Beatriz
estava sem entender exatamente, precisava de mais detalhes.
B: Filha?
Bento já foi casado antes?
Dan: Já.
Ela estava
pensativa, mil suposições passavam pela sua cabeça.
B: E o que
aconteceu com a menina?
Dan: Morreu,
um câncer o pulmão fez com que a menina morresse cedo, devia ter uns 6 ou 7
anos.
B: Você já
trabalhava com ele?
Dan: Lembro
apenas dos últimos momentos. Eu tinha acabado de chegar para essa casa, e Bento
me deus outros trabalhos, quase não participei desse momento.
B: Por isso
Bento é tão protetor com a Ana Beatriz.
Dan: Sim.
B: Mas
porque me trata dessa forma? Eu já não o amo mais, nem ele a mim. Porque não me
deixa livre, pra viver longe daqui.
Dan: Porque
ele é louco.
Aquilo fez
com que Beatriz ficasse assustada.
Dan: Quero
que fique longe daquele quarto. Longe dessa casa fechada com o cadeado.
Entendeu?
B: Entendi,
mas eu só queria entender o porquê.
Dan: Porque
eu estou dizendo. Não existe nesse mundo alguém que te ame mais que eu. Jamais
colocaria sua vida em risco.
B: Eu só...
Dan: Vou te
tirar daqui, só preciso de uma confirmação do governo sobre um assunto, e nós
três reconstruiremos nossa vida.
B: O que
disse?
Antes que
Dan pudesse explicar o que sequer se deu conta que disse, Bento o gritou vindo
de encontro a eles.
Benn: Dan,
vá ver o que as cozinheiras estão fazendo para o jantar, o cheiro está
impregnando a casa.
Dan: Claro,
senhor.
Tanto Dan
como Beatriz, deram o passeio por ali encerrado. Mas pelo jeito, Bento não
compartilhava da mesma opinião.
Benn: Pra
que a pressa, meu amor. Fique aqui, vamos continuar o passeio.
B: Já está
tarde, talvez seja melhor me recolher.
Benn: Eu
estou mandando ficar.
Ela abaixou
a cabeça e Dan saiu.
Estava
nervosa, gostava de ficar horas sem olhar para o rosto daquele homem que um dia
disse amar.
Ele muito
tranquilo, continuou ao lado dela forçando o passeio a continuar.
Benn: O que
acha do nosso mordomo?
B: Dan?
Benn: Sim,
que eu me lembre não temos outro.
B: Não tenho
opinião sobre ele. Para mim é como qualquer um dos outros em... – foi
interrompida –
Benn: Está
mentindo.
B: Não, eu
só...
Benn: Ouça
bem, Beatriz. O mordomo, é um cachorrinho vira lata, que eu o acolhi por dó.
Entenda que ele fala e faz o que eu mando ele falar ou fazer.
B: O que
quer com isso?
Benn: Te
deixar atenta. É mentiroso.
B: Eu não
sei do que está falando.
Benn: Andei
ouvindo coisas por aí e não gostei. Se eu ouvir novamente, teremos uma
conversinha que você jamais vai esquecer entendeu?
Ela não
conseguia distinguir o que sentia naquele momento.
Benn: Está
curiosa em relação aquele lugar, não é? – apontando para a casinha com o
cadeado –
B: Não.
Benn: Não
minta pra mim! – batendo-a no rosto –
B: Porque
está fazendo isso?
Benn: Porque
não admito que me façam de idiota.
No mesmo
instante ele a segurou pelo braço e começou a puxá-la com força, os passos
apressados dela, quase não conseguiam acompanha-lo.
Ele estava
levando-a para o lugar que ela tanto queria conhecer e Dan esconder.
Bento tirou
a chave de um dos bolsos e abriu o cadeado.
Quando abriu
a porta, Beatriz logo levou as mãos ao nariz, o cheiro era um pouco azedo. E lá
ela pode ver uma cruzinha ao chão.
Era um
tumulo. Havia um nome escrito... Luísa.
B: Quem é
Luísa?
Benn: Minha
falecida mulher. Assim como você era muito teimosa, eu tive que...
As palavras
foram sumindo dos ouvidos dela, a imagem não saía de seus olhos.
Os olhos
pesaram, a visão ficou turva e logo não viu mais nada.
Queria
sumir.
-
O Cheiro de
cravo era forte, estava de novo naquele quarto.
Abriu os
olhos devagar e pode perceber que uma de suas mãos doía, ao levantar a mesma,
viu que tinha um curativo.
Ouviu um
barulho no quarto, não estava sozinha.
Olhou para o
lado e ele estava de pé, ajeitava uma bandeja.
Ao se virar
para ela, não pode acreditar.
Um dos olhos
não abria, o inchaço tomava conta de quase todo o rosto.
B: O que foi
que aconteceu, Dan?
Dan: Senhor
Bento, soube que te tirei do quarto aquele dia, e que estamos próximos demais.
B: Meu Deus,
eu sinto muito.
Ela ia dar
um beijo em seus lábios, mas ele afastou.
B: O que
foi?
Dan: Ele não
me afastou de você.
B: Graças a
Deus, se me tirassem você agora, eu não teria mais sentido pra viver.
Dan ficou
apenas vidrado nela, tais palavras ficaram ecoando em sua cabeça.
Dan: Ouvir
isso, é bem mais do que eu cheguei a sonhar.
Ela sorriu e
foi beijá-lo novamente, e pela segunda vez ele se afastou.
B: Dan, o
que está acontecendo?
Dan: Tão frágil...
– sorrindo –
Dan: Ele
deve estar nos vigiando.
B:
Vigiando?! Mas de que maneira?
Dan: Isso eu
ainda não sei, câmeras, gravadores ou algum empregado.
B: O que
faremos?
Dan
aproximou-se do ouvido dela e sussurrou.
Dan: Aqui
dentro não é mais seguro. Preciso te tirar daqui o quanto antes.
B: E minha
filha?
Dan: Eu te
juro, que ela vai estar te esperando.
Ela sorriu.
B: Ele me
mostrou o que tinha dentro daquela casinha abandonada lá no jardim.
Dan:
Mostrou? – surpreso –
B: E me
ameaçou também.
Dan: Te
ameaçou?
B: Foi o que
ele quis dizer, que a falecida mulher estava morta por ser igual a mim.
Dan: Escuta
uma coisa... Eu dou a minha vida pela sua se for preciso, mas nada vai
acontecer a você.
Uma corrida
contra ao tempo? Tempo de quê?
Bento já
demonstrou que não tem dó de ninguém, além dele próprio e a filha mimada.
Dan e
Beatriz não sabiam o que pensar. Bento deu uma bela surra em Dan por saber que
ele está aproximando demais de Beatriz, mas não o afastou dela.
Porque?
Lá estava
Beatriz em sua janela, mas uma vez esperando a fumacinha lá no fundo aparecer.
O que seria
de sua vida agora?
Apaixonada
por um homem que conhecera há alguns meses, casada com um louco psicopata que
costuma prender as mulheres e a tortura-las.
De fato
pensava que nunca perdoaria aquele velho que se dizia seu pai.
-
O Sol ainda
não havia amanhecido, e Beatriz continuava perambulando pelo quarto. Estava
inquieta. Alguma coisa fazia com que ela ficasse acordada.
Seu coração
quase saiu pela boca quando ouviu a porta se abrir.
Era Dan, o
traje de mordomo não o acompanhava mais.
Em suas mãos
trazia uma sacola, com roupas e um par de tênis.
Dan:
Beatriz... – sussurrando –
B: Dan? O
que faz acordado a essa hora? Aconteceu alguma coisa?
Dan: Ainda
não. Mas logo irá acontecer. Pegue, vista isso. – entregando-lhe –
B: Está me
assustando. O que são essas roupas?
Dan: Seja
rápida, vamos sair daqui.
B: Mas
agora? Assim desse jeito?
Dan: Assim
desse jeito. Desistiu?
B: Mas é
claro que não.
Ela
rapidamente trocou a roupa de dormir, colocou os sapatos que ele lhe trouxera.
Dan: Pronta?
B: Estou com
medo.
Dan virou-se
de frente pra ela e a beijou, as línguas massageando uma a outra.
Dan: Sabe o
que eu fiz?
Ela riu
Dan: Acabei
de roubar todo o seu medo pra mim. Agora me dê sua mão e diga Adeus a esse
lugar.
Tentaram
fazer o mínimo de barulho possível.
As escadas
da entrada principal parecia não colaborar.
A cada
passou, o degrau anunciava.
Tudo estava
completamente escuro, apenas a luz da lua que ultrapassavam as janelas de vidro
é que davam alguma noção de onde andavam.
Abriram a
porta principal e saíram daquela casa. Beatriz sentia o coração pulsar na boca.
Certa hora
parecia não conseguir sequer respirar direito.
O Portão da
entrada foi aberto, e agora a luz da lua não fazia mais companhia, Dan então
tirou a mochila discreta em suas costas e dentro dela pegou uma lanterna.
B: Dan?
Dan: O que
foi?
B: Tem algo
estranho, estou com medo.
Ele sentia
ela apertar suas mãos em seus braços.
Dan ouviu
algo, sentiu Beatriz se afastar e logo o grito dela veio em seguida, ele
acendeu a lanterna e pode ver.
Bento
segurava Beatriz pelos braços, e quando Dan foi aproximar-se um pouco mais, o
fazendeiro sacou a arma e apontou para o mordomo.
Benn: Fique
quietinho aí.
B: Não, por
favor. Sou eu quem você quer, não precisa atirar nele.
Bento riu.
Benn: Está
apaixonada... Idiota!
Beatriz
agora estava quase deitada aos ombros de Bento, o mesmo puxava seus cabelos com
muita força.
Benn: O que
acharam? Que iam sair na calada da noite enquanto eu ficava lá na minha cama
contando carneirinhos?
Dan: Senhor
Bento, por favor. Não machuque ela.
Benn: é a
MINHA mulher, vira lata. Como eu a trato, é problema meu.
Ao dizer isso,
Bento a jogou no chão.
A visão de
todos estava horrível, somente a lanterna que Dan carregava em uma das mãos
ajudava um pouco.
Bento
parecia tranquilo, e isso era muito perturbador.
Benn: Você é
uma imbecil mesmo, Beatriz.
Acreditou
mesmo que um vira-lata ia mesmo me enfrentar pra te tirar daqui? Ele mente,
sempre mentiu pra você.
B: Está
mentindo!
Benn: Cala a
boca! – puxando o cabelo dela –
Dan: Não a
machuque, por favor. Me mate se quiser, mas não faça nada a ela.
Benn: Dan
foi quem escrevia as poesias pra você.
Beatriz
olhou para Dan, a expressão em seu rosto era indecifrável, e a escuridão da
noite, atrapalhava ainda mais.
Benn: Assim
também como foi ele quem comprou as correntes que por tantos dias te prendeu.
B: Como é?
Benn: Isso
mesmo meu amor, o seu amado mordomo sempre me ajudou em tudo. Mentiu pra você
desde o início. Vai confiar mesmo nele? É mais cruel do que eu.
Beatriz
precisava se soltar, o mais rápido possível.
Benn: Você
volta comigo. – encarando, Beatriz –
Dan
continuava parado não queria pôr a vida de Beatriz em risco.
Mas ela
estava disposta a isso.
Virou-se de
maneira brusca e acertou uma cotovelada na boca do estomago de Bento, o mesmo
arqueou-se com a dor, mas logo mirou a arma para eles e atirou.
Beatriz e
Dan começaram a correr por entre as plantações, quase nada era visto a frente
deles. Mas logo atrás Bento os seguia.
B: Nunca
mais irá ver sua filha, sua vagabunda!
Ela parou, e
assustou Dan por tal ato.
B: Minha
filha ele disse...
Dan: Ela não
é a sua filha, Beatriz. Vamos logo.
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