e ficasse pior? Ele nunca ia se perdoar.

Era uma manhã chuvosa, Murilo acordou muito cedo e foi checar as câmeras, como sempre.... Nada. Ligou para Carla e pediu para mudar os horários das reuniões. Murilo foi agora até o quarto de Luiza.
M: Amor... (mexendo nos cabelos dela)
Laura estava sentada numa poltrona ao lado do berço da filha.
L: Hummm. (se mexendo sonolenta)
M: Acorda amor... Vem, quero que você vá comigo em um lugar.
L: Eu não quero sair.
M: Porque?
L: Já disse que não quero deixa minha filha aqui.
M: Mas não vai deixar, a Dona Naná vai com a gente.
L: Murilo se é alguma surpresinha nem comece, eu não estou com cabeça amor.
M: Não é. Só quero te tirar um pouco aqui de casa amor, você não sai daqui.
L: (Sorrindo) Own, meu amor está preocupado? (dando um beijo nele)
Ela o olhou séria.
L: Você está estranho. O que foi?
M: Nada amor, vai se arrumar, ainda tenho que ir trabalhar.
L: Está bem, se você faz questão.
Laura nem desconfiava do pesadelo que estava prestes a entrar.
Enquanto Laura ainda estava se arrumando, Murilo foi receber e explicar a situação a Dona Naná.
N: Não quero parecer invasiva senhor Murilo, mas o senhor está certo disso?
M: No momento é o melhor a se fazer.
N: Então pode contar comigo.
E assim estavam prontos.
L: Não gosto de você dirigindo o meu carro Murilo.
M: Então vamos no meu.
L: (Sorrindo) Não. Ainda assim prefiro o meu.
M: Ok ok.
E assim seguiram até a Clínica Santa Rosa, a clínica mais parecia uma casa de campo, a placa que a identificava Laura nem havia percebido. Mas Laura não era burra, e não ia demorar muito até perceber. Murilo parou o carro e abriu a porta para Laura descer.
L: Porque viemos até aqui?
M: Quero que conheça uma pessoa.
L: Vem Naná! (abrindo a porta do carro para que ela possa descer)
Dona Naná desceu com a bebê no colo, Murilo logo a olhou de um jeito que ela entendeu em segundo o recado.
N: Acho que vou ficar aqui nesse jardim lindo com ela, tem flores com cores fortes, olha só, ela não sabe para onde olha. (Sorri disfarçando)
L: Tá, não vamos demorar. (Deu um beijo na filha)
Mas Laura estranhou, Dona Naná insistiu em um abraço.
L: Já voltamos (sorrindo entrou com Murilo)
L: Amor, quem você quer que eu conheça? (entrando com Murilo)
M :Eu... Quero... (com a voz já embargada)
Foi tudo muito rápido. Laura logo percebeu o que era aquele lugar, a secretária uniformizada, cartões de visita sobre a mesa, enfermeiros atravessando a sala.
L: O que é isso Murilo? (Já se afastado dele)
M: Meu amor (a puxando para perto dele) eu quero que você conheça o Doutor Cristhian Pierry.
L: O que? (tirando os braços dele de sua cintura, os olhos já ficando marejados)
O Doutor Cristhian chega.
Cr: Bom dia (cumprimentando Murilo)
M: Bom dia doutor, essa é a minha mulher Laura.
Cr: Olá Dona Laura prazer (estendendo a mão para ela que recusou)
Cr: (Sorrindo), sei que nesse tempo que você vai ficar aqui com a gente vai acabar vendo que eu sou muito legal (Sorrindo).
L: O que?
Murilo olhou para o Médico. Tinha dito que ainda não havia contado nada a ela, que iria contar após uma conversa com ela e o médico. Não entendeu o porque o médico havia sido tão descuidado a esse ponto. Laura já havia desconfiado assim que percebeu que era uma Clinica psiquiatra.
L: Murilo...
M: Amor, é só por alguns dias, só para você parar de ter essas alucinações..
L: Como você pode...
M: Eu quero você de volta amor, você tem medo de tudo agora, não sai mais de casa, por coisas da sua cabeça...
L: Coisas da minha cabeça? Você acha que eu estou louca? É isso Murilo? Eu estou sendo ameaçada sabe se lá por quem, um filho da mãe que fica aparecendo no nosso quintal e você vem me dizer que não é nada?
M: Não tem nada Laura? Não tem ninguém!
L: Você não vê porque você é um idiota! UM IDIOTA! Sabia desde o começo que não devia ter te contado nada! Devia ter montado guarda todos os dias escondido no nosso quintal.
M: Laura eu coloquei câmeras no nosso jardim! Não tem nada!
L: Câmeras? (Laura agora ficou confusa)
Calma aí câmeras agora era sério, como assim... Ela tinha visto, e mais de uma vez, isso devia ter aparecido nas câmeras.
L: Como assim nada Murilo? (gritando)
M: Nada meu amor (segurando com as duas mãos o rosto dela) Isso deve ser pelo que você passou nesses últimos dias e...
L: Últimos dias? Você não sabe o que eu passei a minha vida toda para você achar que eu ia ter um surto a essa altura do campeonato! Você devia ficar do meu lado, me ajudar a ver quem é esse desgraçado que está aparecendo lá em casa.
Cr: Dona Laura... É só um curto tratamento. Você vai se sentir muito melhor depois desse tratamento, você vai ver.
L: Eu não vou fazer droga de tratamento nenhum!
Nisso Laura se virou e foi em direção a porta, mas a equipe do Doutor Cristhian era mais rápida, em questão de segundo já estavam segurando Laura.
L: Vocês é que estão loucos? Não posso ficar aqui a força! (Gritando enquanto era sendo segurada por dois enfermeiros)
M: Calma! Cuidado para não machucar ela!
L: Murilo! Para com essa palhaçada agora! Isso já me irritou! Eu não vou ficar aqui a força e pronto!
Cr: Pode quando o seu marido autorizar. Vimos um vídeo filmado pelo seu marido de uma das suas crises.
Droga parecia que o Doutor Cristhian queria piorar as coisas...
M: Amor... Vai ser pro seu próprio bem e vai passar...
L: O que é isso? (vendo um dos enfermeiros preparando uma seringa)
M: Espera! O que é isso? Não precisa disso (indo em direção a Laura)
Mas o médico rapidamente o segurou.
Cr: Murilo calma, é para o bem dela, ela vai ficar calma. Vai ser melhor assim.
L: Murilo! Murilo! Olha isso?! Olha o que você está fazendo comigo? Para!(chorando)
Antes mesmo dele abrir a boca e dizer que ia levá-la para casa, que não conseguia vê-la naquele estado. O que ele estava fazendo? Ele é que devia estar louco. Aplicaram o sedativo nela. Um pequeno grito saiu por entre os lábios de Laura. Murilo o sentiu na alma, por que não foi um grito de dor do sedativo, foi uma dor do mais fundo sentimento dela. Ele pode sentir isso.
M: Parem, realmente há necessidade disso? (indo em direção a ela)
L: Sai... (Com a voz já meio calma)
M: Amor, tenho certeza que logo você vai ver que é para o seu bem e...
L: E eu nunca vou te perdoar... Ainda diz que me ama... Quero... O... Divor... (e desmaiou)
M: Meu Deus! (já a segurando)
Cr: Calma, não se preocupe, foi só o efeito do sedativo. Ela só dormiu.
M: Isso foi forte, foi em questão de segundos? (preocupado)
Cr: Não, impressão sua, isso é porque ela estava muito agitada aí dá essa impressão mesmo, mas você vai ver como isso foi bom, ela vai acordar mais calma, vai perceber que foi o melhor (Super sossegado)
Enfº: Vamos leva-la ao quarto 307 doutor?
Cr: Sim, já está tudo arrumado.
Assim que ele saiu em direção ao carro Dona Naná veio vindo...
N: Meu Deus seu Murilo, eu escutei os gritos daqui.
Murilo não disse nada, apenas apertou sua bebê e Dona Naná em um abraço desesperado. Estava aos prantos, Laura talvez nunca entendesse, mas doía mais nele do que em qualquer outra pessoa.
N: Calma senhor Murilo, se o senhor sabe que esse é o melhor para ela, não fique assim, pense que logo ela estará de volta.
M: Está doendo tanto...
Murilo mais parecia uma criança, confusa e triste.
M: Vou chamar um táxi Dona Naná. Vou ficar aqui hoje.
N: Aqui? Mas senhor Murilo acho que nem pode.
M: Nem que eu tenha que ficar na recepção, hoje eu passo a noite aqui. Será que você pode passar a noite em casa? Por causa da minha bolachinha.
N: Claro, eu ligo para o meu filho levar umas roupas para mim.
M: Eu nem sei como te agradecer Dona Naná.
N: Fique em paz.
Pegou a mala e entrou na clínica novamente. Murilo entregou a mala de Laura a um dos enfermeiros.
Cr: Pode ficar sossegado que a sua mulher esta em ótimas mãos.
M: Mesmo assim eu quero ficar aqui hoje.
Cr: Isso é desnecessário Murilo, isso pode até atrapalhar, desse jeito parece que ela esta doente.
M: Não mas é que...
Cr: Ela tem que sentir que aqui é como uma casa de campo que ela veio relaxar por uns dias (sorrindo)
M: Então vou ficar até pelo menos ela acordar.
Cr: Ok Murilo, se você se insiste, então fique, mas só até ela acordar.
M: Tá.
Murilo entrou no quarto. Era meio pequeno, Laura estava frágil, deitada naquela cama de solteiro como uma criança que se machucou. Mas Murilo sabia que era melhor assim. Uma enfermeira já havia acomodado as roupas da sua mulher na cômoda. Droga, ele não ia dar conta sozinho, queria desesperadamente a sua mulher de volta, a sua Laura. Ele se aproximou dela, pegou em sua mão, estava um pouco gelada. Inclinou-se até seu rosto e deu um doce beijo em sua bochecha. Nem assim ela acordou, estava num sono profundo, puxou a cadeira para perto da cama, e foi assim que ele ficou, tanto que a primeira coisa que Laura viu ao despertar depois de quase três horas foi Murilo com os olhos chorosos para ela. Ela continuou em silêncio, ele estava ainda segurando a sua mão quando ela acordou e estava com os olhos quase fechados, percebeu que ela acordou quando a mesma puxou a mão.
M: Amor...
L: Nunca mais repita isso... Não depois do que você fez. (baixinho)
M: Laura eu..
L: Sai... (baixinho)
M: Não faz isso meu amor, me entenda...
L: Sai agora...
M: Mas...
L: Sai da minha vida Murilo. E não volte nunca mais. Quer me deixar aqui? Por quê? Arrumou uma novinha? É isso?
M: Laura não aja como...
L: Como o quê? Louca? Eu sou louca Murilo, se eu não fosse eu não estaria aqui não é? Mas escuta só uma coisa e presta bem atenção porque eu não vou repetir. Se acontecer alguma coisa com a minha filha durante essa palhaçada que você inventou, você vai ser o responsável, está me entendendo? A culpa vai ser toda sua!
Murilo não dizia nada, não conseguia raciocinar bem.
L: Agora sai daqui!
Murilo estava chorando, não queria sair, mas talvez fosse o melhor a se fazer. Depois de conversar com o Doutor Cristhian ele pegou o caminho de casa. Mesmo depois que ele chegou Dona Naná disse que passaria a noite na casa, afinal de contas Murilo ainda estava arrasado. Aquele quarto ainda tinha o perfume dela, forte... Como se tivesse acabado de sair do banho. As lágrimas novamente caíram quentes pelo rosto dele. Mas tinha que ser forte, doutor Cristhian disse que no máximo em duas semanas ela já estaria em casa.
No dia seguinte na clinica...
L: Como assim eu não posso ficar com o meu celular? (impaciente)
Cr: Laura, você esta em um tratamento, você tem que focar em coisas calmas... Celulares, internet... Não vai dar! Você pode ler um livro! Temos uma biblioteca linda no fim do corredor.
me dar a porcaria do meu celular?
Cr: Eu vou ver a Dona Joana, se precisar de qualquer coisa é só mandar me chamar. (fechou a porta)
Laura ficou irada, ele a ignorou completamente. Levantou e foi andar, não gostou nada do que aconteceu a seguir. Que legal, a porta estava trancada. Já viu que iam ser dias de puro estresse isso sim.
Iam se completar uma semana de internação de Laura, Murilo ia todos os dias, ele levava Luiza para que Laura pudesse ficar um pouco com ela. Mas era só isso, ela não falava nada com ele, nenhuma palavra, só olhares, olhares que já diziam tudo.
Na casa de Lucas e Leonardo.
Lu: Odeio que mintam para mim.
Léo: Lucas, eu...
Lu: Eu sei que é alguma coisa séria, Laura fica no máximo um dia sem falar comigo, agora faz quase uma semana, o que é que está acontecendo Léo?
Léo: ...
Lu: Léo!
Léo: Ai Lucas, eu acho melhor você voltar logo para casa.
Lu: O que aconteceu com a Laurinha? (Já nervoso)
Léo: Eu te explico aqui, não adianta falar agora, vai ser só para te preocupar a toa, porque não tem nada que você possa fazer aí.
Lu: Eu estou de volta amanhã mesmo.
Léo: Te espero, um beijo.
Lu: Outro!
_ _ _
Na empresa Drummond
G: E como ela está?
M: Gustavo, eu confesso que eu não sei dizer, acho que só saberemos quando ela voltar para casa.
G: É... Porque o problema era com a tal pessoa que ela via não é?
M: É, a Carla foi visitá-la e me disse que a achou igual, como sempre foi.
G: É o tratamento! Já deve estar fazendo efeito! O Doutor Cristhian é muito bom mesmo.
M: É... Deve ser isso mesmo.
G: Eu acho que vou visitá-la hoje, se você não se importar.
M: Claro que não, você é meu amigo, amigo da Laura, ela vai gostar de te receber.
G: Ótimo, acho que na hora do almoço vou lá então, vou deixar Bárbara tomando conta de tudo aqui, qualquer coisa é só falar com ela.
M: Pode deixar.
E assim Murilo ficou na empresa cuidando das reuniões e documentos pendentes, enquanto Gustavo foi visitar a sua mulher.
Na Clínica Santa Rosa.
Enfº: Dona Laura? (abrindo a porta do quarto)
L: O que foi?
Enfº: Você tem visita!
L: Se for o Murilo pode dizer que..
G: Olá! Como anda a minha chefe? (entrando)
L: Gustavo!(indo em direção a ele)
G: Como é que você está Laura?
L: Estou péssima, não vejo a hora de sair daqui!

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