sábado, setembro 14, 2013

24° Delírios

Foi chegando mais perto, um odor logo começou a incomodá-lo, não... Não queria nem imaginar, seus olhos já encheram de lagrimas, o coração já adiantava um possível choque.
Ele tinha que ver, mesmo que fosse Ana, ele não ia saber se não se aproximasse para ver.
Assim que encostou à porta do helicóptero viu que Moisés ainda estava ali, não ficou muito tempo olhando para o rosto dele, o cheiro ali dentro já era quase que insuportável.
Seus olhos comearam a procurar Ana, ela não estava, ah graças a Deus, fez um sinal da cruz em respeito a Moisés, mas nesse momento ele estava feliz, Ana estava em algum lugar daquela ilha, provavelmente a procura dele.
Decidiu que ia pernoitar ali mesmo, foi pegar sua mala, precisavam de suas camisas, elas seriam uteis no frio que fazia na madrugada daquela ilha.
Não conseguia achar a mala dele, o cheiro lá dentro era forte, não aguentou mais e saiu dali, foi quando tropeçou em sua mala, ela estava do lado de fora do helicóptero, aberta, Derik notou que faltava varias roupas dele, na verdade o que ele mais iria precisar, sorriu tendo certeza de que Ana esta a sua procura, mas e agora?
Os dois andando naquela ilha é quase que impossível de se encontrarem.
Ele tinha que pensar como ela, o que ela deve estar pensando? Onde será que ela achou que tinha que ir primeiro?
Ficou ali pensando enquanto mexia em sua mala, procurando algo que pudesse ser útil, encontrou o celular, não tinha sinal isso era quase que obvio, mas não custava nada tentar.
Para alguma coisa servia o celular sem sinal... LUZ... Fraquinha mas tinha.

Ana a essa altura já estava andando somente pelo som, não via nada, os olhos mais estavam fechados do que abertos, estava meio escuro já, então tanto fazia, ela só não queria parar, queria andar, aquilo dava a sensação de que ela estava mais perto do seu objetivo.
Ia se segurando nas árvores, ela ainda batia o queixo de frio.
Um odor diferente começou a incomodar seu nariz.
Ainda com passos de zumbi ela continuou avançando, a mala ainda vinha sendo arrastada por ela durante esses dois dias de caminhada.
Fez um esforço maior para abrir os olhos quando viu um pedaço de metal socado em meio ao mato, a escuridão já estava tomando conta daquela ilha e dos olhos de Ana também, ela começou a chorar, não podia acreditar que andou por dois dias em vão, chegou ao mesmo lugar, no maldito helicóptero, ela chorava.
Já não tinha mais forças, talvez encontrar Derik seja impossível, talvez o melhor agora seja relaxar e esperar a morte vir busca-la.
Tinha certeza que não demoraria muito.
O Choro baixo e abafado de Ana chamou a atenção de Derik, ele não podia acreditar no que estava vendo, apontou a tela do celular em direção ao tal barulho, e viu a sua doce professora, não estava se aguentando em pé.
D: Ana! (saiu correndo em direção a ela)
Ela já nem ouviu Derik, nem teve a felicidade de saber que seu amor estava bem a sua frente antes de perder os sentidos novamente.
Seu corpo ficou mole, os joelhos dobraram, e Derik conseguiu chegar antes que o resto de seu corpo caísse no chão, a cabeça dela foi amparada pelos ombros dele.
Ele chorava de alegria em vê-la, mas logo começou a se preocupar, droga, o que tinha acontecido com ela, porque ela havia desmaiado, ele a virou em seu colo e passou a mão nervosamente pelo rosto dela, tirando o cabelo de seu rosto, nesse mesmo instante ele percebeu que ela estava ardendo em febre, vestia duas das suas camisas.
Ele a apertou forte contra seu peito. Ela estava tão magra, tão fraca, suava muito e estava com as mãos gélidas.
D: Meu amor, me perdoa... Me perdoa por ter te deixado sozinha. (a aninhando em seus braços)
Não morre Ana... Por favor, meu amor... Reage. (ele deu um selinho nela)
Precisava parar e pensar no que iria fazer.

Ana estava com febre, será que foi algum bicho daquele lugar que picou ela, uma cobra, uma aranha, mil coisas passavam em sua cabeça.
Ele passava as mãos no cabelo dela, estava chorando como criança, finalmente ela estava em seus braços, mas estava desmoronando. Em uma das passadas na cabeça dela, ele sentiu o caroço, com cuidado mirou o celular em direção a ele, e viu o enorme corte,
Precisava ser firme, ela estava entregue a ele, ele estava com a vida dela nas mãos.
Pensa Derik, pensa! Brigava com ele mesmo.
No helicóptero devia ter alguma coisa, um kit de primeiros socorros?
Mas agora já estava de noite além de ter que encarar aquela tumba ao ar livre, seria uma saga encontrar qualquer coisa que seja com a luz da tela do celular.
Ele carregou Ana até o lado da sua mala, pegou o resto de roupa dele que tinha nela e improvisou um travesseiro, com todo o carinho do mundo ele a deixou ali e foi buscar o possível kit de primeiros socorros.
Derik amarrou uma camiseta em seu nariz e foi procurar, procurou por quase uma hora.
E por Deus encontrou.
Assim que abriu o Kit não tinha muito mais do que precisava.
Alguns esparadrapos, gaze, um vidro de alguma coisa que ele não sabia o que era. Talvez fosse para limpar algum corte, mas não arriscaria passar aquilo do corte que Ana tinha na cabeça.
Comprimidos, vários comprimidos tinha naquela pequena maleta, Derik olhava para Ana e depois para maleta, estava tremendo, estava nervoso também, começou a ler...
Comprimido para resfriado, mas que combatia febre também, aquilo devia servir.
Pegou logo dois comprimidos e foi até ela.
Colocou sua cabeça em seu colo e começou a chama-la devagarzinho.
D: Amor? Ei... Amor engole isso. (ele colocava o comprimido na boca dela)
D: Ana... Vai te ajudar a ficar melhor.
Ela nem se mexia.
D: Amor, acorda... Engole. (ele colocou o segundo comprimido na boca dela)
Ficou assim por quase meia hora, até que ela em fim se mexeu, resmungava muitas coisas.
D: Ana!(sorrindo e enxugando as lágrimas para ela não ver). Amor, sou eu Derik, engole isso, você tá com febre.
Com muita dificuldade ela engoliu. Mas ainda não conseguia decifrar o que estava acontecendo, estava inconsciente.
Ele suspirou aliviado, agora era só esperar o efeito e se Deus quiser iria ser maravilhoso.
Apertou ela contra ele mais uma vez, e passou a madrugada inteira velando seu sono, verificando a sua temperatura.

Não...
Aquela cigarra infortunada de novo?
Ana não podia acreditar... Abriu os olhos lentamente, percebeu que sua cabeça estava em algo macio.
Uma pontada de leve se fez em sua cabeça novamente, mas dessa vez quando colocou a mão, tinha algo, gaze?
Um braço descansava sobre seu tronco. Os olhos foram subindo até ver o seu maior desejo.
Derik dormia com ela em seu colo, estava muito mal apoiado nas duas malas e ela deitada nele.
Abriu um enorme sorriso.
Não estava mais tão frio o que tinha acontecido? A última coisa que ela lembrava era de estar andando desesperadamente naquela floresta.
Sua barriga agora roncava forte.
A primeira mexida que ela deu, ela acordou Derik.
D: Ana?
Ela só conseguia sorrir para ele.
Ele não conseguia encontrar as palavras. Os olhos dela começaram a formar lagrimas.
Ele a puxou num longo e demorado abraço.
D: Ai... Que medo eu tive.
A: Eu nem acredito que eu te encontrei.
D: É tão bom te ver assim... Viva. (suspirando aliviado)
A: Eu tive tanto medo Derik, tanto medo de não...
D: Xiiiiiii. (a apertando contra seu peito de novo) Não fala nada, como você tá se sentindo? Ainda esta com frio?
A: Não, o que aconteceu? Aonde você me encontrou?
D: Eu estava aqui, e você apareceu ali, mas foi tudo muito rápido, você desmaiou antes mesmo de me ver.
Estava ardendo em febre, encontrei uns comprimidos, depois de muito tempo, consegui fazer você engolir dois deles.
A: Nossa... Obrigada, eu... Acho que perdi muito sangue.
D: Eu estava vendo o seu corte. Como você estancou isso? Isso tinha que ter te rendido no mínimo uns três pontos.
A: Não sei, quando eu acordei dentro daquele helicóptero, eu já não sangrava mais.
D: Meu Deus do céu.
Ela não parava de sorrir.
A: Eu estou muito feliz de ter te encontrado.
Ana foi sentando...
A: Temos que sair daqui. (aflita)
D: Não tem nada aqui Ana, eu subi até aquela colina ali. (mostrando o ponto alto para ela) E de lá de cima eu tive uma visão da ilha, ela é completamente deserta.
A: Ah meu Deus, e agora?
D: Eu não sei, sinceramente eu não sei. Eu chequei o radio quando eu cheguei aqui e ele não funciona, os celulares não tem sinal.
A: Barcos? Será que não passa nenhum por aqui?
D: Talvez, mas não da para saber quando!
A: Fabio deve ter mandado uma equipe de busca.
D: Claro. (já meio Incomodado)
A: Acho que estamos aqui a... Três dias?
D: Quase isso.
Eu estava tentando ir para praia, mas acabei chegando aqui de novo.
D: Como assim? Por onde você foi?
A: Por aqui. (mostrando o lado esquerdo)
D: Mas porque você fez isso?
A: Queria ir reto, em algum lado da ilha eu tinha que sair.
D: (rindo) Você andou por quase dois dias em círculos?
A: Está rindo do que Derik? Vai me dizer que você encontrou super-rápido esse helicóptero?
D: Ana meu amor (rindo) olha isso, era só descer.
A: É muito fácil falar não foi você.
D: (rindo)
A: Para Derik! E agora? O que vamos fazer?
D: Só resta descer para praia de novo, e esperar o resgate.
A: Eu realmente não me sinto muito bem aqui, o cheiro já esta forte, eu sinto muito pelo Moisés, mas nesse momento ele não passa de um cadáver em decomposição.
D: Eu vou pegar algumas coisas que talvez possamos usar.
Derik tinha achado um transmissor que talvez pudesse ser útil mais para frente, as suas malas, o kit de primeiros socorros e mais nada, infelizmente não podiam esperar mais nada mesmo, não seria como no filme “Naufrágio” onde o mar ficava mandando a toda hora uma ajudinha em pacotes do Sedex.
Ana ainda estava sentada no chão enquanto Derik pegava as coisas.
D: Ow, não vai ajudar não?
A:...
D: Ana!
A: O que foi?
D: Vem me ajudar!
Ana não conseguia se levantar, estava fraca, mas não queria que Derik percebesse. Mas ele nem percebeu mesmo, tanto não percebeu que começou a falar que ela estava uma folgada.
D: É, pelo visto você já esta melhor.
A: O que você está querendo dizer? Que eu sou uma inútil é isso?
D: Ah Meu Deus, mulheres! Eu não disse isso.
A: Mas foi o que você quis dizer.
D: Eu quis dizer o que eu disse, pare de paranoia.
A: E quer saber, você não esta fazendo mais que a sua obrigação.
D: O que?
A: Por sua culpa nós estamos aqui nesse fim de mundo.
D: Minha culpa? Você que ficou histérica e assustou o piloto!
A: Eu? Você que disse para ele que tinha alguma coisa errada mesmo ele dizendo que estava com tudo no controle.
D: Vamos parar com isso? Não vamos chegar a lugar nenhum com isso, já caímos mesmo já estamos todos ferrados, então da na mesma.
A: É... Você esta certo.
D: Então vem me ajudar aqui.
Ana ficou em silencio.
D: Ana?
Ela mexeu no cabelo e virou a cabeça. Ele começou a se aproximar.
D: O que está acontecendo? Desde quando acordamos você não levantou daí, tá doendo alguma coisa?(Parado agora em frente a ela)
A: Eu não consigo levantar. (disse quase como um sussurro)
D: O que?
A: Eu não consigo levantar Derik.
D: (rindo)
A:...
D: Sério isso mesmo?
Ana fez que sim com a cabeça.
D: Mas... Ana?
A: Humm?
D: Você comeu alguma coisa nesses dois dias?
A: Uma barrinha de cereal.
D: Minha nossa Ana, não é a toa que você desmaiou, e água?
A: A última foi dez minutos antes da nossa apresentação.
D: Espera...
Derik saiu e pegou duas mangas que estava a essa altura em uma das malas
D: Aqui (entregando as duas ultimas a ela) coma!
A: Onde achou isso?
D: Encontrei quando estava subindo para a colina, e alguns metros da praia tem um riacho, um lago sei lá o que é, mas a água é doce.
A: Água? Que maravilha.

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sábado, setembro 14, 2013

24° Delírios

Foi chegando mais perto, um odor logo começou a incomodá-lo, não... Não queria nem imaginar, seus olhos já encheram de lagrimas, o coração já adiantava um possível choque.
Ele tinha que ver, mesmo que fosse Ana, ele não ia saber se não se aproximasse para ver.
Assim que encostou à porta do helicóptero viu que Moisés ainda estava ali, não ficou muito tempo olhando para o rosto dele, o cheiro ali dentro já era quase que insuportável.
Seus olhos comearam a procurar Ana, ela não estava, ah graças a Deus, fez um sinal da cruz em respeito a Moisés, mas nesse momento ele estava feliz, Ana estava em algum lugar daquela ilha, provavelmente a procura dele.
Decidiu que ia pernoitar ali mesmo, foi pegar sua mala, precisavam de suas camisas, elas seriam uteis no frio que fazia na madrugada daquela ilha.
Não conseguia achar a mala dele, o cheiro lá dentro era forte, não aguentou mais e saiu dali, foi quando tropeçou em sua mala, ela estava do lado de fora do helicóptero, aberta, Derik notou que faltava varias roupas dele, na verdade o que ele mais iria precisar, sorriu tendo certeza de que Ana esta a sua procura, mas e agora?
Os dois andando naquela ilha é quase que impossível de se encontrarem.
Ele tinha que pensar como ela, o que ela deve estar pensando? Onde será que ela achou que tinha que ir primeiro?
Ficou ali pensando enquanto mexia em sua mala, procurando algo que pudesse ser útil, encontrou o celular, não tinha sinal isso era quase que obvio, mas não custava nada tentar.
Para alguma coisa servia o celular sem sinal... LUZ... Fraquinha mas tinha.

Ana a essa altura já estava andando somente pelo som, não via nada, os olhos mais estavam fechados do que abertos, estava meio escuro já, então tanto fazia, ela só não queria parar, queria andar, aquilo dava a sensação de que ela estava mais perto do seu objetivo.
Ia se segurando nas árvores, ela ainda batia o queixo de frio.
Um odor diferente começou a incomodar seu nariz.
Ainda com passos de zumbi ela continuou avançando, a mala ainda vinha sendo arrastada por ela durante esses dois dias de caminhada.
Fez um esforço maior para abrir os olhos quando viu um pedaço de metal socado em meio ao mato, a escuridão já estava tomando conta daquela ilha e dos olhos de Ana também, ela começou a chorar, não podia acreditar que andou por dois dias em vão, chegou ao mesmo lugar, no maldito helicóptero, ela chorava.
Já não tinha mais forças, talvez encontrar Derik seja impossível, talvez o melhor agora seja relaxar e esperar a morte vir busca-la.
Tinha certeza que não demoraria muito.
O Choro baixo e abafado de Ana chamou a atenção de Derik, ele não podia acreditar no que estava vendo, apontou a tela do celular em direção ao tal barulho, e viu a sua doce professora, não estava se aguentando em pé.
D: Ana! (saiu correndo em direção a ela)
Ela já nem ouviu Derik, nem teve a felicidade de saber que seu amor estava bem a sua frente antes de perder os sentidos novamente.
Seu corpo ficou mole, os joelhos dobraram, e Derik conseguiu chegar antes que o resto de seu corpo caísse no chão, a cabeça dela foi amparada pelos ombros dele.
Ele chorava de alegria em vê-la, mas logo começou a se preocupar, droga, o que tinha acontecido com ela, porque ela havia desmaiado, ele a virou em seu colo e passou a mão nervosamente pelo rosto dela, tirando o cabelo de seu rosto, nesse mesmo instante ele percebeu que ela estava ardendo em febre, vestia duas das suas camisas.
Ele a apertou forte contra seu peito. Ela estava tão magra, tão fraca, suava muito e estava com as mãos gélidas.
D: Meu amor, me perdoa... Me perdoa por ter te deixado sozinha. (a aninhando em seus braços)
Não morre Ana... Por favor, meu amor... Reage. (ele deu um selinho nela)
Precisava parar e pensar no que iria fazer.

Ana estava com febre, será que foi algum bicho daquele lugar que picou ela, uma cobra, uma aranha, mil coisas passavam em sua cabeça.
Ele passava as mãos no cabelo dela, estava chorando como criança, finalmente ela estava em seus braços, mas estava desmoronando. Em uma das passadas na cabeça dela, ele sentiu o caroço, com cuidado mirou o celular em direção a ele, e viu o enorme corte,
Precisava ser firme, ela estava entregue a ele, ele estava com a vida dela nas mãos.
Pensa Derik, pensa! Brigava com ele mesmo.
No helicóptero devia ter alguma coisa, um kit de primeiros socorros?
Mas agora já estava de noite além de ter que encarar aquela tumba ao ar livre, seria uma saga encontrar qualquer coisa que seja com a luz da tela do celular.
Ele carregou Ana até o lado da sua mala, pegou o resto de roupa dele que tinha nela e improvisou um travesseiro, com todo o carinho do mundo ele a deixou ali e foi buscar o possível kit de primeiros socorros.
Derik amarrou uma camiseta em seu nariz e foi procurar, procurou por quase uma hora.
E por Deus encontrou.
Assim que abriu o Kit não tinha muito mais do que precisava.
Alguns esparadrapos, gaze, um vidro de alguma coisa que ele não sabia o que era. Talvez fosse para limpar algum corte, mas não arriscaria passar aquilo do corte que Ana tinha na cabeça.
Comprimidos, vários comprimidos tinha naquela pequena maleta, Derik olhava para Ana e depois para maleta, estava tremendo, estava nervoso também, começou a ler...
Comprimido para resfriado, mas que combatia febre também, aquilo devia servir.
Pegou logo dois comprimidos e foi até ela.
Colocou sua cabeça em seu colo e começou a chama-la devagarzinho.
D: Amor? Ei... Amor engole isso. (ele colocava o comprimido na boca dela)
D: Ana... Vai te ajudar a ficar melhor.
Ela nem se mexia.
D: Amor, acorda... Engole. (ele colocou o segundo comprimido na boca dela)
Ficou assim por quase meia hora, até que ela em fim se mexeu, resmungava muitas coisas.
D: Ana!(sorrindo e enxugando as lágrimas para ela não ver). Amor, sou eu Derik, engole isso, você tá com febre.
Com muita dificuldade ela engoliu. Mas ainda não conseguia decifrar o que estava acontecendo, estava inconsciente.
Ele suspirou aliviado, agora era só esperar o efeito e se Deus quiser iria ser maravilhoso.
Apertou ela contra ele mais uma vez, e passou a madrugada inteira velando seu sono, verificando a sua temperatura.

Não...
Aquela cigarra infortunada de novo?
Ana não podia acreditar... Abriu os olhos lentamente, percebeu que sua cabeça estava em algo macio.
Uma pontada de leve se fez em sua cabeça novamente, mas dessa vez quando colocou a mão, tinha algo, gaze?
Um braço descansava sobre seu tronco. Os olhos foram subindo até ver o seu maior desejo.
Derik dormia com ela em seu colo, estava muito mal apoiado nas duas malas e ela deitada nele.
Abriu um enorme sorriso.
Não estava mais tão frio o que tinha acontecido? A última coisa que ela lembrava era de estar andando desesperadamente naquela floresta.
Sua barriga agora roncava forte.
A primeira mexida que ela deu, ela acordou Derik.
D: Ana?
Ela só conseguia sorrir para ele.
Ele não conseguia encontrar as palavras. Os olhos dela começaram a formar lagrimas.
Ele a puxou num longo e demorado abraço.
D: Ai... Que medo eu tive.
A: Eu nem acredito que eu te encontrei.
D: É tão bom te ver assim... Viva. (suspirando aliviado)
A: Eu tive tanto medo Derik, tanto medo de não...
D: Xiiiiiii. (a apertando contra seu peito de novo) Não fala nada, como você tá se sentindo? Ainda esta com frio?
A: Não, o que aconteceu? Aonde você me encontrou?
D: Eu estava aqui, e você apareceu ali, mas foi tudo muito rápido, você desmaiou antes mesmo de me ver.
Estava ardendo em febre, encontrei uns comprimidos, depois de muito tempo, consegui fazer você engolir dois deles.
A: Nossa... Obrigada, eu... Acho que perdi muito sangue.
D: Eu estava vendo o seu corte. Como você estancou isso? Isso tinha que ter te rendido no mínimo uns três pontos.
A: Não sei, quando eu acordei dentro daquele helicóptero, eu já não sangrava mais.
D: Meu Deus do céu.
Ela não parava de sorrir.
A: Eu estou muito feliz de ter te encontrado.
Ana foi sentando...
A: Temos que sair daqui. (aflita)
D: Não tem nada aqui Ana, eu subi até aquela colina ali. (mostrando o ponto alto para ela) E de lá de cima eu tive uma visão da ilha, ela é completamente deserta.
A: Ah meu Deus, e agora?
D: Eu não sei, sinceramente eu não sei. Eu chequei o radio quando eu cheguei aqui e ele não funciona, os celulares não tem sinal.
A: Barcos? Será que não passa nenhum por aqui?
D: Talvez, mas não da para saber quando!
A: Fabio deve ter mandado uma equipe de busca.
D: Claro. (já meio Incomodado)
A: Acho que estamos aqui a... Três dias?
D: Quase isso.
Eu estava tentando ir para praia, mas acabei chegando aqui de novo.
D: Como assim? Por onde você foi?
A: Por aqui. (mostrando o lado esquerdo)
D: Mas porque você fez isso?
A: Queria ir reto, em algum lado da ilha eu tinha que sair.
D: (rindo) Você andou por quase dois dias em círculos?
A: Está rindo do que Derik? Vai me dizer que você encontrou super-rápido esse helicóptero?
D: Ana meu amor (rindo) olha isso, era só descer.
A: É muito fácil falar não foi você.
D: (rindo)
A: Para Derik! E agora? O que vamos fazer?
D: Só resta descer para praia de novo, e esperar o resgate.
A: Eu realmente não me sinto muito bem aqui, o cheiro já esta forte, eu sinto muito pelo Moisés, mas nesse momento ele não passa de um cadáver em decomposição.
D: Eu vou pegar algumas coisas que talvez possamos usar.
Derik tinha achado um transmissor que talvez pudesse ser útil mais para frente, as suas malas, o kit de primeiros socorros e mais nada, infelizmente não podiam esperar mais nada mesmo, não seria como no filme “Naufrágio” onde o mar ficava mandando a toda hora uma ajudinha em pacotes do Sedex.
Ana ainda estava sentada no chão enquanto Derik pegava as coisas.
D: Ow, não vai ajudar não?
A:...
D: Ana!
A: O que foi?
D: Vem me ajudar!
Ana não conseguia se levantar, estava fraca, mas não queria que Derik percebesse. Mas ele nem percebeu mesmo, tanto não percebeu que começou a falar que ela estava uma folgada.
D: É, pelo visto você já esta melhor.
A: O que você está querendo dizer? Que eu sou uma inútil é isso?
D: Ah Meu Deus, mulheres! Eu não disse isso.
A: Mas foi o que você quis dizer.
D: Eu quis dizer o que eu disse, pare de paranoia.
A: E quer saber, você não esta fazendo mais que a sua obrigação.
D: O que?
A: Por sua culpa nós estamos aqui nesse fim de mundo.
D: Minha culpa? Você que ficou histérica e assustou o piloto!
A: Eu? Você que disse para ele que tinha alguma coisa errada mesmo ele dizendo que estava com tudo no controle.
D: Vamos parar com isso? Não vamos chegar a lugar nenhum com isso, já caímos mesmo já estamos todos ferrados, então da na mesma.
A: É... Você esta certo.
D: Então vem me ajudar aqui.
Ana ficou em silencio.
D: Ana?
Ela mexeu no cabelo e virou a cabeça. Ele começou a se aproximar.
D: O que está acontecendo? Desde quando acordamos você não levantou daí, tá doendo alguma coisa?(Parado agora em frente a ela)
A: Eu não consigo levantar. (disse quase como um sussurro)
D: O que?
A: Eu não consigo levantar Derik.
D: (rindo)
A:...
D: Sério isso mesmo?
Ana fez que sim com a cabeça.
D: Mas... Ana?
A: Humm?
D: Você comeu alguma coisa nesses dois dias?
A: Uma barrinha de cereal.
D: Minha nossa Ana, não é a toa que você desmaiou, e água?
A: A última foi dez minutos antes da nossa apresentação.
D: Espera...
Derik saiu e pegou duas mangas que estava a essa altura em uma das malas
D: Aqui (entregando as duas ultimas a ela) coma!
A: Onde achou isso?
D: Encontrei quando estava subindo para a colina, e alguns metros da praia tem um riacho, um lago sei lá o que é, mas a água é doce.
A: Água? Que maravilha.

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