Confidências
Ele
estava eufórico, a mulher da sua vida estava pra em fim ser sua. Abençoados por
Deus.
Otávio
já estava posicionado em cima do altar...
O:
É ela... É ela... (com os olhos vidrados na limusine que parou em frente à
igreja)
Lívia
saiu da limusine, com uma das mãos segurava o longo vestido e com a outra o
buquê.
Ela
levantou a cabeça e o viu lindo, sorrindo pra ela, parecia um sonho, era o
homem da sua vida.
Feliz,
agora sim conhecia o significado dessa palavra.
L:
Te amo Otávio (falava baixinho pra si mesma)
E
começou a subir as escadas da entrada da igreja.
L:
Te amo mais que a mim mesma (com os olhos marejados)
E
subiu mais um pouco as escadas.
L:
Te amo... E por isso não posso me casar com você, meu amor... Me... Perdoa
(falando baixinho e chorando).
Otávio
não tirava os olhos dela.
Lívia
largou o buquê no chão e com as duas mãos ergueu o vestido e começou a voltar.
O:
Lívia? O que ela está fazendo? (nervoso)
V:
Ain não... (com a mão na boca)
O:
O que ela tá fazendo Vivian?(já descendo do altar)
Vivian
nada respondeu.
Ela
desceu as escadas o mais de pressa que conseguiu...
O:
Lívia! (gritando e correndo pelo corredor da igreja)
Lívia
deu sinal pra um táxi e entrou.
No
táxi...
L:
Desculpa meu amor (chorando) Desculpa (tirando a grinalda)
Tax:
Qual o destino?
L:
Ipanema.
Na
igreja...
O:
Não, não, porque ela fez isso comigo? Por quê? (chorando, sentado na escada da
igreja)
Vivian
se aproximou de Otávio e com um pequeno caderno o cutucou.
O:
O que é isso? (pegando-o na mão)
V:
A resposta desse ato.
Otávio
folhou o pequeno caderno.
V:
Na ultima pagina Otávio. (já voltando pra igreja pra anunciar o cancelamento da
cerimônia).
Com
lágrimas nos olhos Otávio pegou o caderno, entrou em seu carro, alguns minutos
depois chegou a sua casa.
Casa
essa que tinha Lívia presente em cada canto, em cada objeto, o cheiro. Jogou o
caderno em cima da mesa e sentou em frente a ele.
Estava
numa luta, lia ou não lia.
Há
dois anos...
Na
casa dos Strauss
L:
Eu sou inocente, eu sou inocente(Gritando)
J:
Mãe! Mãe!
L:
Filha! A mamãe vai sair de lá, vamos ficar juntas!
J:
Mãe! Não me deixa mãe!
V:
Lívia! (chegando a casa e já abraçando a Julia)
J:
Tia! (chorando)
L:
Cuida dela pra mim Vivian!(chorando enquanto entrava na viatura)
Aquela
foi uma cena que se a pequena Julia pudesse excluir da sua memória, ela
excluiria. Sua mãe Lívia, algemada com as mãos cheias de sangue, sendo levada a
força sem um pingo de delicadeza por policiais com cara de maus, sua mãe, sua
doce mãe presa.
P:
A menina vai pra uma casa pra menores.
V:
Não, ela é minha afilhada, eu tenho direito de ficar com ela até a mãe dela
voltar.
P:
A Senhora vê isso depois, no Conselho Tutelar, mas agora ela vai pra Casa de
menores.
J:
Tia! Não Tia! Eu quero ficar com a Senhora!Tia! (gritando em meio à lágrimas)
V:
Meu Anjo, a Tia vai te buscar, não chora!(Já chorando também)
E
assim colocaram Julia em outra viatura.
No
outro dia a primeira coisa que Vivian fez foi correr com a papelada pra ficar
com a guarda provisória de Julia.
Conseguiu
graças a Deus essa guarda provisória. Vivian chegou à casa de menores.
Assim
que Julia viu a Madrinha correu para os braços dela.
J:
Tia! Tia!
V:
Own meu anjinho, a Madrinha não disse que vinha te buscar? Hun?
J:
Disse, tia cadê a minha mãe?
V:
Sua mãe ainda não pode vir, primeiro vamos pra casa, tomar um banho, comer um
delicioso almoço que a madrinha fez pra você e depois eu te explico com calma o
porque tua mãe ainda não pode vir te buscar tá?
J:
Tá.
Assim
chegaram à casa de Vivian, localizada em Copacabana no Rio de Janeiro.
Vivian
era viúva, morava agora somente ela e seu filho Matheus na enorme mansão
Andrade.
Julia
fez todo o roteiro que Vivian havia dito e depois de tudo sentou pra conversar
com a afilhada.
V:
Julinha, presta bem atenção meu anjo, ontem na sua casa, ouve um assalto e nesse
assalto seu pai acabou sento ferido e não aguentou, ele faleceu meu amor.
J:
Morreu? (meio intacta)
V:
Sim... Ele morreu Julia. Sinto muito.
J:
E minha mãe? Cadê minha mãe tia?
V:
Então, quando a polícia chegou eles viram a sua mãe do lado do seu pai e
acharam que ela que tinha machucado o seu pai. Levaram ela presa.
J:
Não tia, minha mãe nunca ia machucar o meu pai, nunca.
V:
Eu sei , eu sei. Mas a policia não sabe disso.
J:
Mas e agora? Ela vai ficar lá pra sempre?(já desesperada)
V:
Não Julinha, claro que não, a madrinha vai agora ver a sua mãe e vamos
contratar um advogado pra tirar ela de lá.
J:
Eu quero ir.
V:
Hoje ainda não Julinha, a madrinha vai lá e vê um dia que você possa vê-la tá
bem?
J:
Tá... (triste)
V:
Daqui a pouco o Matheus chega e vocês veem alguma coisa pra fazerem juntos.
Enquanto isso você fica aqui com a Zezé (empregada da mansão Andrade).
J:
Tia... Ajuda a minha mãe. (com uma carinha de choro)
V:
Pode deixar meu anjo. A Madrinha vai fazer de tudo pra tirar sua mãe de lá.
E
assim Vivian foi à penitenciaria onde Lívia havia sido levada.
Chegando
lá conseguiu depois de muitos recursos alguns minutos com Lívia.
Em
uma sala da penitenciaria.
V:
O que foi isso? O que aconteceu Lívia?
L:
Eu preciso sair daqui, eu não tive culpa Vivian.
V:
Calma Lívia, me explica exatamente o que aconteceu na noite de ontem.
“Vivian
além de ser Madrinha de Ana Julia é a amiga, a confidente, a parte equilibrada
de Lívia, Vivian é viúva, rica pela herança deixada pelo marido e por isso não
trabalha, apenas assina alguns papéis quando é necessário na empresa que seu
marido tem”. Uma construtora, famosa no Rio de Janeiro, mas seu falecido marido
também deixou a empresa encarregada de um amigo de confiança e por isso Vivian
apenas recebe os lucros, até Matheus atingir a maior idade e assumir a empresa
do pai.
Matheus
Junior Andrade, é o filho desse casamento, tem 15 anos e se dá muito bem com
Ana Julia. Assim como Vivian e Lívia, os
dois são melhores amigos.
E
assim Lívia conta a amiga tudo o que aconteceu.
V:
Meu Deus Lívia (assustada) Você não pode ficar aqui.
L:
Entende? Agora o único culpado nessa historia é ele. Só pode ser ele.
V:
Você não quer dizer que...
L:
O Fernando, ele matou o Paulo.
Alguns
segundos em silêncio.
V:
Agora precisamos de um ótimo advogado, pra tirar você daí o mais de pressa
possível.
L:
Droga, isso não podia ter acontecido. Não podia.
V:
Já sei quem, o famoso advogado Otávio Augusto Dreyar.
L:
Já ouvi falar nele.
V:
Ele é muito famoso, quase nunca perdeu uma causa.
L:
Então o procure, o mais de pressa possível preciso, sair daqui.(já chorando)
V:
Fica tranquila. Eu vou atrás dele.
L:
E Minha filhinha?
V:
Ela está bem, está sendo muito madura, aceita e entende tudo que explicamos a
ela.
L:
Todos os meus bens estão confiscados, mas eu tenho uma conta fora do país que
você sabe. Movimente-a como precisar Vivian.
V:
Creio que não será necessário, mas se precisar eu mexo.
Nesse
momento um policial apareceu à porta da sala.
Pol:
Acabou seu tempo senhora. ( já veio vindo em direção a Lívia)
L:
Tchau Vivian.
V:
Aguenta mais um pouco Lívia.
E
assim Lívia sumiu porta adentro daquele lugar horroroso.
Na
mansão Dreyar.
O:
Bom dia Marta.
M:
Bom dia (dando um beijo no marido)
O:
O que você tem?
Marta
ficou em silêncio.
O:
Marta! (Chamando a atenção da mulher com a voz um pouco alterada)
M:
O que foi Otávio? (irritada)
O:
Eu que pergunto o que foi.
M:
Nada.
O:
Você está estranha.
M:
Impressão sua. Agora toma o seu café e me deixa Otávio.
Na
noite do assassinato de Paulo na mansão Dreyar.
Otávio
estava em seu escritório revisando algumas papeladas de um caso quando ouviu um
barulho e foi ver o que era.
O:
Aonde você vai?(parado na porta do escritório)
M:
Eu? Eu... Vou buscar uns papéis de um contrato que era pra eu assinar hoje,
esqueci na minha sala. (parada em frente à porta da sala)
Marta
era Dona de uma Clínica de Cirurgia Plástica. Tinha sua própria fonte de renda.
O:
A essa hora Marta?
M:
A essa hora sim Otávio, isso era pra estar revisado e assinado amanhã sem
falta.
O:
Deixa que eu te levo então. (já procurando as chaves do carro no bolso)
M:
Não Otávio, não precisa. Tchau, eu já volto.
Marta
fechou a porta e saiu.
Alguns
minutos depois no apartamento de Fernando.
Fernando
estava nervoso, com um Wísky na mão, andando de um lado pro outro na sala de
seu apartamento.
F:
Marta? (assustado)
M:
Eu não aceito aquela sandice que você me disse pelo celular Fernando. (já
entrando)
F:
Você não tem que aceitar ou deixar de aceitar, é o que é e pronto.
M:
Eu estou na sua vida a mais tempo Fernando.
F:
Mas não com a intensidade dela Marta.
“Marta
era casada com Otávio há anos, mas mantinha um romance com o amante Fernando há
sete anos. O amava, mas sabia que Fernando não era como ele, que ele gostava
mesmo era do momento em si, sem cobranças, sem responsabilidades. Então se
contentava em tê-lo como amante. O problema foi que ela estava o estranhando, e
por isso colocou um detetive na sua cola, descobriu que o seu amante não tinha
apenas ela como consolo, havia outra que por coincidência também era casada.”
M:
Para... (com lágrimas nos olhos)
F:
Lívia é diferente...
M:
Para... (com raiva)
F:
Lívia...(com a voz melosa) Lívia é única Marta!
M:
Cala a boca! (deu um tapa na cara dele)
F:
Tá maluca Marta? Com que direito você entra na minha casa e me bate? Entenda! Acabou.
M:
Eu te amo Fernando! (indo com os lábios em direção aos dele)
F:
Não, sai! (A segurando pelo braço). Eu não te amo, eu não te quero Marta, eu a
quero. Lívia vai ser minha, só minha.
M:
Não! Você me ama, eu sei disso Fernando você só está passando o tempo com ela!
Isso é só tesão, amor mesmo é por mim que você sente. Eu sei! (tentando
beija-lo)
F:
Marta Para! Para! Chega com isso! Parece louca, é a Lívia que eu quero e não
você! Agora sai daqui! (a levando em direção à porta).
Fernando
a empurrou pra fora de seu apartamento.
Marta
saiu bufando em direção a seu carro. Não sabia ao certo o que fazer naquele
momento. Mas tinha uma única certeza.
M:
Você me paga desgraçada, vai se arrepender cada segundo da sua vida miserável
ter cruzado o meu caminho.
Naquele
mesmo dia algumas horas antes da visita de Marta, no apartamento de Fernando.
Fernando
estava revisando alguns documentos no seu escritório.
A
campainha toca.
F:
Amor! (dando um beijo nela)
L:
Fernando... Eu só vim aqui dizer que... (e foi interrompida por um beijo)
Um
beijo demorado, ofegante, os corpos tão colados que pareciam um só.
L:
Fernando... (Ofegante) Espera (preciso falar com você)
F:
Depois você fala amor. (Já a beijando novamente)
“Lívia
era uma promotora de eventos, casada há anos com o famoso empresário Paulo
Henrique Strauss, tinha um romance com o amante Fernando Marinho há três anos.
Tem uma filha chamada Ana Julia de 13 anos de seu casamento com Paulo”.
Lívia
por mais que quisesse 90% do seu corpo lutava a favor de Fernando.
Estavam
em meio a beijos e carinhos, sussurros, quando Lívia percebeu já estavam no
quarto.
Fernando
a beijava com desejo, as bocas se encaixavam de um modo que pareciam medidas,
sincronizadas, as línguas estavam descontroladas, as mãos de Fernando a essa
altura procuravam os seios de Lívia, essa por sua vez já estava com as mãos no
sexo de Fernando.
L:
Droga! (Ofegante)
F:
O que foi? (a deitando em sua cama)
L:
Eu não resisto a você. (Ofegante)
Fernando
preencheu sua boca com mais um beijo intenso, que deixou Lívia desconcertada.
Estava
com o corpo mole em cima da cama de Fernando, estava literalmente entregue a
qualquer ato de Fernando.
Ele
com o máximo de concentração tirou peça por peça da roupa de Lívia.
Ela
não resistia a ele a cada puxada em seu cabelo, a cada beijo em seu pescoço, a
cada carinho em seu ponto de prazer, a cada sussurro em seu ouvido Lívia ficava
imóvel.
E
nesse ritmo, Lívia deitada na cama e Fernando em cima dela, começaram uma
sintonia de movimentos, ele a possuiu como ela jamais havia sentido antes,
parecia que ele sabia o que ela veio dizer.
Eram
movimentos intensos, a cada impulso era uma recordação que vinha a sua cabeça.
Ficaram nesse ritmo por alguns minutos e já não aguentando mais, com os corpos
suados e cansados, o desejo de ambos explodindo pelos poros, chegaram ao ápice
do prazer.
Ele
saiu de cima dela e deitou ao lado, deitou em seu peito e dedilhando os dedos
por seu peito disse.
L:
Vou lembrar dessa noite por toda a minha vida.
E
ele sem saber o real motivo dessa frase, completou.
F:
Eu também.
Depois
de alguns minutos Fernando dormiu e Lívia com o máximo de cuidado e silêncio,
começou a se vestir, depois de vestida escreveu uma pequena carta e deixou no
criado mudo do quarto, foi saindo, mas quando chegou à porta do quarto, virou
em direção a ele e mandou um beijo, seguido de uma lágrima.
Algumas
horas depois Fernando acordou meio sonolento, percebeu que Lívia já não estava
mais, estranhou porque mesmo quando ela está passando da hora de voltar pra
casa, ela sempre o acorda pra dar um beijo de despedida.
Sentou
na beira da cama e logo viu o pequeno papel dobrado em sua frente.
Ele
reconheceu a letra da sua amada, abriu e começou a ler.
Fernando,
você foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos anos, meu refúgio, meu
ar, sem você não teria suportado muita coisa, mas eu tenho uma filha, e se eu
continuar com isso pode acabar afetando um inocente. Tive provas disso.
Paulo
e eu vamos sair do país, vou reconstruir meu casamento, preciso dar essa chance
a nós. Afinal é meu marido e pai da minha filha, crise todo o casamento tem.
Vou sentir a sua falta, de verdade.
Já
sei que você também tem outra, eu não ligo afinal éramos amantes, me consola
saber que você vai ter com quem suprir minha falta. Seja feliz, que eu vou
sempre me lembrar de nós como um sopro quente num inverno sem fim.
Sua sempre doce Lívia.
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