A Raiva
tomava conta de Beatriz.
_Por favor,
Senhora. Não me obrigue a ...
Ela foi em
direção a porta, mas antes de que o empregado pudesse segurá-la, Bento entrou.
Benn: O que
está acontecendo aqui? – nervoso –
B: Estou
sendo proibida de sair dessa casa por ordem sua. Isso só pode der um equívoco,
você não... – interrompida –
Benn: Venha
comigo.
Bento a
segurou pelo braço e a levou para o quarto.
Ao entrar,
Beatriz começou a questioná-lo inocentemente.
B: Que ordem
é essa de que os empregados estão falando?
Benn: É isso
mesmo.
B: Bento,
está brincando comigo? Desde quando me proíbe de sair de casa?
Benn; Desde
quando você decidiu ter passeios noturnos, sozinha e sem me avisar.
B: Isso não
é necessário, já não... – interrompida –
Benn: Isso
não é uma questão. É uma ordem!
B: Não pode me
tratar dessa maneira, Bento. O que está acontecendo com você?
Benn: Você é
minha, e eu posso fazer o que eu quiser.
Ela não
podia acreditar no que estava ouvindo, onde é que ele estava com a cabeça,
desde quando decidiu virar esse tipo de marido.
E as coisas
estavam só para piorar, um tempo passou desde esse ocorrido.
Se
perguntassem, ela jamais conseguiria dizer quando foi que isso mudou.
De um sonho
a um pesadelo... De um conto de fadas, para uma história de terror.
Bento havia
chego de uma viagem, a filha estava na escola, hoje com seus 12 anos, Ana
Beatriz era o maior tesouro.
Beatriz não
tinha autoridade nenhuma sobre ela, toda e qualquer ordem ou decisão que se
dirija a ela, Bento é quem ditava as ordens.
Os
empregados foram se desfazendo, tornando-se restritos, escolhidos
minunciosamente.
Os que
ficaram, eram estritamente proibidos de abrir a porta do segundo quarto a
esquerda do corredor do andar superior.
Somente um
tal de Joaquim era autorizado a subir com as refeições. Antes de tudo isso
chegar na situação atual, Joaquim fora contratado apenas como segurança da
casa, mas com o tempo Beatriz pode perceber de que se tratava de um cão de
guarda, e guardava com fidelidade sua liberdade.
-
Ela sabia
que ele estava de volta, o barulho do carro a atormentava até mesmo nos sonhos.
Toda a vez
que o ouvia seu corpo encolhia e suas costas doíam.
Como pudera?
Porque?
Queria ter a
coragem de manda-lo ao inferno e junto com Ana Beatriz, sumir no mundo.
Mas isso não
era mais possível. Tinha agora seus quase 50 anos, e estava decidida a esperar
a morte.
Sem família,
sem ninguém.
Lutar pra
que? Por quem? A filha era tratada como princesa.
Estava no
escuro como sempre. A corrente que amarrava o seu braço esquerdo na cama, a
impossibilitava de puxar as cortinas, fechadas propositalmente por ele.
Os passos
aproximavam ao corredor.
As lágrimas
forçavam a sair, mas ela não queria. Estava cansada de chorar, os olhos ardiam.
E o que adiantaria? Lagrimas não iriam tira-la daquela situação
Segurou com
toda a sua força as lagrimas, quando o clarão invadiu seu quarto, anunciando a chegada
dele.
Ben: Bom
dia, amor. Senti saudades. (Aproximando-se)
Ela o
encarava, não iria chorar... Não podia chorar.
Continuou em
silêncio. Mas Bento odiava isso. Era um homem completamente ditador, e já
deixara claro que Beatriz deveria sempre adivinhar suas vontades.
Mesmo
sabendo que isso era impossível.
Ele
aproximou-se dela, acariciou seu rosto e a beijou.
Ben: Acho
que não me ouviu dizer... Eu senti saudades, Beatriz!
O tom de voz
já estava diferente, ele sabia como ela se sentia, mas também sabia que ela
estava devidamente domesticada.
A voz
aparentava estar trêmula quando ela respondeu:
B: Eu também
senti saudades, meu amor.
Essa era uma
das frases que a livrava de uma interminável surra.
Ben: Como
passou nesses dois dias? Se alimentou? Está magra demais!
B: Sim,
todas as refeições que trazem.
Ben:
Estranho. Então acho que pedirei para que reforcem suas refeições.
B: Não...
Não acho nece... (foi interrompida)
Ben: Como é
que é?! (Gritando)
B: Não, eu
não quis...(interrompida)
Ben: Você
não acha nada! Quem decide o que é necessário ou não pra você, sou eu.
Ela já havia
levantado da cama para responde-la. Apenas queria morrer, e alimentar-se só
iria atrasar esse desejo.
B: Como
quiser.
A cabeça
sempre baixa ao respondê-lo, essas eram as ordens.
Beatriz foi
trancafiada em um dos cômodos da casa, apenas aparecia para o jantar, onde era
obrigada a fingir na frente da filha que estava tudo bem, que sua ausência nas
manhãs e aos finais de semana nos passeios com Bento, era apenas de cansaço
excessivo.
A filha
jamais desconfiara, e também não fazia tanta questão assim da presença da mãe.
Para Ana
Beatriz, apenas o pai a importava. Por ele, ela faria tudo pelo pai que tanto a
ama, era capaz até de deixar a mãe de lado e apenas fingir que a mesma não
existe.
-
Beatriz
Miriolli, um dia foi jovem e feliz, um dia... Foi livre.
Será que era
esse o destino que Deus havia lhe reservado? Pediu a Deus que lhe mostrasse o
caminho, que lhe mostrasse o que fazer daqui para frente, que se seu destino
fosse morrer trancafiada naquele cômodo, que ele lhe desse algum sinal, que ela
estaria pronta para qualquer coisa.
-
Aquela manhã
reservava forte emoções.
Ela ouviu o
barulho do carro saindo, não mais de dois minutos demorou para que Joaquim
anunciasse sua entrada no cômodo.
A comida já
não lhe caía bem a muito tempo, mas já não tinha mais como livrar-se dela.
Agora além de entregar as refeições, o fiel empregado aguardava até que ela
comesse tudo.
E naquela
manhã não foi diferente.
Beatriz não
conseguia, por mais que forçasse, a comida não descia.
Sempre
durante as refeições ela era desamarrada por Joaquim que ao fim da refeição a
amarrava novamente.
Depois de um
longo tempo de Beatriz tentando engolir a refeição, ela acabou.
E para a sua
maior surpresa, Joaquim deixou a porta destrancada e suas correntes soltas.
Nunca saberá
dizer se fez aquilo sem perceber ou realmente para ajudá-la mas não havia como
ignorar tamanha sorte, aquele era o sinal que tanto havia clamado.
Estava claro
como água, seu destino não era morrer naquele quarto.
2 comentários:
Vem q vem 2016...quero mais
Esse Bento é um filho da puta!! Como assim, deixar a esposa amarrada!? Ansiosa pro Dan chegar logo e acabar com essa palhaçada
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