Ela encheu o
seu peito de ar e coragem, e aos seus vinte e poucos anos, entregou sua vida a
Bento.
B: Vamos.
Bento deu um
largo sorriso.
B: Eu só
preciso de um tempo para arrumar minhas coisas, não achei que viria tão
depressa e... (foi interrompida)
Ben: Não. Nada disso será necessário.
Compraremos
tudo novo. Nada mais será como antes, quero que se esqueça dessa casa, desse
lugar e de tudo antes de mim. Vamos ser felizes. Te farei a mulher mais feliz
desse mundo. Eu prometo.
Ao terminar
tais palavras, Bento a puxou para um abraço.
Quente e
aconchegante, mostrando a Beatriz que a protegeria de tudo e de todos.
Aquele dia
sempre ficará na memória de Beatriz. Fez como Bento a instruiu, deixou tudo
para trás...Tudo.
Algum tempo
passou, o casamento não fora um evento tão grande e chamativo por vontade de
Beatriz, porque por Bento, o casamento deles ficaria marcado na história da
pequena cidade.
Como tudo na
vida, as coisas mudam, as vezes para melhor, as vezes para pior, as vezes só
deixam de ser tão importantes.
As poesias
diminuíram, não a recebia mais como antes, agora ganhava somente aos finais de
semana. Bento dizia que era por ter mais inspiração quando viajava.
Mesmo assim
ela gostava. E as guardava todas em uma delicada caixa.
Os anos
foram se passando, Beatriz nunca mais viu seu pai, ouviu rumores por alguns
meses depois de seu casamento, mas logo depois... Nem isso.
-
Enfim a
grande notícia, Bento já havia perdido as esperanças. Mas Beatriz, nunca.
Ela estava
esperando chegar de mais uma de suas viagens.
Sentava
confortável em sua poltrona no escritório.
Ele chegou
feliz, trazia boas notícias da capital.
Ao entrar,
assustou-se com sua bela mulher o esperando no escritório.
Ben: Boa
noite, meu amor. O que faz acordada a essa hora?
B: Estava te
esperando.
Ben: Eu
disse que chegaria tarde.
B: Me trouxe
poesias dessa viagem?
Ben: Mas é
claro que sim. Está em uma das malas.
Beatriz
continuava olhando-o em silêncio.
Não era o
que costumava a fazer quando Bento anunciava a vinda de uma nova poesia.
Ben: O que
foi, meu amor? Perdeu o interesse nas poesias? (sorrindo)
B: Não, é
que eu...
A voz
começava a ficar embargada.
Ben:
Aconteceu algo quando eu não estava? Você está bem? O seu pai, ele... (foi
interrompido)
B: Eu estou
gravida! (sorrindo)
Ben:
Grávida? Não... (sorrindo)
B: Sim!
(sorrindo)
No mesmo
instante, Bento a segurou em seus braços e a beijou docemente.
Os lábios
movimentavam ao sabor salgado das lágrimas dela.
B: Eu te
amo, te amo!
Ben: Eu sou
o homem mais feliz do mundo.
Beatriz
sabia o quanto queriam aquela criança, desde o primeiro instante esse bebê fora
desejado.
Ele a
segurou pela nuca, e a puxou contra seus lábios, enfim teria o seu maior desejo
realizado, um herdeiro.
Para seguir
com os negócios da família.
Seriam os
maiores joalheiros que já se ouviu falar.
Ali, naquele
lugar um tanto escuro, Beatriz comemorava junto ao marido a vinda do novo
membro da família.
As cortinas
do escritório eram pesadas, e iria abafar o som daquela comemoração.
Ele a ergueu
em cima da mesa, não era delicado, mas Beatriz não se incomodou com isso.
As mãos de
Bento já acariciavam as coxas dela, que já se entrelaçavam em seu tronco a
medida em que sua língua se encaixava com a de Beatriz.
Embora já
tivessem quase seus quarenta anos, não se sentiam assim.
Sentiam-se
cada vez mais jovens.
Os cabelos
estavam a essa altura soltos e jogados para trás.
Os olhos
fechados para que pudesse se concentrar apenas nas sensações que seu corpo lhe
mandava.
Os lábios
dele caminhavam lentamente por toda a extensão de seu colo.
Sentia o
arrepio percorrer todo o seu corpo.
Ele voltou a
altura de seus lábios e a beijou novamente.
As mãos
agora, apertavam sem cuidado algum a cintura de Beatriz.
O sutiã já
se encontrava jogado em cima da mesa, e seu vestido descia cuidadosamente por
suas pernas.
Ele
acariciou seu rosto, e com sua ajuda a posicionou de uma maneira perfeita.
A encarou em
um profundo olhar, e a puxando para si, a penetrou, arrancando dela um gemido
deliciosamente provocador.
Que só fez
com que ele intensificasse seus movimentos.
O som da voz
dela pronunciando tais ruídos, era maravilhoso... Delicioso.
Ele a
mordiscou na orelha, e aprimorou ainda mais seus movimentos chegando com toda a
velocidade um quente e delirante gozo.
Ainda sem
parar seus movimentos, a beijou nos lábios segurando neles mais um gemido.
E somente
depois de ver a respiração dela voltar aos poucos ao normal, ele parou os
movimentos e a deixou descansar toda aquela adrenalina.
Após se
recomporem, Beatriz o abraçou.
B: Obrigada
por tudo, por me fazer tão feliz.
Ben: Desde
que te conquistei... Essa é minha razão de viver, te fazer feliz.
Ela o
beijou, haviam tentado tanto tempo. Para Beatriz se tornar uma mulher completa,
era somente isso que faltava em sua vida, um filho.
Bento era o
homem que qualquer mulher pediria aos céus.
-
Era uma
gravidez de risco, Beatriz tinha pressão alta e precisava de repouso absoluto.
O que não foi nada difícil, afinal, na imensa casa em que moravam, os
empregados a rodeavam de serviços e cuidados. Nunca precisou fazer nada, ainda
mais agora.
O tempo
passou, Beatriz agora tinha uma linda e saudável barriga de 7 meses.
A pequena
Ana Beatriz estava a caminho, e Bento estava mais ansioso e desesperado do que
a própria Beatriz.
Estava
arrumando as roupinhas de sua filha no enorme jardim de sua casa. Era lindo,
cheio de pequenos campos de flores, Bento mandou encher de flores quando
descobriu que elas encantavam Beatriz. Que podia passar horas e horas apenas
observando-as, o dia estava lindo, a brisa trazia para junto dela o delicado
perfume das rosas brancas ao lado.
Sentava em
um banco de madeira, que já machucavam suas costas pelo tempo que lá estava. A
Barriga estava grande demais, e uma posição confortável em um banco de madeira
era praticamente impossível. Acariciou mais uma vez sua barriga, e começou a
imaginar o rosto do anjo que estava a caminho de sua vida. Cheirava as
roupinhas do cesto ao seu lado, tinham cheiro de bebe sem ao menos ter vestido
um. O pensamento estava longe quando sentiu um pequeno desconforto.
B: Bia? O
que foi filha?
As mãos
cuidadosamente passeavam sobre a barriga.
B: O que
está sentindo? Quer ouvir mais uma poesia do papai? (sorrindo)
Com certa
dificuldade, levantou-se no banco para pegar o cesto e entrar, mas antes de
sequer pegar o mesmo.
Foi
surpreendida.
S: Olá,
filha.
Beatriz
recuou de imediato, encostando no banco que estava atrás.
S: Eu vim
aqui, porque preciso de dinheiro;
O cheiro de
cachaça fazia Beatriz sentir fortes enjoos. Mas o pior, era ver o próprio pai
naquela situação.
Estava
deplorável, a barba estava tão comprida que chegava a quase alcançar o peito.
As roupas surradas
e sujas, provavelmente andara vomitando.
B: O que
quer aqui?
S: Você sabe
o que eu quero. Sabe o porquê está aqui. Está aqui graças a mim, agora tem tudo
do bom e do melhor, é rica, vai até ter um filho.
Ao dizer
isso, Sebastião chegou a esticar as mãos para encostar na barriga dela.
Nunca, nunca
deixaria aquelas mãos imundas chegarem tão perto do ser mais puro que poderia
ter;
B: Você me
vendeu, como se eu fosse um bicho, um objeto qualquer.
A expressão
de Beatriz era de nojo. As vezes pensava como sua mãe aguentou por tanto tempo
aquela situação;
Sebastião
segurou forte nos braços de Beatriz.
S:
Desgraçada, sequer trouxe seu pobre pai para morar com você. Me deixou naquele
lugar imundo que um dia sua mãe chamou de lar. Tudo que tens é graças a mim...
B: Me solta!
Está me machucando.
As lagrimas
começavam a cair sobre o rosto. Estavam incontroláveis, estava com medo, muito
medo. Como quando sua mãe apanhou na sua frente e não pudera fazer nada.
S: Me dá
logo o dinheiro! (Gritando)
B: Não! (Gritando meio a lagrimas)
B: Não! (Gritando meio a lagrimas)
O bêbado
deu-lhe um forte tapa no rosto, fora tão forte que Beatriz chegou a cair, não
foi um tombo tão grave, ou melhor... Não seria se ela não estivesse grávida de
8 meses e nervosa daquela maneira.
No mesmo
instante ela sentiu a forte fisgada em sua barriga.
Sebastião a
segurou nos ombros e a sacudiu bruscamente.
S: Não me
ignore, sua moleca! (Gritando)
Ela só viu o
vulto, Bento passou por ela e jogou-se por cima de seu pai, ela viu os dois
caídos ao chão.
Os socos
eram fortes, Beatriz via as mãos de Bento ficarem vermelhas. Sua voz não tinha
mais tanta força, a dor estava ficando insuportável.
B: Pare...
(Sussurrando)
Beatriz começou a ser amparada pelas empregadas, ouviu quando uma delas pediu agua e panos.
Beatriz começou a ser amparada pelas empregadas, ouviu quando uma delas pediu agua e panos.
B: Minha
filha. Por favor... Não deixem que...
_: Por favor
senhora, precisa ficar calma.
Ela ainda
via Bento ajoelhado no gramado.
B: Bento...
Pare...
A voz não o
alcançava, parecia não alcançar sequer as empregadas que a amparavam.
B:Por
favor....
A dor
intensificava.
B:Para!!!!
O grito
agora alcançava a todos.
Ele largou o
velho ao chão e correu em sua direção;
Ben: Porque?
O que estão fazendo? Ainda não é a hora.
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