B: Como se
atreve a dizer isso pra sua Patroa?
Os lábios
aproximavam-se ainda mais, a distância agora era de apenas um palmo.
D: Senhora
Beatriz... Não sabe de nada.
Ela queria
xingá-lo, mas estranhamente não conseguia.
D:Mas por
enquanto, apenas obedeça o senhor Bento. É o mais inteligente a se fazer.
Ele a
soltou, ela não tentaria mais nada. Era inútil. Muita coisa está envolvida,
está agindo por impulso.
O derrubaria
com um vaso de vidro e logo depois faria oque? Correria até a cidade? No
escuro?
E sua filha?
Realmente a deixaria?
A última vez
que tentou levar Ana Beatriz, o resultado foi desastroso, mas conseguiria
deixa-la?
Seus
pensamentos foram dispersos.
D: Coma,
amanhã será um longo dia, precisa se alimentar.
B: Não tenho
fome.
D: Não me
obrigue a ter que te alimentar eu mesmo.
Ela ficou em
silêncio.
B: O que
sabe sobre mim? Sobre essa família?
D: Sei que
devo ao Senhor Bento, uma dívida que talvez eu leve a vida inteira pra pagar,
sei que não se deve encará-lo como tenta fazer. Apenas obedeça e nada de ruim
acontecerá.
B: Eu nunca
o contrariei, e mesmo assim... Olhe o que ele fez.
Mais uma vez
ela mostrou seus pulsos.
D: Não se
imponha nas decisões a respeito da criança Ana Beatriz.
B: O que? Eu
sou a mãe dela!
D: Sabe que
a decisão sempre é dele, seus protestos de nada adiantam.
B: Eu...
D: Eu te
amo, mas não posso te defender ou te proteger da forma que será preciso se não
coperar.
B: Pare de
repetir isso.
D: Nunca!
Agora alimente-se, volto depois pra saber se precisa de algo.
Ele estava
quase alcançando a porta quando ela o segurou pelo braço.
B: Espera.
Dan fechou a
porta e ficou de frente pra ela.
B: Onde está
minha filha?
Dan: Já está
dormindo, o Senhor Bento prometeu-lhe um novo presente se fosse para a cama
assim que ele saísse.
B: E ele foi
pra onde?
Dan: Não
sei.
B: Não sabe
ou não quer me contar?
Dan: Não
sei, e se soubesse não te contaria.
B: Porque.
Dan: Não é
necessário e nem inteligente você saber de nada que o Senhor Bento faz ou deixa
de fazer fora daqui.
B: No fim,
você deve ser como ele.
O Mordomo
teve o rosto tomado por susto.
Dan: Não me
conhece. Por isso diz tal absurdo.
Beatriz
sentiu-se envergonhada pelo que disse, não achou que Dan levaria tão a sério
algo que disse sem pensar.
B: Me
desculpe, falei sem pensar.
Dan a olhou
de forma carinhosa e sorriu dizendo:
D: Se fosse
minha, te traria o café da manhã na cama, adoraria acariciar seus cabelos
enquanto estivesse lendo suas poesias apoiada em mim.
Amaria
acordar toda manhã e olhar esses olhos verdes encarando os meus.
Me
deliciaria a cada beijo que conseguisse desses lábios
Se fosse
minha, apenas seria o homem mais completo e feliz que existiria nesse mundo.
Ela não
tinha palavras para expressar o que sentiu ao ouvir tamanha declaração, de
alguém que conhece há apenas alguns dias, mas que tem a sensação de conhecer há
anos.
As palavras
pularam de sua boca, não teve tempo de segurá-las.
B: Me ama...
(rindo) De que maneira um homem que mal me conhece pode me amar? Ou melhor, de
que maneira um homem pode amar uma mulher que está dessa maneira? (olhando-se
com desprezo)
Dan
aproximou-se de seus lábios e sussurrou:
D: Da maneira mais deliciosa que se possa imaginar;
D: Da maneira mais deliciosa que se possa imaginar;
Não disse
mais nada, Beatriz viu Dan virar-se em direção a porta e sair mais uma vez do
seu cativeiro disfarçado de quarto.
O que ele
disse ficou revirando em sua cabeça, tudo o que disse.
Quase três
meses se passaram desde então.
Beatriz só
não tentou contra a própria vida, porque de alguma maneira, Dan a impedia.
Nunca chegou
a dizer nada a ele, mas tornou-se mais próximo do que queria, e isso a deixava
confortável.
Era uma
ensolarada manhã, Beatriz ouviu as chaves no trinco, o Mordomo a agraciava com
um sorriso.
Dan: Vamos?
B: Vamos?
Vamos aonde?
Dan: Ficar
livre por algumas semanas, o que acha?
B: O que
quer dizer? Bento deixou que... (foi interrompida)
Dan: Não, Senhor Bento não deixou nada, apenas precisará ficar fora por algumas semanas, e deixarei que viva livre por esses dias.
Dan: Não, Senhor Bento não deixou nada, apenas precisará ficar fora por algumas semanas, e deixarei que viva livre por esses dias.
Ela mal
podia acreditar.
B: Faria
isso por mim?
Dan: Já
disse que daria a minha vida pela sua.
Ela corou e
envergonhou-se por não conseguir disfarçar.
Estava quase
deixando o quarto quando lembrou-se de algo muito importante.
B: Ana,
minha filha. Minha filha não pode me ver pela casa, ela vai contar a ele, e...
Dan: Ela foi
com ele.
Ela sorriu,
eram só alguns dias, mas era mais do que poderia querer.
Dan: Você
vem? (estendendo-lhe uma das mãos)
B: Mas é
claro que sim!
Começaria
ali, o que Beatriz há muito tempo não tinha... carinho e atenção.
Enquanto
descia as escadas, Beatriz estranhou.
Os
empregados todos a aguardando ao pé da escada.
B: Dan, o
que é isso? (falando baixinho perto dele)
Ele estava em sua frente.
Ele estava em sua frente.
Dan: Seus
empregados, estão aqui para servi-la. Do jeito que desejar ser servida.
B: Me sinto
estranha, não pertenço a esse lugar.
Dan: Não se
sinta assim, você é a Dona desta casa e de tudo aqui.
Ele parou os
passos e virou-se de frente para ela.
Dan: Dona de
mim.
Ela mudou
logo de assunto.
B: Queria
que tudo fosse diferente, queria nunca ter aceitado tal absurdo, casar-me com
alguém que mentiu ser alguém que não é.
Iludida por
doces poesias e nada mais.
Dan: Foram
feitas com amor, Senhora Beatriz.
B: E
recebidas também, Dan. Mas... Não sei mais.
Dan: Tudo
irá mudar, precisa apenas ter paciência.
Ele sorriu
delicadamente pra ela, e voltou a descer as escadas.
Logo os
empregados começaram a questioná-la.
“Deseja algo
em especial para o café?”
“Já tem algo
em mente para o jantar?”
Uma outra
foi falando e subindo as escadas.
“Com
licença, vou trocar suas roupas de cama”
Dan:
Acalmem-se, assim deixarão a Senhora Beatriz estressada. Por hora apenas sirvam
o café da manhã.
Ele a
acompanhou até a sala de estar.
Como era
enorme, Beatriz lembrava-se de que mal teve tempo de observar calmamente a
casa, já fora logo trancafiada naquele lugar.
Dan puxou a
cadeira para que ela se sentasse, assim que a acomodou em seu lugar,
aproximou-se com um bule com café.
Dan: Café?
B: Prefiro
apenas um suco, se não for pedir demais.
Dan:
Perfeitamente, Senhora.
Ele logo
voltou com a jarra de suco.
Dan: é de
laranja.
B: Adoro
suco de laranja (sorrindo)
Dan: Eu
sei... (baixinho)
Enquanto ele a servia com o suco, ela disse:
Enquanto ele a servia com o suco, ela disse:
B: Dan...
Dan: Hum?
(ainda servindo-a concentrado)
B: Não me chame
mais de Senhora. Apenas de Beatriz.
Ele parou o
que fazia, foi preciso alguns minutos para que pudesse se recompor do que
acabara de ouvir.
Dan: Como
quiser, Beatriz.
O som da voz
de Dan pronunciando apenas “Beatriz” a deixou estremecida.
O mordomo terminou
de servi-la e ficou parado ao lado, apenas observando-a e aguardando a próxima
ordem.
Beatriz
deliciava-se com as gostosuras que havia na mesa farta a sua frente, quando de
repente ela perguntou:
B: Você é
casado?
Ele
paralisou, a pergunta o pegou de surpresa.
Dan: Como?
B: Perguntei
se é casado, tem alguém que ...
Dan: que
amo? (completando a frase)
Ela parou um
pouco de comer e o olhou.
Dan: Eu não
sou casado, que tipo de homem pensa que sou, Beatriz?
B: Desculpe,
eu não quis...
Dan: Eu
disse que te amo e que daria a minha vida por você, como pode pensar que eu
falaria isso pra alguém sendo casado?
B: Eu
perguntei sem pensar.
Dan ficou
visivelmente incomodado com a pergunta, e Beatriz sem jeito com o que
perguntou.
Ambos
ficaram em silêncio. Beatriz agora beliscava o pãozinho açucarado a sua frente.
O Mordomo
quebrou o silêncio.
Dan: Mas já
fui casado.
Ela ficou
surpresa.
B: Foi?
Dan: Sim,
mas não durou muito, em pouco mais de um ano já estava sozinho.
B: É, se
pudéssemos prever como seria nosso casamento, talvez nunca tivéssemos dito sim.
D: Nunca me
arrependo do que eu falo.
Essa
resposta deixou Beatriz realmente sem palavras.
O que havia
escondido naquela casa? Tudo era estranhamente organizado.
Dan parecia
temer Bento, cada vez que Bento o chamava, lá estava ele, parado a sua frente
pronto para receber qualquer ordem como se fosse um cachorrinho de estimação.
E agora...
Desrespeitando
a maior de todas, que é a de mantê-la presa naquele quarto.
Ela bebeu
mais um gole do suco de laranja, e olhou para Dan.
B: Já tomou
café?
D: Não se
preocupe comigo.
B: Você se
preocupa comigo, porque não posso me preocupar com você?
Ele ficou um
tempo quieto, pensando no que poderia responder. Mas ela adiantou-se.
B: Sente-se.
Me faça companhia.
O Mordomo
assustou-se.
D: Por
favor, não é necessário. Estou aqui apenas para te servir e...
B: Entendo.
D: Entende?
B: Você só
obedece ordens vindas do meu marido.
Ela disse
isso com um tom de voz decepcionado.
Ela só o
percebeu sentando-se ao seu lado.
Alguns
empregados arriscavam a olhar pelo canto da porta.
O Mordomo só
poderia estar querendo morrer, sentar-se ao lado da mulher do fazendeiro como
um amigo qualquer.
Ela o
encarou.
Dan: Se
minha companhia te faz bem, já tenho motivo mais que suficiente para morrer
feliz.
O sorriso
que dera para ela, foi tão encantador que a mesma até esqueceu as palavras que
usaria para dar uma bronca em Dan pelo absurdo que dissera.
B: Dan...
Dan: Sim?
B: Há quanto
tempo trabalha com Bento?
Dan: Há
muito, muito tempo.
B: Diz que
me conhece por isso? Trabalha com ele desde a aposta?
Dan: A aposta
que seu falecido pai perdeu em um jogo de cartas na sua antiga cidade enquanto
embriagava-se com o Senhor Bento?
Ela
assustou-se com a exatidão com que Dan soube explicar do que ela falara.
B: Sim...
Dan: Sim,
trabalho desde pouco antes dessa aposta.
Ele tirou as
luvas de tecido de suas mãos de maneira organizada, as apoiou sob seu colo.
Ela não
saberia explicar o porquê fez isso, mas quando percebeu, sua mão já estava
apoiada sob a dele.
Estava se
perdendo no momento, os olhos miravam nas mãos, mas viam o mais distante dos
sonhos.
Quando
voltou em si, olhou para Dan, que a encarava curioso.
B: Oh, me
desculpe. Eu não sei o que...
Antes que
pudesse tirar sua mão de cima da dele ele a segurou com a outra.
B: Suas
mãos... São tão macias...
As palavras
agora eram sussurradas, e os rostos se aproximavam despercebidos.
Ela o olhava
e mesmo sabendo que não era certo, não conseguia não ir de encontro ao beijo que
aconteceria.
Estava mais
perto.
B: Não sei
porque... Não consigo parar... - sussurrando –
Dan: Então
não pare. – sussurrando –
1 comentários:
Aaaaaaain, logo na hora do tão esperado beijo, soooocorro! Ansiedade batendo!
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