6° Confidências Parte2/ Por Você

O clima realmente estava ficando mais carregado do que o necessário.

V:Calma, vamos nos acalmar, Otávio, eu entendo você, eu sei o quanto você deseja ficar com elas, mas você não pode simplesmente levá-las, Lívia deve estar amamentando ainda.

L:A guarda delas é minha! (nervosa)

Lívia começou a chorar descontroladamente, não suportaria.

L:Não, eu não vou aguentar, eu já sofri tanto esse tempo longe de você, a única coisa que conseguiam me manter nesse mundo eram as minhas filhas.

O:Não, mas...

L:Os olhos... (chorando) Me lembravam você.

Otávio ficou intacto, não era isso.

V:Otávio, por favor eu não vou tomar partido algum mas...

O:Não vou brigar pela guarda delas, não podemos nem discutir o quanto você é uma ótima mãe. Eu só não quero aquele homem perto delas.

L:Ele não vai, eu vou conversar com ele, eu vou voltar para o Rio de Janeiro.

O:E enquanto isso eu fico sem vê-las?

V:Só alguns...

O:Não! Eu não aceito.

Lívia olhava para Vivian, sabia que a amiga entenderia.

V:Dorme aqui então.

L:Oque?

O:Ótimo, amanhã voltamos todos para o Rio de Janeiro. A primeira coisa que irei fazer será registrá-las.

L:Eu... Eu preciso arrumar algumas coisas antes de voltar.

O:Arrumar o que?

L:Eu preciso arrumar um lugar para ficar.

V:Você pode ficar na minha casa, sem problemas.

O:De jeito nenhum, vocês vão ficar em Ipanema, na nossa casa.

Lívia não entendia o que Otávio queria, ele havia acabado de brigar com ela e agora a quer debaixo do mesmo teto?

Vivian não entendia mais nada.

V:Bom, eu só sugeri porque achei que ...

O:Minhas filhas não irão pagar por um erro da mãe delas.

L:Mas você só pode estar...

O:Além do mais, a casa também é sua Lívia, eu só quero que as minhas filhas tenham tudo do bom e do melhor e do meu lado.

É, seria uma longa noite para todos, principalmente para Lívia.

Se Otávio iria ficar, todos também iriam. Afinal haviam vindo juntos, assim que Luiz chegou ficou a par de todos os acontecimentos, queria brigar com Otávio, não somente pelo fato dele não perceber as coisas obvias em seu redor, mas pelo fato de que esse temperamento forte e orgulhoso simplesmente fez com que o escritório do Rio de Janeiro ficasse fechado por dois dias.

A Tarde passou muito rápido, Lívia havia acertado a mudança para o dia seguinte, não havia muitas coisas, afinal iria se livrar dos móveis de qualquer maneira.

Vivian conversou muito com ela, havia explicado o quanto Otávio havia sofrido esses meses todos, que aquilo iria passar, foi apenas um mal entendido.

Algum tempo depois Lívia estava no quarto com Julia.

J:Mãe, eu disse que o seu Otávio estava te procurando pra ficarmos todos juntos.

L:É, parece que sim (triste)

J:Mas aquele homem estragou tudo.

L:Não fale assim do Fernando, Julia, ele não fez nada, isso tudo está acontecendo porque o Otávio é um cabeça dura.

J:Mas se ele não estivesse aqui isso não teria acontecido.

L:Julia, você lembra como foi quando as suas irmãs decidiram nascer, não lembra?

J:Lembro.

L:Sabe que se não fosse pelo Fernando o pior poderia ter acontecido.

Julia ficou em silêncio, realmente, quando sua mãe havia entrado em trabalho de parto ele foi quem segurou a barra, Julia havia entrado em desespero, afinal a cesariana já estava marcada, ninguém esperava um parto normal.

J:E agora, mãe?

L:Agora a senhorita vai dormir porque amanhã iremos voltar para o Rio de Janeiro.

J:...

L:E cada um seguirá com a sua vida. (triste)

J:Mãe, a senhora não vai fazer nada? Não vai tentar provar para o seu Otávio que ele está errado?

L:Não, eu cansei. Ele que acredite no que ele quiser.

J:Mas mãe... (foi interrompida)

L:E chega desse assunto, filha. Preciso descansar, hoje foi um longo dia e amanhã provavelmente será igual.

Julia percebeu que a sua mãe estava com aparência abatida. Precisava ficar sozinha.

J:Tudo bem, mãe. Vai ficar tudo bem (acariciando o rosto de Lívia)

Lívia beijou a mão da filha e deixou o quarto.

Julia dormiu pensando em como poderia ajudar sua mãe, como poderia ajudar todo mundo.

A casa já entrava em um absoluto silêncio, todos já estavam acomodados em seus devidos aposentos, exceto Otávio, e Lívia sabia onde ele estava.

O quarto de Lívia era ao lado e ela como sempre foi vê-las antes de deitar.

Ele estava entre os berços, apenas olhava abobado para elas.

Lívia aproximou-se da pequena Pérola e a pegou.

O:Porque? Ela já havia pegado no sono.

Lívia ajeitou Pérola que apenas resmungou um pouco, mas logo dormiu novamente.

L:Elas devem sempre dormir com a barriguinha para cima. (olhando para a filha)

O:Ah. (meio constrangido)

L:Você pode dormir, viajou praticamente o dia inteiro, o quarto ao lado é o seu.

O:Perfeitamente.

Ele deixou o quarto com certo cuidado, se pudesse ele passaria a noite junto com elas.

Otávio entrou no quarto ao lado, porém entrara no quarto errado, o perfume logo o embriagou.

O:Lívia...

Sim, sem duvidas era o quarto dela.

Não sabia o porquê, mas não saiu de imediato, como se algo o prendesse ali.

Em cima da cama estava a camisola dela. Ele não conseguiu se conter e aproximou-se da mesma, pegou e levou até o rosto, respirou fundo.

Como era bom o cheiro da sua amada. Mas quando lembrava que ela estava com outro logo voltou em si, deixou ali mesmo em cima da cama.

Antes de sair ele respirou fundo, como se pudesse guardar um pouco daquele perfume em seu pulmão.

Assim que foi sair, Lívia abriu a porta.

L:Otávio?

O:Errei de quarto. (saindo sem olhá-la nos olhos)

L:Tudo bem, eu não especifiquei, devia ter dito”ao lado esquerdo”.

O:Claro. Com licença (saindo)

Lívia fechou a porta e pensava com ela. Por quê? A sua maior preocupação sempre foi não ser perdoada por Otávio e hoje essa preocupação não era nada demais e mesmo assim não estavam juntos.

Ela colocou a camisola e estava indo em direção ao abajur para enfim tentar passar aquela noite, mas foi interrompida. Alguém batia em sua porta.

Ela abriu e ele estava lá, os olhos já estavam diferentes, doces e com certeza dizendo mil coisas.

O: Eu ainda te amo, Lívia. Eu não consigo ficar sem você, acho que estou sufocando.