Bom, não ia na casa de Carlos, até porque ele o ameaçava,
não necessariamente ele, mas Laura e isso o deixava muito mais desfavorável.
E isso deixava Murilo desesperado, eles podiam fazer
qualquer coisa, Laura confiava neles, morava com eles, sei lá, eles podiam
fazer qualquer coisa, um sonífero, uma bebida, uma comida, o próprio sono era
inseguro.
A mente de Murilo o pregava peças, as vezes esquecia a
situação atual em que estavam, chegava a sala de Laura a chamando de amor, ao
se despedir a boca ia em direção a dela e entre outras coisas.
Laura sentou-se em sua frente e as palavras de Murilo não
saiam, não conseguia dizer nada.
L:Sr°Murilo?
...
L:Sr° Murilo!!!
M:Me desculpe!
Murilo acordou de seus pensamentos apresentou os
relatórios, mas logo foi tomado pelas lembranças novamente, caramba, a vontade
que tinha era de dar um beijão em Laura, matar aquela saudade que estava
matando-o.
Será que depois de um beijo Laura não lembraria dele,
porque não? Como nos contos de fadas, onde depois de um beijo do príncipe a
princesa desperta de um sono profundo.
Não custava nada tentar, era uma possibilidade. Não tinha
nada a perder nessa altura mesmo.
Se Laura não fosse tua, se casasse com Carlos, ele não
tinha mais motivos pra viver.
L:Está perfeito Sr° Murilo, esperado de você mesmo, está
incrível.
M:Obrigado.
L:Bom, então agora preciso voltar pra minha sala, preciso
incluir esses relatórios nos documentos
que vou apresentar na reunião. Muito, muito obrigada mesmo.
M:Imagina.
L:Então até.
M:Laura espera!
L:O que?
Murilo estava louco...
E se o príncipe beijasse a princesa? Isso não saía da
cabeça dele, ele deu a volta na mesa e parou em frente a ela.
M:Posso te dar um abraço?
L: Pode, eu acho. (Meio sem entender)
Murilo nem a esperou terminar a frase, foi logo e deu o
abraço. Foi como um choque de temperatura, apertou tão forte Laura, que
conseguia sentir as batidas do seu coração, que estavam normais, ao contrário
do dele, que estava muito acelerada, como um peixe fora da água.
Está muito doloroso, estar tão perto e ao mesmo tempo tão
longe. Aquele perfume doce impregnando o seu nariz. Os olhos, eles eram como
uma arma apontada pra Murilo apenas esperando pra apertar o gatilho.
Aqueles olhos verdes que enlouqueciam Murilo, aqueles
olhos que o deixavam maluco, os olhos que via antes de dormir e quando
acordava, quando estavam em publico se comunicavam por eles. Sabia todos os
sentimentos e palavras dela através deles.
Doía tanto, mas tanto, que Murilo não conseguiu se
conter, a segurou nos cabelos e na cintura e deu um beijo que Laura tomou um
susto, ele não esquivou e pra sua surpresa nem ela, os lábios se encaixaram,
como se fossem um só, Laura sentia um sentimento de reencontro, já Murilo,
sentiu dor, saudade, amor, desejo, uma mistura que não sabia decifrar ao certo.
Laura o segurou nos ombros e delicadamente o afastou.
Murilo teve certeza que agora ela tinha lembrado dele,
era o que faltava, o beijo, eles nasceram pra ser um do outro, como se fossem
alma gêmea, era isso que faltava o encontro dos lábios, sim, como num conto de
fadas. O pesadelo em fim acabara.
M:E agora meu amor? Lembrou?
L:Murilo!
M:Sim?(feliz como nunca)
L:Você está louco? Acho que você esqueceu.
M:Eu?
L: Esqueceu que sou noiva? Esqueceu que não te dei essa
liberdade? Esqueceu da sua educação?
M:Laura? (triste)
L:Olha Srº Murilo...
M:Me desculpe! Me desculpe Laura, eu não sei o que passou
ela minha cabeça, foi por impulso, talvez seja o stress.
L:Olha, eu não me lembro de você, não lembro até que
ponto tínhamos uma certa liberdade, mas sei que eu te aprovei, eu subi você de
cargo e eu te dei total autonomia aqui na empresa. Por conta disso, vou fingir
que isso não aconteceu tudo bem?
M:Muito obrigado Laura. Prometo que isso jamais ira se
repetir.
L:Agora se me dá licença, preciso voltar pra minha sala.
Murilo não acreditava, um beijo, o beijo não funcionou, o que ia acontecer?
Ele não tinha mais o que fazer a não ser amá-la em silêncio e torcer pra que
sua memória voltasse ou o Lucas voltasse e rezar para que não fosse tarde
demais.
Laura saiu da sala de Murilo até meio atordoada , não
lembrava mesmo de Murilo, do que viveram, mas a sensação que teve após o beijo foi
de reencontro, como se sua boca conhecesse a dele, os movimentos certos e não
um movimento padrão de beijo, a sua boca sabia a intensidade e o movimento
necessário pra aquela boca.
E agora? Quando em fim Laura iria se lembrar? Iria se
lembrar? E Lucas ande estava?
Dois meses após ao acidente de Laura.
Na sala da casa de Carlos.
C:Oi Amor, já em casa?
L:É, não estava me sentindo muito bem.
C:Sabe o que é isso?
L:Hum?
C:Excesso de trabalho.
L:E o meu futuro marido esta preocupado comigo?
C:Amor eu te amo, é claro que me preocupo com você.
L:Que bonitinho. (rindo)
C:Por isso que tenho duas novidades pra você!
L:É? E quais são?
C:Trouxe esses documento pra você!
L:O que é?
C:A data do nosso casamento!
L:Serio? Que bom, não vejo a hora! Quando?
C: Pra quando eu previ mesmo. (sorrindo)
L:Nossa, você realmente conseguiu pra daqui há um mês,
será que vai dar tempo de preparar tudo?
C:Vai sim amor, mas pra garantir isso olha só o que meu
advogado preparou!
L:E isso é o que?
C:Uma procuração! Pra que eu possa te substituir nas
reuniões, em tudo, posso fazer tudo por você!
L:Porque? (meio surpresa)
C:Pra te ajudar, você está trabalhando de mais, não
aceita a ajuda de ninguém, mas se eu cuidar de tudo pra você, não terá mais com
o que se preocupar.
L:Mas o Murilo já cuida disso, ele já me representa e faz
isso muito bem.
C:Então você prefere ele do que eu?
L:Não, não é isso, o que eu quero dizer, é que não estou
sobrecarregada.
C:Amor, você está sim, você chega em casa e mal fala
comigo. Vai direto pro quarto.
L:Está bem.
C:Toma aqui.(entregando-a caneta)
L:Eu vou ler primeiro.
C:Claro.(com raiva)
Laura deu um beijo nele.
L:Vou subir, prometo que irei ler com carinho.
C:Não vai jantar?
L:Não. Hoje estou sem fome.
Laura era da Drumonnd pro quarto. O que ninguém sabia é que
ela chorava, chorava a noite toda no quarto. Jamais imaginara que Lucas
morreria antes dela. Na verdade se sentia muito sozinha, alguma coisa dizia que
algo estava errado, algo estava faltando.
Chorava todos os dias com a falta do colo de Lucas, das
conversas, das risadas, de tudo. Mas iria superar e iria se lembrar de todo o
acidente.
O que ela não sabia, era da tremenda armadilha que estava
armada sobre seus pés.
A noite no quarto de Laura.
Laura estava deitada lendo em sua cama, não sabia
explicar mas estava com dificuldades para dormir, ficava lendo e quando Carlos
chegava pra dormir, ela apagava a luz e ficava ali, quietinha, perdida em seus
pensamentos.
C.D:Acordada ainda amor?
L:Estou sem sono.
C.D:Tive uma ideia pra fazermos
L:É? E posso saber qual?
C.D:Claro, na verdade eu vou te mostrar.
Carlos foi em direção a Laura na cama, ficou de joelhos a
sua frente, foi chegando, chegando e logo a tomou nos braços com um beijo.
C.D:Entendeu a minha ideia?
L:Entendi, você está sendo bem especifico
Carlos desabotoou a blusa de Laura bem de vagar, ele a
beijava o pescoço, as mãos dançavam em seu corpo, ele foi descendo, descendo e
abaixou o zíper da saia dela e começou a beija-la com impaciência, ao mesmo
tempo mexendo nos cabelos dela, Carlos a apertava contra ele, como se ela fosse
um peixe escorregadio. Não via a hora de possuí-la, Pamela não iria saber mesmo
e essa era a sua única chance.
C.D:Amor, senti tanta vontade de ter você.
Laura deu um sorriso, mas alguma coisa nela estava a
segurando.
L:Acho melhor não Carlos.
C.D:Porque? (a puxando para si)Eu sei que você quer.
L:Eu não estou bem, desculpa.
C.D:Podemos ir com calma, eu tenho paciência.
L:Não, estou cansada e não consigo.
C.D:Está bem, como você quiser.
Saiu bravo, que merda, era a oportunidade perfeita. Mas
Laura não estava afim, na verdade ela estava até com uma sensação ruim.
No dia seguinte Laura estava quase do mesmo jeito, na
dela, quieta, cansada, sem fome, chegou esse dia da Drumonnd e foi direto para
o quarto nem quis jantar...
P:Com licença?
L:Pode entrar
P:Oi Laurinha!