E
assim se passou o fim de semana, pra Otávio ele havia parado dentro daquele
carro naquele dia de sábado.
Era
segunda-feira.
Lívia
como sempre continuou sua rotina, mas volta e meia pegava lembrando-se daquele
beijo.
Naquele
dia em especial, deixou o casaco dele em seu carro, porque ia até escritório
entregar a ele.
Iria
antes do almoço.
Otavio
estava em seu escritório quando Luiz chegou.
L.F:Cara
preciso te falar um coisa.
O:Luiz,
Bom dia pra você também, tava ansioso pra você chegar logo, preciso te contar
um a coisa.
L.F:Calma,
antes tenho que te falar de um relatório que chegou hoje de manhã.
O:Não,
antes eu preciso te contar uma coisa.
L.F:O
que foi meu Cristo? (rindo)
O:O
jantar de ontem
L.F:Nossa
tinha até esquecido completamente. Como foi?
O:Eu
a beijei! Beijei mesmo e fui correspondido.
L.F:Nossa,
que progresso Otávio, me diz por favor que a iniciativa foi sua.
O:Claro
que foi. (sorrindo)
L.F:E
aí? O que ela disse?
O:Nada!
L.F:Como
assim nada? Nada tipo nada mesmo? (assustado)
O:Ela
parou o beijo e eu abri a boca pra pedir desculpas, mas ela não me deixou, saiu
do carro e disse que foi a melhor noite da vida dela.
L.F:Nossa,
isso explica a sua cara de bobo.
O:É
só uma questão de tempo, eu sei que eu posso conquistá-la.
L.F:Então
cara, é isso que eu vim falar pra você.
O:O
que?
L.F:Precisamos
ir na filial dos nossos escritórios em São Paulo!
O:Sei
e o que tem?
L.F:E
daí, que vamos ficar lá um mês.
O:O
que? Um mês?
L.F:Nossa...
O:Não,
um mês não, eu não posso ficar um mês longe, fora que ainda tô com o caso da
Lívia, a qualquer momento eles podem marcar o Julgamento.
L.F:Otavio,
o nosso escritório de lá, recebeu um proposta pra abrir uma filial na
Califórnia.
O:O
que?
L.F:Sério,
por isso tem que ser os dois.
O:
Cara e porque um mês?
L.F:porque
os advogados que querem a nossa parceria, pediram muita coisa, e por isso
precisamos desse um mês em São Paulo que é onde fica a nossa matriz.
O:Bom
o único lado ruim disso é a Lívia, mais isso é perfeito, uma parceria com um
escritório de Advocacia na Califórnia, até onde está indo o nosso prestigio ein
meu amigo.
L.F:É,
eu ainda não consigo acreditar.
Otávio
começou a rir.
L.F:O
bom é que só vamos daqui a um mês. Que é quando vai dar o tempo certo de nos
encontrarmos com eles lá.
O:Nossa...
Estamos ficando importante meu caro.
L.F:Qualquer
mudança no caso da Lívia, você será comunicado. Afinal você ainda não é
namorado dela e sim advogado.
O:Se
conseguíssemos encontrar aquele Fernando que era amante dela, poderíamos ter
avançado muito no caso dela.
L.F:Ele
sumiu do mapa mesmo?
O:Sim,
Lívia disse até que havia contratado um detetive mas que o mesmo encontrou
pistas de que ele saiu do país.
L.F:Isso
é quase uma confissão do crime.
O:É.
L.F:
E que argumentos você vai fazer pra provar a inocência dela?
O:Lívia
tem marcas no corpo, foi feito corpo de delito e foi encontrado as digitais do
marido. Mas tinha outra digital. E a mesma também estava no corpo do marido.
L.F:Mas
os assaltantes não usavam luvas?
O:Então,
isso me intriga, uma coisa se pode ter certeza, naquele dia havia mais alguém
naquela casa além dela do marido e a filha.
L.F:Isso
ainda não bate.
O:A
menina confirma, que o pai desceu primeiro e a mãe ficou com ela por muitos
minutos. A tesoura que Lívia disse que pegou, também estava na sala caída.
L.F:Mais
outra coisa Otávio, em pleno o século XXI, os assaltantes tinhas aparelhos de
mudar a voz, e não tinham uma arma?
O:Muitas
coisas me intrigam, mas eu vou provar a inocência dela, eu acredito nela, isso
é o que importa.
L.F:Isso
vai ser difícil Otávio, você conseguiu um habeas corpus e isso já é um grande progresso,
porque ela foi pressa em flagrante.
O:.
Mas o pouco do que ela contou e foi batendo foi a favor no caso dela. Então
ajudou.
L.F:Boa
Sorte.
Já havia se passado quase duas horas que
estavam conversando.
O
interfone toca.
O:Sim
Monica? Lívia Portegas? Pode, pode sim. Obrigado.
L.F:O
que foi?(curioso)
O:A
Lívia, ela ta ai! Meu amigo, depois nós conversamos. Vamos saindo. (já
expulsando o amigo da sala)
L.F:Nossa,
é assim então? Quando é pra eu ajudar eu sirvo, agora nem pra ver minha futura
cunhada você não vai deixar?(enquanto está sendo empurrado)
Quando
chegaram em frente a porta, Lívia bateu.
Luiz
olhou pra Otávio e começou a rir.
O:Dessa
vez você ganhou.
L.F:Eu
sei.
Otávio
abriu a porta.
O:Oi
Lívia.(sorrindo)
Lívia
olhou e estava Luiz e ele com uma cara de paisagem olhando pra ela.
L:Eu
cheguei em uma má hora?
O:Não,
entra aqui, o Luiz já estava de saída, não é Luiz?
L.F:É,
mas não vai nem me apresentar?
O:Ah
sim, que descuido meu (como ainda estava com as mãos no braço dele, aproveitou
e apertou, pra lembra-lo de sair dali)Lívia, esse é Luiz Felipe Fontes, meu
amigo e sócio.
L.F:Oi,
Lívia!(a cumprimentando com um aperto de mão e um beijo)
L:Prazer.(o
cumprimentando)
L.F:
Nossa você é muito parecida com uma irmã que tenho em Sorocaba, foi à única que
teve a sorte de nascer com os olhos verdes. (sorrindo)
Lívia
sorriu docemente
L.F:O
Otávio fala muito de você.
O:Então
tchau Luiz.
L.F:Tchau.
E
assim Otávio fechou a porta e conduziu Lívia até o sofá que ficava em seu
escritório.
L:
Otávio, eu não quero te atrapalhar, só vim te entregar isso!(e entregou o
paletó)
O:Nossa,
nem havia me lembrado.
L:Então,
naquela correria toda, também nem me dei conta que eu estava quente, digo que
não estava mais com frio(meio sem jeito)
O:A
sim. (rindo)
Lívia
riu também.
O:E
como você está?
L:Eu
estou bem. Graças a Deus. (sorrindo)
Ficaram
em silêncio por alguns minutos. Era inevitável não se lembrar do beijo.
L:Otávio
eu...
O:Lívia
eu...
Falaram
juntos e então começaram a rir.
L:Fala
você primeiro.
O:Não,
pode falar você.
L:Bom,
então... Otávio, eu queria dizer que sobre o que aconteceu ontem... Acho melhor
esquecermos. Vai ser melhor. Acho que foi o Vinho não é? (disse isso com a voz
meio falhando, como que se estivesse com vergonha de dizer sobre o beijo).
O:Vinho...
É... Vinho (meio desapontado)
L:A
noite que passei foi maravilhosa (e ficou olhando pra ele por alguns segundos
sem nada falar depois como se tivesse a acordado , voltou a falar).
L:
Eu queria te pedir desculpas, porque acho que um pouco possa ter sido minha
culpa, eu também o beijei e talvez eu tenha de alguma forma te passado essa
impressão e...
O:Não,
não Lívia, de jeito nenhum a culpa é sua, eu te beijei e peço desculpas por
isso, foi um impulso, como você mesma
disse, talvez tenha sido o Vinho ...(se segurando pra não beija-la novamente)
L:É...
O vinho... (também um pouco chateada)
Lívia
estava enlouquecendo com ela mesma. Queria dizer uma coisa e dizia outra,
queria demonstrar que gostou do beijo, mas não de uma forma tão atirada, acabou
fazendo completamente o oposto.
A
vontade que tinha era que Otávio dissesse que não se arrependeu e que a
beijaria mais mil vezes se ela deixasse.
Mas
o que ela esperava? Acabou de acabar com as esperanças dele.
Já
Otávio, já não entendia mais nada com nada.
L:Bom,
acho que eu já vou indo, vim mesmo só pra entregar o seu casaco. (sorrindo)
O:Já?
Não quer um café, um suco ou uma água?
L:Não,
obrigada mesmo, Otávio.
Otávio
a seguiu até a porta.
Mas
alguma coisa dizia que aquela visita não podia acabar com um simples tchau, no
fundo nem ela e nem ele queriam isso.
E
dessa vez o coração falou mais alto.
Ela
abriu a porta e virou pra se despedir, mas olhou pra ele com aqueles olhos
azuis gritando por ela e sem dizer mais nada, ela envolveu os braços dela no
pescoço dele e um beijo forte e desesperado aconteceu, ele com uma das mãos
empurrou a porta e prensou Lívia na mesma.
As
línguas se descobriam, era um beijo doce, com desejo, Otávio estava no céu,
muito diferente daquela noite, esse ele sentiu a entrega total de Lívia, uma
das mãos dele na costa dela, a outra em sua nuca já desfazendo o penteado
improvisado, o cheiro do cabelo caído sobre o ombro dela o fez aperta-la ainda
mais contra a porta.
Ela
separou as bocas e com aqueles olhos intensos, fitou profundamente Otávio,
olhar esse que o fez arrepiar, mas não esperou muito e a beijou novamente.
Era
forte demais o momento em si que estavam tendo.
E
sem um pingo de prudência, Otávio colocou a mão nos seios de Lívia, com isso
ele fez com que ela descansasse sua cabeça na porta, como se toda a força de
seu corpo tivesse ido embora.
Estavam
com a respiração acelerada, os beijos não paravam, e Otávio cada vez mais a
apertando contra a porta, sentia o coração dela acelerado.
Não
precisaria nem trancar, com a força que Otávio a apertava ali, ninguém iria
abrir, ninguém a não ser Luiz.
Estavam
aos beijos quando Luiz empurrou a porta e plaft...
Otávio
foi ao chão levando Lívia junto.
L.F:Nossa
mãe!(assustado) Desculpa. (segurando uma gargalhada assim que percebeu a
situação)
O:Lívia!
Você se machucou?
L:Não,
não...
L.F:Meu
Deus, deixa eu te ajudar.(estendendo a mão pra ela)
Lívia
se apoiou e levantou.
Assim
que estavam de pé, um olhou pra cara do outro e começaram a rir.
Aí
Luiz não aguentou mesmo, chegou a chorar de rir.
Mas
Lívia precisou ir.
Saiu
com o cabelo solto e um pouco bagunçado.
Assim
que ela saiu.
L.F:O-
QUE-FOI-ISSO? (rindo)
O:Eu
preciso falar alguma coisa?(sorrindo)
L.F:
Acho que você não precisa mais de aulas minhas. (rindo)
O:Talvez.
L.F:Olha
o seu estado Otávio. (rindo)
O:Foi
forte o negócio (fechando alguns botões que estavam abertos)
L.F:Nem
vou perguntar o que aconteceu, já posso ter um ideia.
O:É
meu amigo, estou progredindo.
L.F:Então
progride bem antes dessa viagem .
E
assim as semanas foram se passando, Lívia fugiu de todas as formas possíveis de
Otávio, estava numa briga consigo mesma, tinha praticamente aceitado que seu
sentimento por Otávio não era somente de gratidão.
Vivian
não tinha duvidas disso, desde o dia em que Lívia contou sobre o beijo que deu
em Otávio no dia em que foi devolver o casaco.
Fernando
também tinha viajado, havia ficado duas semanas fora e essa ausência dele
estava enlouquecendo Lívia. Fernando era como um vício pra ela, nem sabia
explicar o que sentia em relação a ele. Mas era forte.
Só
que agora, uma coisa mais forte queria tomar conta dela.
Algumas
semanas tinham se passado e o dia da viagem de Otávio se aproximava.
Ele
ligou pra Lívia avisando-a sobre a viajem, na esperança de que ela corresse pra
ele com um longo beijo e uma bela despedida.
Mas
isso não iria acontecer.
Já
era noite, tinham acabado de Jantar na mansão Andrade.
Estavam
sentadas na sala conversando Lívia e Vivian.
O
celular de Lívia toca...
No
telefone
O:Alô?
L:Oi
Otávio.
O:Oi
Lívia, tudo bem?
L:Sim...
Alguma novidade sobre o julgamento?
O:Não,
eu estou ligando pra avisar que vou precisar viajar e ficarei em São Paulo um
mês, mas quero que não se preocupe, ainda sim estou atento as novidades e
qualquer uma eu te aviso, está bem?
L:Um...
Mês?
O:É...(triste)
L:
E você vai quando?
O:Amanhã!
L:Bom...
Então boa viajem.
O:Sim,
obrigada... Se cuide.
L:Você
também.
Desligou...
V:O
que é um mês? (curiosa)
L:Otávio
vai viajar pra São Paulo, vai ficar um mês fora.
V:Nossa,
um mês é bastante não é?
L:É...
V:E
tudo bem pra você?
L:Pra
mim?
V:Lívia...
Por favor...
L:Claro
que não, eu vou morrer de saudade, a minha vontade é de ir correndo agora
naquele escritório e dizer pra ele o quanto eu o amo, o quanto ele se tornou
importante pra mim, o quanto esses meses naquele inferno foi suportável porque
ele estava sempre comigo. Acho que é isso.
V:Nossa,
que linda declaração de amor... Mas você tem que dizer isso pra ele.
L:Não
posso.
V:Não
pode porque?
L:Ele
é casado.
V:Que
se dane a mulher dele Lívia, tenho certeza que ele não a ama e só esta
esperando um sinal seu pra ele pedir o divorcio.
L:Vivian,
mas ele vai viajar amanhã.
V:E?
A noite é uma criança Lívia.
L:O
que eu faço? Não posso ir a casa dele agora.
V:Já
sei, vamos pedir uma ajudinha.
Vivian
pegou o celular e começou a discar.
V:Luiz?
Preciso da sua ajuda...
L.F:Vivian!
Claro pode falar.
Alguns
minutos depois.
Vivian
desliga o celular.
V:Viu?
Pronto.
L:Posso
saber o porque você tem o celular do Luiz?
V:Ué,
porque ele é amigo do advogado na minha amiga.
L:
Isso não foi uma boa resposta Vivian!(rindo)
V:Mas
chega de me encher de perguntas, vai se arrumar, você tem que chegar naquele
escritório antes dele.
E
assim Lívia fez.
Na
mansão Dreyar...
Otávio
estava terminando os últimos preparativos da viagem. E sua mulher ao lado
tagarelando.
M:Otávio,
não mente pra mim.
O:É
uma viagem a negócios mesmo Marta. Me deixa, já estou com a cabeça cheia.
M:Há
um mês essa viagem está marcada e agora que você vem me dizer isso?
O:Eu
já tinha dito pra você, mas como sempre você nunca presta atenção em mim.
M:Não
tenta me enrolar Otávio, você não disse.
O:Marta
você acredita no que você quiser, eu tenho coisas mais importantes a fazer.
Pegou
a mala e foi descendo as escadas, pra já deixar no carro.
M:Eu
ainda não acabei Otávio!(gritando em quanto o seguia)
O:Meu
Deus do céu, fala Marta, fala(já irritado parou em frente a ela na sala)
M:Porque
você ligou pra Lívia Strauss pra contar dessa viagem?
O:Porque
ela é minha cliente Marta, seria esse um bom motivo?(com ironia)
M:Não,
não é um bom motivo. Se eu descobrir que você está armando alguma viagem com
essa mulher, eu te mato Otávio, mato vocês dois.
O:Marta,
eu sinceramente não estou com cabeça pra essas suas crises. Tchau, vou dormir
no escritório.
M:Otávio,
não ouse sair daqui e me deixar falando sozinha.(gritando atrás dele)
Foi
inútil, ele colocou as malas no porta-malas do seu carro e foi ao escritório.
Alguns
minutos depois ele já estava em frente ao escritório.
Otávio
já foi entrando a procura de Luiz.
O
mesmo havia ligado pra Otávio pra dizer que precisavam de um documento
importante, mas que ele não havia encontrado e precisava que Otávio fosse
ajudá-lo.
Quando
chegou não tinha nada de diferente, estava tudo exatamente como deixou no fim
da tarde.
Mas
uma coisa o chamou a atenção.
Quando
se aproximou da sua mesa, em cima dela havia um lírio seco.
Duas
mãos delicadamente taparam seus olhos.
O:Esse
perfume... O único que consegue me alucinar.
Lívia
já estava sorrindo, mas sem emitir som algum. Ele delicadamente colocou as mãos
dele sobre a dela e a tirou de seus olhos, virou de frente pra ela e foi dizer
algo mais ela não deixou.
Com
as mãos na boca dele ela disse:
L:Eu
vim, porque eu preciso dizer que “eu te amo”, que eu te quero, que eu nunca
amei ninguém assim como eu estou te amando,e queria que você entendesse que...
(não conseguiu terminar a frase)
Otávio
já não a deixou nem mais guardar um suspiro de ar para mais uma palavra,
avançou na boca dela como um homem ao deserto numa garrafa de água gelada.
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