Alguns
minutos depois ela acordou, levou certo tempo até lembrar-se de como foi parar
ali, ou o que acontecera antes de fechar os olhos.
Ela viu a
filha passar pelo corredor da casa, o barulho das rodinhas no assoalho a
despertaram.
O dia, o que
aconteceu, onde estava e onde está agora? Tentou levantar-se, a cabeça doeu de
leve, foi quando viu a carinha sapeca de sua filha ao lado da porta gritar:
Ana: Pai!! A
mamãe acordou.
A filha não
entrou no quarto, apenas continuou fazendo barulho pelo corredor.
Não demorou
muito mais até que Bento entrasse aflito no quarto.
Benn:
Beatriz! Enfim acordou, já mandei chamar um médico. Porque você... (foi
interrompido)
B: O que
significa isso?
Benn: Oque?
(Confuso)
Ela fez um
gesto com a cabeça apontando o corredor.
Benn: Ah,
aquilo? Eu não tive tempo de leva-la para experimentar o presente no jardim,
queria ficar de olho em você também, afinal... Estava preocupado com a demora
em você acordar.
B: Eu não me
refiro onde ela está andando, mas sim no que e porquê?!
Benn: Eu
pensei que depois do que aconteceu você não fosse ficar disposta em sair para
procurar bicicleta.
B: Bento,
você foi sozinho! E pior ainda, você a presenteou sem mim, eu disse que era pra
fazermos isso juntos!
Beatriz
estava com o emocional arrasado e brigar agora por uma coisa dessas era a
última coisa que queria.
Resolveu
apenas deixar pra lá, começou a chorar.
O marido
estranhamente a abraçou, mas logo a soltou dizendo:
Benn: Vou te
deixar, precisa chorar, sofrer essa perda. Agora que acordou, mandarei te
trazer um suco e cancelar a visita do médico.
Se precisar
de algo estarei no jardim com a Bia.
Beatriz não
tinha argumentos, o que iria dizer? O mesmo já deu todas as respostas que
queria.
A questão é,
que desde que Ana Beatriz nasceu, Bento vem se distanciando cada vez mais, não
queria pensar que poderia ser ciúmes, era sua filha, tal sentimento por ela era
ridículo e vergonhoso.
No início
concluiu que isso era normal, mas depois pensou que não, muitos anos se
passaram desde então e isso parece ter ficado cada vez pior.
Em tudo, Ana
Beatriz vinha primeiro. Está certo que quando temos filhos os mesmos tornam-se
prioridades em nossa vida, mas como Bento agia, chegava a ser assustador,
várias noites dormiu sozinha em sua cama pois Bento queria ficar no quarto da
filha pra ter certeza de que ela estaria em segurança.
As vezes
chegava a ser estupido com Beatriz e isso estava incomodando-a.
Naquela
noite resolveu sair, queria ir até a casa onde morou há anos atrás, ir também
ao cemitério onde seus pais estão enterrados.
A noite
assobiava um vento de chuva. Não avisou a ninguém que sairia, sabia que não
demoraria e julgou que isso bastasse para ser desnecessária tal aviso.
Estranhamente
ela não tinha medo de entrar no cemitério sozinha, encarava aquilo como uma
visita.
No túmulo da
mãe um Rosa em um jarro já sujo ainda começava a despedaçar-se.
Já no de seu
pai, não havia nada, sequer apenas o enorme crucifixo indicando o dia da morte
e o nome do falecido.
Sentiu um
remorso, mesmo que no último instante ele se arrependeu. E não tinha uma vida
lastimável, era feliz, tinha uma família linda.
Fez uma oração
para cada um deles e saiu dali para a casa que um dia foi sua.
A casa fora
vendida e o novo Dono não fazia questão alguma de morar ali, foi Bento quem
negociou tudo, nunca viu a casa aberta ou alguma pessoa.
Mas estava
bem cuidada, um certo ar de saudade a tomou, mas antes que as lagrimas voltasse
a rolar em seu rosto ela se assustou com a luz que acendeu e logo se apagou no
interior da casa, mesmo de longe ela pode notar, talvez fosse só sua imaginação
pregando-lhe uma peça.
Sem muita
vontade de voltar para a casa naquela hora, Beatriz seguiu seu caminho. E
naquela noite viu o primeiro indicio de que Bento estava mudando e não era para
melhor.
A porta
principal estava aberta.
Ela entrou e
seguiu para seu quarto, antes passou pelo quarto de Ana e a viu dormindo,
deveria estar casada estava na melhor fase da vida.
Entrou em
seu quarto descontraída e logo levou um susto com a mão que bruscamente puxou
seu braço.
B: Ai!
Benn: Como é
que você fica tanto tempo assim longe de mim, meu amor? – beijando-a em meio a
abraços –
B: Que
susto, Bento.
Benn: Onde
estava?
B: Fui ao
cemitério.
Benn: E
porque foi sozinha?
B: Não
queria te perturbar com isso.
Bento a
prensou contra a parede invadindo seus lábios.
B: O que é
isso? – sorrindo-
Ele a
segurou forte pelo queixo e a encarando disse:
Benn: Nunca
mais faça isso, Beatriz.
O semblante
de Bento mudara de uma maneira em que Beatriz sentiu um calafrio pelo corpo
inteiro, era como num piscar de olhos.
B: Como? –
confusa –
Benn: Isso
que ouviu, não quero você andando sozinha por essa cidade.
Ela ao mesmo
tempo em que estranhou Bento, logo pensou ser excesso de cuidado, mas teve a
certeza que não quando no dia seguinte foi impedida por um dos empregados de
sair de casa.
Na sala –
B: Mas como
ousa? Sou sua patroa, deve me respeitar.
_Me desculpe
Senhora. São ordens do Senhor Bento.
B: Não sou
uma prisioneira.
_Deve
esperar para que possa conversar com o Senhor Bento, sem autorização dele, a
senhora não sai daqui.
B: Pois
então me obrigue!
1 comentários:
Hum.... Tenso hein! Tava bom de mais p ser vedd...
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