Murilo a contemplar, ela deu um beijo longo, olharam-se
nos olhos, testa colada a testa e ao mesmo tempo falaram:
“Eu te amo”.
Aquilo fez escorrer lágrimas de ambos, mas não de
tristeza e sim de felicidade. Ela sorrindo deitou-se novamente na grama e ele
completamente realizado com o momento encaixou novamente entre as pernas. Laura
se contorcia, gemia baixo, aproveitava cada segundo, como Murilo também estava
aproveitando. Os pingos de água naquele momento pareciam desaparecer em seus
corpos. Ele já não os sentia, e ela o mesmo. Estavam os dois no meio de um
universo de sensações deliciosas.
Encaixaram-se perfeitamente como que se realmente fossem
um para o outro. Ele a invadia de forma leve, cadenciada e ela rebolava junto,
para sentir aquela investida nela.
O amor se traduzia naquela cena. Ela o envolvendo com as
pernas e rebolando em seu colo.
Abraçados... Laura debruçava com a cabeça em seu ombro e
beijava seu pescoço. Murilo via as gotas de chuva escorrendo pelo rosto dela,
pingando nos seus seios que estavam colados ao seu peito. Aquilo estava tão
forte que não aguentavam mais e ao mesmo tempo, se apertaram forte e chegaram
ao limite do prazer.
Ficaram ali se encarando, aproveitando o momento tão
delicioso que proporcionaram. Os corações batiam forte. As caras de desejo logo
se transformavam em sorrisos por perceber o que tinham aprontado. Abraçaram-se
novamente:
M: Te amo Laura. Nunca vou te deixar. Jamais e você? Também
me ama?
L: Se eu te amo? É claro que eu te amo, eu vou te amar a
minha vida toda.
Aquelas juras de amor enchiam o peito de Murilo de
alegria. Vestiram-se com aquelas roupas encharcadas mesmo e foram para o carro.
Felizes da vida e pouco se preocupando com o fato de molhar o carro inteiro,
iniciaram a volta para casa.
Logo depois de pouco tempo de estrada, um clarão.
ENFº:Ele esta bem, só está desmaiado, leve-o pra ambulância
e faça os curativos, fratura exposta no braço.
ENF º:A paciente está morrendo?!
ENFª:Adrenalina! Preciso de adrenalina!
ENFº:Não, faz só a massagem cardíaca, ela bateu a cabeça
mas a pressão está bem, a velocidade da respiração está diferente, mas não está
parando.
ENF°:Vamos lá! Três, dois, um, vai!
ENFº Vamos Laura! Abra os olhos!
ENFª:Graças a Deus, ela abriu os olhos.
Luzes passavam pela frente, mas Laura não identificava o
que era. Depois disso tudo ela apagou de vez e se encontrou dentro de um
hospital.
L:Nossa, quantos dias eu fiquei aqui?
ENFª:É a primeira vez que abre os olhos depois de duas
semanas.
Laura olhou para os dedos e viu a aliança. Tirou e viu o
nome Murilo. Desorientada, levantou-se, sem rumo e partiu a procurar alguém conhecido
no hospital, mas sem sucesso. Desesperada, sem conseguir pensar direito, acabou
saindo de lá. Perguntava a todos lá dentro se a conheciam. Sem sucesso e apenas
se lembrando de alguns fleches que não ajudavam muito.
C:Drª Laura? Minha Nossa Senhora, o que a doutora tá
fazendo aqui fora e de pé? Precisa de repouso. (preocupada)
L:Carla? Onde eu estou? Cadê o Sr°Paulo? Ele está com
você?
C:Drª Laura... Está tudo bem?
L:Está, porque tá tão calor aqui em Londres? Aconteceu
alguma coisa?
C: A Doutora não se lembra de nada?
L:Do que?
C:Vem cá, vamos voltar pro seu quarto eu vou te explicar.
L:Está bem. (confusa)
Assim que Carla entrou com Laura no quarto encontrou
todos os enfermeiros e médicos aflitos, afinal Laura sofreu um acidente grave,
ficou em coma por duas semanas, não podia ter saído daquele jeito.
Médico: Dona Laura, foi muita imprudência sair assim, não
faça mais isso.
L: O que tá acontecendo Carla? Porque estão me tratando
assim? O que eu estou fazendo aqui?
C:Doutor, ela acordou assim, não se lembra de nada do
acidente, na verdade ela está bem estranha.
Médico: Dona Laura sente-se aqui.
Laura obedeceu...
Médico: Qual é a ultima coisa de que você se lembra?
L: Eu me lembro de ter saído da empresa e estar voltando
pra casa. Na verdade não posso me demorar, o Srº Paulo não toma direito os
remédios se eu não ficar em cima.
C:Drª Laura!(chamou a atenção, já com os olhos cheios de
lágrimas)
L: O que?
C: Não estamos em Londres, estamos em São Paulo no
Brasil.
L: Mas por quê?
O Médico fez mais alguns pequenos exames e chegou a uma
conclusão.
Carla foi para fora do quarto e foi logo ao ponto.
C: E aí Doutor?
Medico: Pelos pequenos exames, tudo indica que ela perdeu
parte da memória, pelo jeito não se lembra de absolutamente nada que aconteceu
depois que ela veio pro Brasil.
Isso pode ser amnésia lacunar ou até mesmo uma amnésia
traumática. A desaceleração no momento da colisão faz com que o cérebro seja
jogado violentamente para frente e para trás e se choque com a parte óssea da
cabeça.
Por fim, há o efeito psicoemocional, no qual o cérebro,
por meio de uma espécie de mecanismo de defesa, bloqueia as lembranças
relacionadas ao trauma.
Nesses casos a pessoa pode não se lembrar do seu melhor
amigo e se lembrar do guardador de carros do shopping que ela vai uma vez por
mês.
“O emocional pesa muito nesses casos. Relembrar o evento
gera culpa e angústia e por isso, o cérebro cria uma autoproteção”
C: Ai meu Deus, isso é mal. (já pensando em Lucas e
Murilo)
Murilo tinha ido a casa buscar algumas coisas para ficar
com Laura, ele não havia ficado um dia se quer longe dela. Qual seria a reação
de Laura quando visse o amor da sua vida, depois de tudo que enfrentaram pra
ficarem juntos?
Carla ficou pensativa, não conseguia falar com Lucas,
como Laura ficou duas semanas apagada, Lucas fez tudo para segurar as pontas
tanto na Flexystens como na Drumonnd.
Assim que Murilo abriu a porta do quarto e viu Laura
sentada no sofá lendo, ele não aguentou e saiu em disparada.
M:Amor, você acordou? Como você se sente? Quando foi
isso? Eu fiquei tão preocupado, não sei o que faria se você não acordasse mais,
não sei o que faria se não pudesse mais ver esses olhos verdes.
E nisso foi indo em direção a Laura e ela ficou quieta,
Murilo estranhou.
M:Laura meu amor, você está se sentindo bem?
L:Me desculpe, mas quem é você?
Murilo não conseguia acreditar no que acabara de ouvir.
M:Amor? Você tá brincando? Isso não tem graça. (Já
desesperado)
L:Me desculpe moço, acho que você deve estar me
confundindo com alguém eu realmente não sei...
Quando Murilo foi tocá-la, Carla chegou seguro o Murilo
pelo braço e foi puxando pra fora do quarto.
C: Licença Drª Laura, já volto pra conversar com a
senhora, venha comigo Drº Murilo, vou explicar tudo.
Laura ficou ali sem entender nada, o que estava fazendo
ali? Quem era aquele homem? Porque ela estava no Brasil? Onde estava o Lucas?
Duas coisas chamaram a sua atenção, Murilo era o nome que
estava na aliança em sua mão e Carla o chamou de Drº, ela só chamava ela e o
Sr° Paulo assim, mas tudo bem, isso era o de menos perto de tudo que Laura
ainda queria saber.
No lado de fora do quarto.
M:O que tá acontecendo Carlinha? É alguma brincadeirinha
da Laura?
C:Dr° Murilo teremos que ter muita paciência e calma
agora.
M:Fala logo Carla, você tá me deixando nervoso.
C:Ela perdeu a memória!
M:O que? Como assim? Explica direito!
C:Dr° Murilo, percebeu que ela ficou muito tempo
desacordada e não teve nenhum machucado? O senhor mesmo praticamente nem se
machucou.
M:Sei sei, mas e aí?
C:Ela bateu a cabeça muito forte, então parece que alguma
coisa emocional dela tá meio que fazendo uma auto proteção, mais ou menos isso
que o Dr° me explicou.
M:Ela não se lembra de mim?
C:Drº Murilo, eu
sinto muito, mas o médico disse que ainda não da pra saber ao certo como ficou
a memória dela, se ela só não lembra das coisas do acidente, ou de tudo que
aconteceu depois da vinda dela pro Brasil, mas só do Brasil acho que não é.
M:Porque?
C:Ela acha que o Drº Paulo ainda está vivo, que ela ainda
está em Londres.
M:O médico não disse se isso é temporário, uma coisa pós
traumática?
C:Ele disse que cada caso é um caso, só com o tempo pra
ver.
M:Eu não acredito, eu não posso acreditar.
C:Deus existe Drº Murilo, vai dar tudo certo.
M:E o Lucas? Já está sabendo disso, será que vai
reconhecê-lo?
C:Não, ele ainda não sabe, não consigo falar com ele,
mais semana que vem ele já vai estar aqui e saberemos, vou esperar ela ir
dizendo as coisas, para vermos até onde ela lembra.
M:Droga, droga.
C:Acho melhor ir
descansar Dr° Murilo.
M:Não, eu não saio do lado da minha mulher.
C:Dr° Murilo, eu sei que não deve estar sendo fácil, mas
pensa comigo, a Drª Laura acabou de acordar, se está confuso pra nós, imagina
pra ela, vamos ao seu tempo.
M:É demais pra mim.
C:Pense nisso, isso pode até assustá-la.
M:Nós tínhamos ficado noivos.
C:Meu Deus...(Com as mão na boca)
Carla deu um abraço em Murilo.
C:Tudo vai ficar bem, o senhor se acalma, isso que vocês
tem é muito lindo pra ela não se lembrar e é muito recente também.
M:Talvez seja o melhor a ser feito mesmo. Me mantenha
informado Carla, de tudo! O certo é você ficar com ela no apartamento. Sei que
talvez seja pedir demais , mas já que eu não posso, e o Lucas não esta aí.
C:Pode deixar, eu vou sim.
Murilo foi até sua casa, estava arrasado. Podia esperar
tanta coisa dessa espera infinita do despertar de Laura mas jamais que ela não
iria se lembrar dele, agora só restava esperar, esperar e rezar pra que tudo
voltasse ao normal.