segunda-feira, fevereiro 01, 2016
Doce Poesia - 10º Episodio
Pensou que
morreria, o frio invadiu todo o seu corpo, como se estivesse afundando em um
mar coberto de gelo, o arrepio era indescritível.
Era Bento!
B:Não, por
favor eu... – virando-se –
Em sua
cabeça viraria e correria o mais rápido que pudesse para dentro de seu quarto e
só depois pensaria em algo.
Não queria
sofrer, não mais aquela noite.
Ao virar-se
os braços ficaram parados sobre seu peito.
D: Shiii...
– docemente –
Ele sorriu
docemente e completou:
D: Não quer
que te ouçam, não é?
Beatriz não
saberia dizer quando foi que o mordomo colocou as mãos sobre a sua, as segurava
como se estivesse protegendo-as.
B: Eu
preciso voltar para o meu quarto.
D: Precisa
sim... – ainda sorrindo –
O mordomo
estava “desmontado”, vestia uma calça confortável de algodão e uma camiseta
branca de malha.
Estava
confortavelmente a vontade.
O cabelo
desgrenhado e um caderno nas mãos.
Era como se
fosse hipnotizada.
Chacoalhou a
cabeça e soltando-se das mãos protetoras dele, ela seguiu apressadamente até
seu quarto.
Ao entrar
nele, ela fechou a porta cuidadosamente e encostou-se nela, deixando sair por
entre os lábios o mais profundo dos suspiros.
Dan aproximou-se
da tal porta que tanto Beatriz tem curiosidade em abrir, respirou fundo e ao
colocar uma das mãos no bolso da calça, retirou a chave, colocou na fechadura e
girou abrindo o cômodo.
Fechou a
porta e encostou-se na mesma, ficando de frente para o que mais amava.
-
A noite não
melhorou em nada para Beatriz, passou grande parte da madrugada contemplando a
escuridão do quarto e nada do sono chegar.
Naquela
manhã, os olhos de Beatriz amanheceram inchados, não dormira a noite e inteira
e tal coisa logo foi percebida por Bento.
Na enorme
mesa posta para o café da manhã, Beatriz e Ana aguardavam Bento para
prosseguirem com o café.
Assim que
ele chegou e sentou-se na mesa, lá estava, Dan... Posto ao lado de Bento como
um guarda olhando firmemente o trabalho das empregadas.
Beatriz pode
perceber que somente com o olhar e um discreto gesto com a mão direita, ele
chamou a atenção de uma mocinha que
iria servi-la do lado errado.
Ela não
conseguia parar de olhá-lo, ele era misterioso, e isso aguçava em Beatriz uma
curiosidade perigosa.
Tinha
certeza que ele tinha muitas respostas para ela sobre aquela casa, sobre Bento
ou até mesmo o que ele andava planejando. Mas será que o tal Mordomo contaria a
ela? Mal se conhecem...
Tais
pensamentos iam longe, e as tantas probabilidades iam e vinham na cabeça dela
com a facilidade de um balanço de parque.
Todos
aqueles pensamentos intrigantes foram dispersos ao ouvir Bento chamando-a. Foi
como se estivesse acordado naquela hora.
Olhou para a
filha, a mesma já comia as panquecas que a senhora cozinheira preparou com
frutas frescas logo pela manhã e logo lançou seu olhar para a direção de Bento,
tanto ele quanto o tal Mordomo Dann a encarava.
B: O que
foi?
Benn: O que
fez ontem a noite?
A voz ficou
preza, o nervosismo deveria ser contido. Olhou disfarçadamente para Dan que
estava estranhamente tranquilo.
Ela tentava
formular algo para dizer, estava com medo. Será que o mordomo disse a ele?
Benn: FALA!
– alto –
B: Não fiz
nada.
Bento então
a retrucou.
Benn: Nada?
B: Já
disse... Nada.
Benn: E
porque esses olhos inchados? De chorar é que não foi, te trato como uma Rainha,
não tens motivo pra chorar.
B: Eu só
estranhei a nova casa, não consegui dormir muito bem.
Benn: Claro,
também demorei um pouco pra pegar no sono, mas logo você se acostumará. Afinal,
viveremos aqui por muito tempo, muito tempo mesmo.
Ela abaixou
a cabeça e começou a se servir, faz tempo que não comia feito gente, na mesa,
com a filha.
Antes que
pudesse saborear qualquer uma das delicias de que se servira, Bento a chamou
novamente.
Benn:
Beatriz!!
B: O que
foi?
Benn: Vai
passar uma maquiagem nesse rosto, não quero olhar pra você desse jeito. E vai
agora!
B: Claro...
– levantando-se –
Timidamente
passou por Dan em direção ao banheiro. Não bateu a porta, olhou para o espelho acima
da pia e abriu sem paciência alguma uma das gavetas da pia.
O Estojo de
maquiagem que tinha, estava esperando-a ali. Parece que Bento sempre tem tudo
planejado.
Assim que
puxou o estojo viu abaixo dele as lâminas... Pareciam a chamar, como um feitiço...
Como quando as Rocas de afiar da Bela Adormecida a chamaram no dia em que
completara seus quinze anos.
O brilho
delas, não deixavam dúvidas de que precisaria apena um único risco e estaria
tudo acabado.
Pegou
cuidadosamente em suas mãos, lentamente passou o polegar em uma delas, um
filete de sangue logo aparecer.
Olhou-se no
espelho, os olhos ainda inchados.
Já não se
reconhecera, quem era essa mulher? Estava irreconhecível.
B: A feliz
Beatriz Miriolli assinou sua morte no dia em que Ana Beatriz Cordeiro nasceu,
Bento vem matando-a todos os dias.
E se eu não
for quem eu sempre fui, não quero continuar mais nesse mundo.
Colocou a
lâmina no pulso, fechou os olhos e com toda a coragem que deveria ter, começou
a pressioná-la lentamente.
O corte em
seu pulso não chegou a ser feito, foi pega em flagrante.
Dan: Por
favor, não faça isso.
A voz era
calma.
Beatriz
virou-se para ele, a porta estava fechada e sequer ouviu o mesmo fechá-la.
As mãos
estavam trêmulas ao ver o mordomo a sua frente com os olhos marejados.
Ele pegou a
mão dela que segurava a lâmina, o sangue escorria pelo dedo polegar manchando o
tecido branco das luvas de Dan.
Ele
direcionou a lâmina ainda nas mãos de Beatriz para seu próprio pulso.
D: Se tem
coragem para fazer algo dessa maneira, mate-me antes.
B: Oque? –
assustada –
D:Não
suportaria viver em um mundo sem você, Senhora Beatriz. Mate-me!
B: Não! Está
maluco?
Ela soltou a
lâmina no chão.
Dan a pegou
e colocando-a sobre o pulso novamente, disse:
D: Então
deixe-me que o faça.
B: Não! Pare
com isso.
Ela segurou
seu rosto.
B: O que
pensa que está fazendo?
D: Por
favor... Eu não suportaria.
B: Quem é
você?
Ambos
encaravam-se, o silêncio pairava.
Logo a
estrondosa voz de Bento pode ser ouvida, ele chamava o mordomo.
Ele puxou
delicadamente uma das mãos de Beatriz, e após um carinhoso beijo na mesma,
virou-se saindo o mais depressa daquele banheiro.
Beatriz não
soube explicar, só sabia que não poderia matar alguém, e pelo jeito o tal
mordomo não estava blefando.
Olhou
novamente para o espelho.
Antes de
abrir o estojo de maquiagem, lembrou-se do corte em seu polegar, procurou nas
demais gavetas até encontrar um pequeno curativo autocolante.
Fez
rapidamente uma leve maquiagem e voltou a mesa.
Ela percebeu
durante o café que as luvas que o mordomo usava, agora eram outras, mas para
seu alivio, Bento pelo jeito não percebera o discreto detalhe.
Ben: Está
bem melhor assim.
Beatriz
apenas abaixou a cabeça, desconfortavelmente.
O acabara de
acontecer naquele banheiro, ainda revirava em sua cabeça.
Será que o mordomo
realmente morreria por ela?
Mas porquê?
Nem o conhecia! Será que era algum maluco?
A manhã
passou rápida, para Beatriz tanto fazia, era proibida de sair de casa, na
verdade, em sua antiga casa não podia sai nem do quarto.
O porque ela
pode andar livremente naquela casa, ainda é um mistério para ela.
Bento saiu
logo depois do café da manhã, levou Ana a nova escola e em seguida seguiu para
o Trabalho, não demorou muito até Beatriz saber que Bento tinha a Fabrica das
joias naquela cidade.
Mas ela
estava solta, porque?
Ela foi até
a cozinha, os empregados eram estranhamente quietos, não poderiam ser assim ao
natural, isso era uma das ordens de Bento.
O Mordomo a
intrigava, era o mais misterioso, o pegava encarando-a a todo o tempo, chegava
a assustá-la.
Ela arriscou
uma conversa.
B: Olá... – sorrindo
timidamente –
O silêncio
continuou contemplando o lugar.
B: O que
teremos para o almoço de hoje?
Uma
empregada a respondeu um tanto apressada, como se quisesse que Beatriz não
demorasse muito mais ali.
_ Cordeiro
ao molho branco, Senhora.
B: Parece-me
delicioso.
Novamente
tudo ficou quieto e mesmo assim, Beatriz não intimidou-se.
B: Não é
cedo demais para começar a preparar o almoço? Acabamos de terminar o café da
manhã.
_ Senhor
Bento gosta de tudo pronto com antecedência.
B: Claro que
gosta. – baixo –
Já não tinha
mais o que dizer para começar uma conversa, era realmente muito bem treinados,
ao virar-se, esbarrou nele.
B: Oh, meu
Deus. Perdoe-me... eu – interrompida –
D:
Desculpe-se, sou um descuidado, a machuquei? Quer algo? Os empregados não te
agradam? O Almoço está de seu agrado? Se quiser podemos trocar tudo e –
interrompido –
B: Por
favor, acalme-se. Tudo está perfeitamente bem. Não se preocupe comigo.
D: Sempre me
preocuparei com a Senhora. Não me peça uma coisa dessas, eu não a cumprirei.
Ela ficou
sem resposta, sempre ficava, Dan as roubavam de sua boca a cada frase dita.
B: Gostaria
de conhecer a cidade, talvez se...
D: Não.
Beatriz
ficou em silêncio.
D: Não seria
uma boa ideia, Senhora.
Ela virou-se
sem ao menos responde-lo. O não que ouviu deles, ela não sabe o porquê, mas a
deixou profundamente irritada, a vontade que teve foi de gritar com ele. Mas
não podia, não deveria.
Os passos
dela eram apressados, mal percebeu que já estava no jardim.
Olhou para o
céu, mil perguntas passavam por sua cabeça e sem nenhuma resposta.
B: Eu quero
viver... Eu quero...
Tais
palavras ainda dançavam em sua mente.
As mãos eram
diferentes, o pano provocou certo arrepio em seus braços.
D: Você vai
viver, Beatriz.
A Respiração
ficou presa, o coração disparou.
Era o
Mordomo.
Como sabia
que dentro de sua cabeça tal pensamento rodava.
Assim que o
breve momento de transe passou, ela virou-se de frente para ele e bravejou:
B: Quem
pensa que é? O que pensa que está dizendo? Não sabe nada da minha vida, nada
sobre mim. Não sabe o que passei e o porquê estou aqui. Não me toque! Nunca
mais! Não tem esse direito.
D: Eu sei
tudo sobre você. E estou te afirmando que irá viver. Confie em mim.
B: Não te
conheço, como posso confiar em você?
D: Eu daria
a minha vida pela sua.
B: Porque
não me diz logo de onde me conhece? Porque está aqui? Porque diz essas coisas?
D: Nem tudo
precisa de uma explicação, Senhora Beatriz.
Ele
aproximou-se dela e passou uma das mãos delicadamente por seu rosto e disse
sussurrando em seu ouvido;
D: Não te
tocar, nunca mais? – rindo – Um dia, irá rir disso assim como eu.
Beatriz
sentiu o corpo todo tremer, nunca chegara tão próximo de outro homem daquela
maneira.
E para seu
desespero, a sensação foi maravilhosa.
Dan sentia
uma vontade imensa de fazer o que sempre teve vontade, o que sempre ficou preso
no seu mais profundo sentimento.
B: O que
sabe sobre meu marido? O que sabe sobre essa família? Desde quando trabalha com
ele? Porque?
Ele riu
novamente.
D: Essa sua
curiosidade é engraçada. Você sabe apenas o que precisa saber, Senhora Beatriz.
B: Por
favor, tire o Senhora.
D:
Beatriz... Gosto assim. – sorrindo –
Ele virou-se
para deixar o lugar, mas antes certificou que a deixaria bem.
D: Precisa
de algo?
B: Não.
D: Se
precisar, sabe que pode me chamar a hora que for, que eu estarei disposto pra
você.
B: Me
lembrarei disso, Dan.
Ele sorriu e
estava deixando o lugar, mas antes voltou de frente para ela e perguntou
ousadamente.
D: Gosta de
Poesias, Beatriz?
B: Eu
costumava a amar poesias.
D Costumava?
B: Sim, hoje
já não as leio mais e já não me encanta como antes.
D: Pois se
apaixonará novamente! Eu prometo a você.
Como podia
ser empregado de um homem como Bento e sorrir tanto assim?
Era doce, e
o seu sorriso a acalmava.
O que será
que ele quis dizer?
Poesias...
Como amava recebe-las.
-
O casarão
era enorme, e ela queria mais era saber o que era cada cômodo daquele lugar.
Deu a volta
pela casa, o jardim era apenas até certo ponto, logo a grama ia desaparecendo e
dando lugar a um orvalho úmido, a terra tão escura que parecia preta.
As arvores
em torno começavam a se fechar, como que se protegessem o local.
Parecia uma
casinha daquelas que guardam ferramentas, uma corrente passava pela porta,
anunciando que ali, ninguém entrara tão recente.
Ela colocou
a mão no cadeado e logo um calafrio percorreu todo o seu corpo.
Resolveu
sair dali antes que um dos empregados acabasse sendo um conveniente solicito e
informasse ao seu Marido sobre seu passeio em uma área um tanto estranha
naquela casa.
-
O que faria
todo o dia dentro daquela casa? Não podia sair, não conhecia nada e sequer com
os empregados podia falar.
Durante toda
a tarde, Beatriz não viu mais o Mordomo, e isso a deixou incomodada.
O observava
de longe, quieta. Uma distração! Quem sabe não o pegava fazendo algo que lhe
desse algumas respostas as tantas perguntas em sua cabeça?
Não tinha
nada a perder, e tempo era o que ela mais tinha depois que se mudou pra essa
casa.
-
Bento deu a
alegria de sua presença ao fim da tarde, a filha mal falava com ela, e assim
que entrou na casa junto com o pai, correu para o quarto... Os eletrônicos da
Cidade já haviam tomado os poucos minutos de atenção que Ana Beatriz dedicava a
mãe.
A: Pai, me
chama quando o jantar estiver pronto. – gritou subindo as escadas –
B: Mal falou
comigo.
Benn: Ela
nem falou.
Ela o
olhava, e pensava o quanto poderia estar feliz agora, o quanto o amou... ou
ainda ama.
Os
pensamentos estavam deixando-a estranha.
No impulso,
uma de suas mãos alcançou o rosto de Bento, ele tinha a cara fechada, a
expressão de bravo era quase que comum nos últimos anos.
Ela deslizou
pela face e consequentemente pela barba.
Benn: O que
é isso?
B: Quando
foi que as coisas ficaram assim?
Benn: Você
mudou!
B:Eu? Só eu?
Eu me tornei uma mulher! E você um...
Benn: Um
oque?
B: Eu só
queria saber o porquê.
Benn: Eu
sempre fui assim.
B: Não! –
gritando –
Benn: O que
quer?! – segurando-a pelos braços –
A Voz
abaixou e ficou suave ao pronunciar tais palavras;
B: Amar de
novo, te amar como antes, me sentir amada como no início de tudo.
Ele estava
intacto, os olhos vidrados pra ela, como pode sentir sequer algum sentimento
por ele, mesmo depois de tudo o que ele fez a ela nesses últimos tempos.
Benn: Eu...
Ele a puxou
para seus braços. Os lábios invadiram os dela numa perfeita sincronia.
O corpo dela
por um tempo ainda ficou tenso, há muito tempo não era amada por Bento, sequer
era tocada por ele com carinho.
Aliás ele a
tocava para machucá-la, e fez isso por muito tempo.
Mas eram
muitos anos.
Ela não
queria pensar em nada do que passou, e sim no agora. Agora ela queria matar a
saudade de ter o marido.
Agora...
Bento tinha
um turbilhão de emoções dentro de seu peito. O que fez com Beatriz? Como pudera
se esquecer de todo aquele amor?
A abraçou forte
enquanto a beijava.
Isso fez com
que Beatriz se desmanchasse por entre seus braços.
Benn: Eu te
amo, meu amor. Ainda te amo como antes, me perdoa, me perdoa.
Ele a enchia
de beijos por todo o rosto, o gosto salgado ao beijá-la anunciou algo que Bento
jamais gostava de que vissem... Lágrimas... Talvez as mais sinceras que pudera
ver.
B: Bento...
Ela estava
impressionada, acho que nem nos seus maiores sonhos ela imaginou tal situação.
O Beijo
centralizou, e em meio a eles subiram as escadas em direção aos quartos.
Chegaram ao
corredor, Bento queria ser rápido, não podia deixar que Ana visse algo tão
improprio àquela hora da tarde.
Ainda no
corredor Bento a prensou contra a parede, beijando seu pescoço e percorrendo
até seu colo.
O desejo
estava espalhado por todo o corpo de Beatriz.
O toque em
seus cabelos já a deixavam excitada.
As pernas
amoleceram quando ele tocou com os lábios um de seus seios, o corpo prensado na
parede contra o dele anunciavam que o desejo era reciproco.
Como estava
saudosa de tal situação, trazia maravilhosas recordações, o coração palpitava
diferente anunciando que ainda existia algo por Bento, apesar de tudo o que
aconteceu.
Será que era
esse o destino? A reconciliação para que tudo voltasse ao normal?
Eles se
encostaram na porta do quarto de Bento.
B: Me
perdoa, meu amor. Por tudo que eu tive coragem de fazer, eu não sei o aconteceu
comigo. Eu vou à um médico. Quero ser melhor pra você, e eu vou ser...
Ela invadiu
seus lábios, com tanta vontade que as línguas as vezes escapavam da boca.
Abriram a
porta e entraram.
Ainda no
corredor, a Poesia que estava nas mãos do mordomo, caiu... Assim como a lágrima
que ele insistia em segurar em seus olhos.
O quarto de
Bento era completamente diferente do qual ela ficava.
Havia um
cheiro de madeira um tanto forte, fotos da filha e até mesmo sua, decoravam o
quarto inteiro.
Para espanto
de Beatriz até flores haviam dentro daquele cômodo.
Os cabelos
dele eram macios, e passear com as mãos por entre eles era gostoso.
Bento ergue
a blusa que ela vestia, e encostou a boca em sua barriga, beijando calmamente o
local, a barba arranhava sua pele, e ela apenas sentia aquela sensação.
Ela o puxou
até a altura de sua boca.
Mais um
beijo aconteceu, dessa vez com mais veracidade.
A perna já
entrelaçada na cintura dele a puxava cada vez pra mais junto de seu corpo.
Ele a despiu
com certa facilidade.
Será que
Bento também não tivera ninguém durante todo esse tempo? Nenhuma amante lhe faz
companhia as viagens que diz ser para o trabalho?
O toque e
tudo ainda parecia como tanto tempo atrás já fora.
Apenas a
roupa íntima restava em seu corpo, e Bento como sempre fazia... Gostava de
puxá-las, da forma mais prática que conseguisse.
Ele
percorreu com os dedos por seus braços, para enfim chegar até a alça do sutiã.
Mas quando
tocou ...
Os pulsos
ainda tinham as marcas das correntes que ficavam como companhia na antiga casa.
Ele as viu e
o semblante mudou.
Como em um
passe de mágica, tudo mudou. Ele levantou-se. E começou a vestir-se.
B: Bento? O
que foi?
Benn: Está
errado. Não.
B: O que
está dizendo?
Benn: Não
deve estar aqui.
As mãos
estavam agitadas.
B: Bento,
vamos recomeçar. Temos uma filha linda, não vamos jogar tudo... – interrompida
–
Benn: Minha
filha!
B: Sim, é.
Mas...
Benn:
Vista-se!
B: E pra onde
foi toda a conversa de...
Benn: CHEGA!
– gritando –
Beatriz não
conseguia entender o que era tudo aquilo, Bento ficou estranho, parecia outro,
completamente outro.
Ele estava
prestes a sair do quarto, antes gritou pelo corredor chamando, Dan.
Não demorou
muito até o mesmo aparecer em frente a porta.
Ela logo
puxou um lençol e cobriu seu corpo, ainda estava com as peças intimas, o que
Bento estava fazendo?
Benn:
Ajude-a se vestir e a leve até aquele quarto.
Aquele? –
pensou, Beatriz –
Dan: Como
quiser, Senhor.
Bento bateu
a porta do quarto ao sair.
B: Ei! Eu
não preciso que me ajude a se vestir, sei muito bem fazer isso, eu sei...
As lagrimas
começaram passear em seu rosto. Como poderia estar com tanta certeza de que ele
mudaria? Que idiota!
Tudo
continuava exatamente como antes, exatamente.
Nem mesmo
quando estava acorrentada naquele quarto escuro, sentiu-se tão humilhada como a
minutos atrás.
Enquanto os
pensamentos fervilhavam em sua cabeça, as lágrimas não sessavam, e nisso, algo
inesperado aconteceu.
Dan: Como
quiser.
Ele não se
moveu e isso incomodou, Beatriz.
Apenas a
olhava, enquanto a mesma tentava de uma maneira discreta vestir-se sem que o
mesmo conseguisse ver qualquer parte de seu corpo.
B: Porque me
olha dessa maneira?
Dan: Porque
te amo.
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Doce Poesia
segunda-feira, fevereiro 01, 2016
Doce Poesia - 10º Episodio
Pensou que
morreria, o frio invadiu todo o seu corpo, como se estivesse afundando em um
mar coberto de gelo, o arrepio era indescritível.
Era Bento!
B:Não, por
favor eu... – virando-se –
Em sua
cabeça viraria e correria o mais rápido que pudesse para dentro de seu quarto e
só depois pensaria em algo.
Não queria
sofrer, não mais aquela noite.
Ao virar-se
os braços ficaram parados sobre seu peito.
D: Shiii...
– docemente –
Ele sorriu
docemente e completou:
D: Não quer
que te ouçam, não é?
Beatriz não
saberia dizer quando foi que o mordomo colocou as mãos sobre a sua, as segurava
como se estivesse protegendo-as.
B: Eu
preciso voltar para o meu quarto.
D: Precisa
sim... – ainda sorrindo –
O mordomo
estava “desmontado”, vestia uma calça confortável de algodão e uma camiseta
branca de malha.
Estava
confortavelmente a vontade.
O cabelo
desgrenhado e um caderno nas mãos.
Era como se
fosse hipnotizada.
Chacoalhou a
cabeça e soltando-se das mãos protetoras dele, ela seguiu apressadamente até
seu quarto.
Ao entrar
nele, ela fechou a porta cuidadosamente e encostou-se nela, deixando sair por
entre os lábios o mais profundo dos suspiros.
Dan aproximou-se
da tal porta que tanto Beatriz tem curiosidade em abrir, respirou fundo e ao
colocar uma das mãos no bolso da calça, retirou a chave, colocou na fechadura e
girou abrindo o cômodo.
Fechou a
porta e encostou-se na mesma, ficando de frente para o que mais amava.
-
A noite não
melhorou em nada para Beatriz, passou grande parte da madrugada contemplando a
escuridão do quarto e nada do sono chegar.
Naquela
manhã, os olhos de Beatriz amanheceram inchados, não dormira a noite e inteira
e tal coisa logo foi percebida por Bento.
Na enorme
mesa posta para o café da manhã, Beatriz e Ana aguardavam Bento para
prosseguirem com o café.
Assim que
ele chegou e sentou-se na mesa, lá estava, Dan... Posto ao lado de Bento como
um guarda olhando firmemente o trabalho das empregadas.
Beatriz pode
perceber que somente com o olhar e um discreto gesto com a mão direita, ele
chamou a atenção de uma mocinha que
iria servi-la do lado errado.
Ela não
conseguia parar de olhá-lo, ele era misterioso, e isso aguçava em Beatriz uma
curiosidade perigosa.
Tinha
certeza que ele tinha muitas respostas para ela sobre aquela casa, sobre Bento
ou até mesmo o que ele andava planejando. Mas será que o tal Mordomo contaria a
ela? Mal se conhecem...
Tais
pensamentos iam longe, e as tantas probabilidades iam e vinham na cabeça dela
com a facilidade de um balanço de parque.
Todos
aqueles pensamentos intrigantes foram dispersos ao ouvir Bento chamando-a. Foi
como se estivesse acordado naquela hora.
Olhou para a
filha, a mesma já comia as panquecas que a senhora cozinheira preparou com
frutas frescas logo pela manhã e logo lançou seu olhar para a direção de Bento,
tanto ele quanto o tal Mordomo Dann a encarava.
B: O que
foi?
Benn: O que
fez ontem a noite?
A voz ficou
preza, o nervosismo deveria ser contido. Olhou disfarçadamente para Dan que
estava estranhamente tranquilo.
Ela tentava
formular algo para dizer, estava com medo. Será que o mordomo disse a ele?
Benn: FALA!
– alto –
B: Não fiz
nada.
Bento então
a retrucou.
Benn: Nada?
B: Já
disse... Nada.
Benn: E
porque esses olhos inchados? De chorar é que não foi, te trato como uma Rainha,
não tens motivo pra chorar.
B: Eu só
estranhei a nova casa, não consegui dormir muito bem.
Benn: Claro,
também demorei um pouco pra pegar no sono, mas logo você se acostumará. Afinal,
viveremos aqui por muito tempo, muito tempo mesmo.
Ela abaixou
a cabeça e começou a se servir, faz tempo que não comia feito gente, na mesa,
com a filha.
Antes que
pudesse saborear qualquer uma das delicias de que se servira, Bento a chamou
novamente.
Benn:
Beatriz!!
B: O que
foi?
Benn: Vai
passar uma maquiagem nesse rosto, não quero olhar pra você desse jeito. E vai
agora!
B: Claro...
– levantando-se –
Timidamente
passou por Dan em direção ao banheiro. Não bateu a porta, olhou para o espelho acima
da pia e abriu sem paciência alguma uma das gavetas da pia.
O Estojo de
maquiagem que tinha, estava esperando-a ali. Parece que Bento sempre tem tudo
planejado.
Assim que
puxou o estojo viu abaixo dele as lâminas... Pareciam a chamar, como um feitiço...
Como quando as Rocas de afiar da Bela Adormecida a chamaram no dia em que
completara seus quinze anos.
O brilho
delas, não deixavam dúvidas de que precisaria apena um único risco e estaria
tudo acabado.
Pegou
cuidadosamente em suas mãos, lentamente passou o polegar em uma delas, um
filete de sangue logo aparecer.
Olhou-se no
espelho, os olhos ainda inchados.
Já não se
reconhecera, quem era essa mulher? Estava irreconhecível.
B: A feliz
Beatriz Miriolli assinou sua morte no dia em que Ana Beatriz Cordeiro nasceu,
Bento vem matando-a todos os dias.
E se eu não
for quem eu sempre fui, não quero continuar mais nesse mundo.
Colocou a
lâmina no pulso, fechou os olhos e com toda a coragem que deveria ter, começou
a pressioná-la lentamente.
O corte em
seu pulso não chegou a ser feito, foi pega em flagrante.
Dan: Por
favor, não faça isso.
A voz era
calma.
Beatriz
virou-se para ele, a porta estava fechada e sequer ouviu o mesmo fechá-la.
As mãos
estavam trêmulas ao ver o mordomo a sua frente com os olhos marejados.
Ele pegou a
mão dela que segurava a lâmina, o sangue escorria pelo dedo polegar manchando o
tecido branco das luvas de Dan.
Ele
direcionou a lâmina ainda nas mãos de Beatriz para seu próprio pulso.
D: Se tem
coragem para fazer algo dessa maneira, mate-me antes.
B: Oque? –
assustada –
D:Não
suportaria viver em um mundo sem você, Senhora Beatriz. Mate-me!
B: Não! Está
maluco?
Ela soltou a
lâmina no chão.
Dan a pegou
e colocando-a sobre o pulso novamente, disse:
D: Então
deixe-me que o faça.
B: Não! Pare
com isso.
Ela segurou
seu rosto.
B: O que
pensa que está fazendo?
D: Por
favor... Eu não suportaria.
B: Quem é
você?
Ambos
encaravam-se, o silêncio pairava.
Logo a
estrondosa voz de Bento pode ser ouvida, ele chamava o mordomo.
Ele puxou
delicadamente uma das mãos de Beatriz, e após um carinhoso beijo na mesma,
virou-se saindo o mais depressa daquele banheiro.
Beatriz não
soube explicar, só sabia que não poderia matar alguém, e pelo jeito o tal
mordomo não estava blefando.
Olhou
novamente para o espelho.
Antes de
abrir o estojo de maquiagem, lembrou-se do corte em seu polegar, procurou nas
demais gavetas até encontrar um pequeno curativo autocolante.
Fez
rapidamente uma leve maquiagem e voltou a mesa.
Ela percebeu
durante o café que as luvas que o mordomo usava, agora eram outras, mas para
seu alivio, Bento pelo jeito não percebera o discreto detalhe.
Ben: Está
bem melhor assim.
Beatriz
apenas abaixou a cabeça, desconfortavelmente.
O acabara de
acontecer naquele banheiro, ainda revirava em sua cabeça.
Será que o mordomo
realmente morreria por ela?
Mas porquê?
Nem o conhecia! Será que era algum maluco?
A manhã
passou rápida, para Beatriz tanto fazia, era proibida de sair de casa, na
verdade, em sua antiga casa não podia sai nem do quarto.
O porque ela
pode andar livremente naquela casa, ainda é um mistério para ela.
Bento saiu
logo depois do café da manhã, levou Ana a nova escola e em seguida seguiu para
o Trabalho, não demorou muito até Beatriz saber que Bento tinha a Fabrica das
joias naquela cidade.
Mas ela
estava solta, porque?
Ela foi até
a cozinha, os empregados eram estranhamente quietos, não poderiam ser assim ao
natural, isso era uma das ordens de Bento.
O Mordomo a
intrigava, era o mais misterioso, o pegava encarando-a a todo o tempo, chegava
a assustá-la.
Ela arriscou
uma conversa.
B: Olá... – sorrindo
timidamente –
O silêncio
continuou contemplando o lugar.
B: O que
teremos para o almoço de hoje?
Uma
empregada a respondeu um tanto apressada, como se quisesse que Beatriz não
demorasse muito mais ali.
_ Cordeiro
ao molho branco, Senhora.
B: Parece-me
delicioso.
Novamente
tudo ficou quieto e mesmo assim, Beatriz não intimidou-se.
B: Não é
cedo demais para começar a preparar o almoço? Acabamos de terminar o café da
manhã.
_ Senhor
Bento gosta de tudo pronto com antecedência.
B: Claro que
gosta. – baixo –
Já não tinha
mais o que dizer para começar uma conversa, era realmente muito bem treinados,
ao virar-se, esbarrou nele.
B: Oh, meu
Deus. Perdoe-me... eu – interrompida –
D:
Desculpe-se, sou um descuidado, a machuquei? Quer algo? Os empregados não te
agradam? O Almoço está de seu agrado? Se quiser podemos trocar tudo e –
interrompido –
B: Por
favor, acalme-se. Tudo está perfeitamente bem. Não se preocupe comigo.
D: Sempre me
preocuparei com a Senhora. Não me peça uma coisa dessas, eu não a cumprirei.
Ela ficou
sem resposta, sempre ficava, Dan as roubavam de sua boca a cada frase dita.
B: Gostaria
de conhecer a cidade, talvez se...
D: Não.
Beatriz
ficou em silêncio.
D: Não seria
uma boa ideia, Senhora.
Ela virou-se
sem ao menos responde-lo. O não que ouviu deles, ela não sabe o porquê, mas a
deixou profundamente irritada, a vontade que teve foi de gritar com ele. Mas
não podia, não deveria.
Os passos
dela eram apressados, mal percebeu que já estava no jardim.
Olhou para o
céu, mil perguntas passavam por sua cabeça e sem nenhuma resposta.
B: Eu quero
viver... Eu quero...
Tais
palavras ainda dançavam em sua mente.
As mãos eram
diferentes, o pano provocou certo arrepio em seus braços.
D: Você vai
viver, Beatriz.
A Respiração
ficou presa, o coração disparou.
Era o
Mordomo.
Como sabia
que dentro de sua cabeça tal pensamento rodava.
Assim que o
breve momento de transe passou, ela virou-se de frente para ele e bravejou:
B: Quem
pensa que é? O que pensa que está dizendo? Não sabe nada da minha vida, nada
sobre mim. Não sabe o que passei e o porquê estou aqui. Não me toque! Nunca
mais! Não tem esse direito.
D: Eu sei
tudo sobre você. E estou te afirmando que irá viver. Confie em mim.
B: Não te
conheço, como posso confiar em você?
D: Eu daria
a minha vida pela sua.
B: Porque
não me diz logo de onde me conhece? Porque está aqui? Porque diz essas coisas?
D: Nem tudo
precisa de uma explicação, Senhora Beatriz.
Ele
aproximou-se dela e passou uma das mãos delicadamente por seu rosto e disse
sussurrando em seu ouvido;
D: Não te
tocar, nunca mais? – rindo – Um dia, irá rir disso assim como eu.
Beatriz
sentiu o corpo todo tremer, nunca chegara tão próximo de outro homem daquela
maneira.
E para seu
desespero, a sensação foi maravilhosa.
Dan sentia
uma vontade imensa de fazer o que sempre teve vontade, o que sempre ficou preso
no seu mais profundo sentimento.
B: O que
sabe sobre meu marido? O que sabe sobre essa família? Desde quando trabalha com
ele? Porque?
Ele riu
novamente.
D: Essa sua
curiosidade é engraçada. Você sabe apenas o que precisa saber, Senhora Beatriz.
B: Por
favor, tire o Senhora.
D:
Beatriz... Gosto assim. – sorrindo –
Ele virou-se
para deixar o lugar, mas antes certificou que a deixaria bem.
D: Precisa
de algo?
B: Não.
D: Se
precisar, sabe que pode me chamar a hora que for, que eu estarei disposto pra
você.
B: Me
lembrarei disso, Dan.
Ele sorriu e
estava deixando o lugar, mas antes voltou de frente para ela e perguntou
ousadamente.
D: Gosta de
Poesias, Beatriz?
B: Eu
costumava a amar poesias.
D Costumava?
B: Sim, hoje
já não as leio mais e já não me encanta como antes.
D: Pois se
apaixonará novamente! Eu prometo a você.
Como podia
ser empregado de um homem como Bento e sorrir tanto assim?
Era doce, e
o seu sorriso a acalmava.
O que será
que ele quis dizer?
Poesias...
Como amava recebe-las.
-
O casarão
era enorme, e ela queria mais era saber o que era cada cômodo daquele lugar.
Deu a volta
pela casa, o jardim era apenas até certo ponto, logo a grama ia desaparecendo e
dando lugar a um orvalho úmido, a terra tão escura que parecia preta.
As arvores
em torno começavam a se fechar, como que se protegessem o local.
Parecia uma
casinha daquelas que guardam ferramentas, uma corrente passava pela porta,
anunciando que ali, ninguém entrara tão recente.
Ela colocou
a mão no cadeado e logo um calafrio percorreu todo o seu corpo.
Resolveu
sair dali antes que um dos empregados acabasse sendo um conveniente solicito e
informasse ao seu Marido sobre seu passeio em uma área um tanto estranha
naquela casa.
-
O que faria
todo o dia dentro daquela casa? Não podia sair, não conhecia nada e sequer com
os empregados podia falar.
Durante toda
a tarde, Beatriz não viu mais o Mordomo, e isso a deixou incomodada.
O observava
de longe, quieta. Uma distração! Quem sabe não o pegava fazendo algo que lhe
desse algumas respostas as tantas perguntas em sua cabeça?
Não tinha
nada a perder, e tempo era o que ela mais tinha depois que se mudou pra essa
casa.
-
Bento deu a
alegria de sua presença ao fim da tarde, a filha mal falava com ela, e assim
que entrou na casa junto com o pai, correu para o quarto... Os eletrônicos da
Cidade já haviam tomado os poucos minutos de atenção que Ana Beatriz dedicava a
mãe.
A: Pai, me
chama quando o jantar estiver pronto. – gritou subindo as escadas –
B: Mal falou
comigo.
Benn: Ela
nem falou.
Ela o
olhava, e pensava o quanto poderia estar feliz agora, o quanto o amou... ou
ainda ama.
Os
pensamentos estavam deixando-a estranha.
No impulso,
uma de suas mãos alcançou o rosto de Bento, ele tinha a cara fechada, a
expressão de bravo era quase que comum nos últimos anos.
Ela deslizou
pela face e consequentemente pela barba.
Benn: O que
é isso?
B: Quando
foi que as coisas ficaram assim?
Benn: Você
mudou!
B:Eu? Só eu?
Eu me tornei uma mulher! E você um...
Benn: Um
oque?
B: Eu só
queria saber o porquê.
Benn: Eu
sempre fui assim.
B: Não! –
gritando –
Benn: O que
quer?! – segurando-a pelos braços –
A Voz
abaixou e ficou suave ao pronunciar tais palavras;
B: Amar de
novo, te amar como antes, me sentir amada como no início de tudo.
Ele estava
intacto, os olhos vidrados pra ela, como pode sentir sequer algum sentimento
por ele, mesmo depois de tudo o que ele fez a ela nesses últimos tempos.
Benn: Eu...
Ele a puxou
para seus braços. Os lábios invadiram os dela numa perfeita sincronia.
O corpo dela
por um tempo ainda ficou tenso, há muito tempo não era amada por Bento, sequer
era tocada por ele com carinho.
Aliás ele a
tocava para machucá-la, e fez isso por muito tempo.
Mas eram
muitos anos.
Ela não
queria pensar em nada do que passou, e sim no agora. Agora ela queria matar a
saudade de ter o marido.
Agora...
Bento tinha
um turbilhão de emoções dentro de seu peito. O que fez com Beatriz? Como pudera
se esquecer de todo aquele amor?
A abraçou forte
enquanto a beijava.
Isso fez com
que Beatriz se desmanchasse por entre seus braços.
Benn: Eu te
amo, meu amor. Ainda te amo como antes, me perdoa, me perdoa.
Ele a enchia
de beijos por todo o rosto, o gosto salgado ao beijá-la anunciou algo que Bento
jamais gostava de que vissem... Lágrimas... Talvez as mais sinceras que pudera
ver.
B: Bento...
Ela estava
impressionada, acho que nem nos seus maiores sonhos ela imaginou tal situação.
O Beijo
centralizou, e em meio a eles subiram as escadas em direção aos quartos.
Chegaram ao
corredor, Bento queria ser rápido, não podia deixar que Ana visse algo tão
improprio àquela hora da tarde.
Ainda no
corredor Bento a prensou contra a parede, beijando seu pescoço e percorrendo
até seu colo.
O desejo
estava espalhado por todo o corpo de Beatriz.
O toque em
seus cabelos já a deixavam excitada.
As pernas
amoleceram quando ele tocou com os lábios um de seus seios, o corpo prensado na
parede contra o dele anunciavam que o desejo era reciproco.
Como estava
saudosa de tal situação, trazia maravilhosas recordações, o coração palpitava
diferente anunciando que ainda existia algo por Bento, apesar de tudo o que
aconteceu.
Será que era
esse o destino? A reconciliação para que tudo voltasse ao normal?
Eles se
encostaram na porta do quarto de Bento.
B: Me
perdoa, meu amor. Por tudo que eu tive coragem de fazer, eu não sei o aconteceu
comigo. Eu vou à um médico. Quero ser melhor pra você, e eu vou ser...
Ela invadiu
seus lábios, com tanta vontade que as línguas as vezes escapavam da boca.
Abriram a
porta e entraram.
Ainda no
corredor, a Poesia que estava nas mãos do mordomo, caiu... Assim como a lágrima
que ele insistia em segurar em seus olhos.
O quarto de
Bento era completamente diferente do qual ela ficava.
Havia um
cheiro de madeira um tanto forte, fotos da filha e até mesmo sua, decoravam o
quarto inteiro.
Para espanto
de Beatriz até flores haviam dentro daquele cômodo.
Os cabelos
dele eram macios, e passear com as mãos por entre eles era gostoso.
Bento ergue
a blusa que ela vestia, e encostou a boca em sua barriga, beijando calmamente o
local, a barba arranhava sua pele, e ela apenas sentia aquela sensação.
Ela o puxou
até a altura de sua boca.
Mais um
beijo aconteceu, dessa vez com mais veracidade.
A perna já
entrelaçada na cintura dele a puxava cada vez pra mais junto de seu corpo.
Ele a despiu
com certa facilidade.
Será que
Bento também não tivera ninguém durante todo esse tempo? Nenhuma amante lhe faz
companhia as viagens que diz ser para o trabalho?
O toque e
tudo ainda parecia como tanto tempo atrás já fora.
Apenas a
roupa íntima restava em seu corpo, e Bento como sempre fazia... Gostava de
puxá-las, da forma mais prática que conseguisse.
Ele
percorreu com os dedos por seus braços, para enfim chegar até a alça do sutiã.
Mas quando
tocou ...
Os pulsos
ainda tinham as marcas das correntes que ficavam como companhia na antiga casa.
Ele as viu e
o semblante mudou.
Como em um
passe de mágica, tudo mudou. Ele levantou-se. E começou a vestir-se.
B: Bento? O
que foi?
Benn: Está
errado. Não.
B: O que
está dizendo?
Benn: Não
deve estar aqui.
As mãos
estavam agitadas.
B: Bento,
vamos recomeçar. Temos uma filha linda, não vamos jogar tudo... – interrompida
–
Benn: Minha
filha!
B: Sim, é.
Mas...
Benn:
Vista-se!
B: E pra onde
foi toda a conversa de...
Benn: CHEGA!
– gritando –
Beatriz não
conseguia entender o que era tudo aquilo, Bento ficou estranho, parecia outro,
completamente outro.
Ele estava
prestes a sair do quarto, antes gritou pelo corredor chamando, Dan.
Não demorou
muito até o mesmo aparecer em frente a porta.
Ela logo
puxou um lençol e cobriu seu corpo, ainda estava com as peças intimas, o que
Bento estava fazendo?
Benn:
Ajude-a se vestir e a leve até aquele quarto.
Aquele? –
pensou, Beatriz –
Dan: Como
quiser, Senhor.
Bento bateu
a porta do quarto ao sair.
B: Ei! Eu
não preciso que me ajude a se vestir, sei muito bem fazer isso, eu sei...
As lagrimas
começaram passear em seu rosto. Como poderia estar com tanta certeza de que ele
mudaria? Que idiota!
Tudo
continuava exatamente como antes, exatamente.
Nem mesmo
quando estava acorrentada naquele quarto escuro, sentiu-se tão humilhada como a
minutos atrás.
Enquanto os
pensamentos fervilhavam em sua cabeça, as lágrimas não sessavam, e nisso, algo
inesperado aconteceu.
Dan: Como
quiser.
Ele não se
moveu e isso incomodou, Beatriz.
Apenas a
olhava, enquanto a mesma tentava de uma maneira discreta vestir-se sem que o
mesmo conseguisse ver qualquer parte de seu corpo.
B: Porque me
olha dessa maneira?
Dan: Porque
te amo.
4 comentários:
-
-
Tô amando a história, mas coloquem a lista de personagens, só sei q a Beatriz é a Giardini e mais nada rsrs Obrigada !
- terça-feira, 2 de fevereiro de 2016 às 00:12:00 BRST
- Unknown disse...
-
Uhuhhhhh! To intrigada com essa história.... Qual a do Dann p mim ele já observava ela a muito tempo antes de irem p essa ksa..
- quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016 às 20:42:00 BRST
- Unknown disse...
-
Sooocorro! Continua por favor #Dan love
- terça-feira, 9 de fevereiro de 2016 às 03:40:00 BRST
- Unknown disse...
-
Olá, anônimo.
O vídeo com a apresentação dos personagens já está junto com as demais aberturas. Tem na page também. Obrigada por acompanharem, pessoal. - sábado, 13 de fevereiro de 2016 às 16:21:00 BRST
4 comentários:
Tô amando a história, mas coloquem a lista de personagens, só sei q a Beatriz é a Giardini e mais nada rsrs Obrigada !
Uhuhhhhh! To intrigada com essa história.... Qual a do Dann p mim ele já observava ela a muito tempo antes de irem p essa ksa..
Sooocorro! Continua por favor #Dan love
Olá, anônimo.
O vídeo com a apresentação dos personagens já está junto com as demais aberturas. Tem na page também. Obrigada por acompanharem, pessoal.
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