segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Doce Poesia - 15º Episódio

Dan nada dizia.
Pelos fundos da casa ele entrou com Beatriz ainda em suas costas, ela se debatia e quando ameaçou gritar, ele tampou sua boca.
Rapidamente subiu as escadas, e para a sorte de ambos, Bento não ouvira e nem desconfiara de nada.
Ele fechou a porta do pequeno quarto e colocou no chão;
Ela foi dizer algo, mas Dan a calou com um beijo.
O impulso a fez encostar-se no guarda-roupas.
As mãos vestidas com o tecido das luvas, faziam com que ela arrepiasse com o toque das mãos de Dan em seu pescoço.
O coração estava frenético e inquieto.
Sentia o corpo dele prensado ao dela e isso estava lhe proporcionando algo que há muito tempo não sentia.
Não queria que parasse, não queria que isso nunca mais acabasse.
Era bom.
Ele afastou o beijo e a olhou, a mesma ainda com os olhos fechados, apreciando ou guardando aquele beijo.
Ela abriu os olhos lentamente o encarou.
Dan: Você é... – foi interrompido –
Ela o devorou os lábios, delicado fora antes de sua boca desejar a dele enlouquecidamente.
As mãos dele agora desciam pela extensão do corpo, timidamente chegava a coxa, os beijos mais ousados e fervorosos começavam a comparecer.
De onde foi que ambos tiveram tamanha coragem para fazer algo assim.
Separaram-se novamente.
A respiração completamente desordenada, os olhos encarando um ao outro.
B: Nem sei o que dizer.
Dan: Posso com certeza morrer feliz agora.
B: Não diga bobagens.
Dan: Nunca digo bobagens.
B: Isso não deveria ter acontecido.
Dan: Isso deveria sim, acho que demorou demais.
B: Está brincando comigo?
Dan: Mas é claro que não. E você? Está?
B: Estou o que?
Dan: Está brincando comigo?
B: Porque pensa que...
Dan: Eu te quero, não escondo isso desde o primeiro dia em que nos vimos. Te beijei porque te desejo, porque minha boca suplica pela sua. E você?
B: Eu te beijei porquê...
Dan: Porque?
B: Porque gostei do seu beijo, eu quis de novo, eu quero de novo...
Iam aproximar-se mais uma vez, mas a porta abriu bruscamente.
Ben: Dan, aconteceu alguma coisa?
A voz de Bento era forte, e demonstrava impaciência.
Dan: Não, Senhor.
Ben: Fui procura-los fora da casa e não os encontrei, não faz sequer meia hora que saíram. Dan, Explique-se;
B: Dan me pediu para entrar que como já é tarde, não podíamos ficar mais, amanhã sairemos mais cedo.
Ben: Ah, Beatriz... – aproximando-se –
Não faça nenhuma gracinha, ou nunca mais sairá desse lugar... pra nada! Venha comigo, Dan.
Ele despediu-se de Beatriz disfarçadamente e seguiu Bento.
Enquanto desciam as escadas, Bento questionou, Dan.
Ben: O que aconteceu exatamente?
Dan: Apenas cumpri suas orientações, Senhor.
Benn: Ela tentou algo?
Dan: Não, apenas como o senhor me alertou, é curiosa demais.
Ben: Eu não te disse.
Dan: Não se preocupe, Senhor. Dei minha palavra de que Senhora Beatriz irá apenas passear pelo jardim, e nada mais.
Benn: Assim espero.
Antes de chegarem ao fim do corredor que dava acesso a entrada da casa. A menina Ana Beatriz aproximou-se do pai.
A cara estava triste e Bento logo preocupou-se;
Benn: Aconteceu alguma coisa, filha?
A: É que estou triste.
Ele a pegou no colo, e ela logo começou a chorar.
A: A mamãe...
Benn: Sua mãe? Está com saudades da mamãe?
Ela então completou a frase.
A: A mamãe não me ama como você, porque ela nunca me deu um celular, papai.
Benn: Ninguém te ama como o papai, isso é verdade. Mas o que quer que eu faça pra você sumir com essa carinha triste, você sabe que o papai não gosta.
A: Quero que coloque internet no meu celular. Eu amei o meu celular, papai. Mas sem internet ele não funciona.
Benn: Claro, filha.
Imediatamente, Bento olhou para Dan e disse:
Benn: Cuide disso, amanhã quero esse celular do jeito que ela pediu.
Dan assentiu com cabeça e deixou o cômodo.
Ana Beatriz sequer sentia a falta da mãe, nem parecia nascida de Beatriz.
Um filho sempre tem uma ligação com a mãe.
Mas a pequena parecia só se importar com o pai e com o que ele poderia lhe oferecer.
Beatriz sofria em silencio a falta da filha.
Pedia a Deus que lhe tirasse aquele sentimento, mas certa hora, sequer sentia Ana Beatriz como sua filha.
Parecia uma desconhecida.

-
Desde o beijo, Dan sumiu.
Ficou longo e intermináveis três dias sem aparecer na casa, e Beatriz consequentemente sem o passeio no jardim.
Suas refeições eram trazidas pelas empregadas, mas naquele dia, o próprio Bento resolveu aparecer.
Benn: Bom dia, meu amor.
B: Bento, quero sair. Preciso de ar, não estou bem.
Benn: Não pode sair sozinha, sabe disso.
B: Então chame o mordomo, diga que me acompanhe. Porque ...
Benn: Ele não está na casa, precisou fazer umas coisas pra mim.
B: E eu ficarei trancada aqui mais quanto tempo? Porque não me mata logo de uma vez? – gritando –
Benn: Shiiiii!!! – aproximando – O que pensa que está fazendo? Desde quando acha que pode gritar comigo dessa maneira?
Ele a segurou pelo queixo e a beijou fervorosamente.
Ela não mexia os lábios, não sentia mais nada por aquele homem, apenas nojo.
Beatriz logo percebeu o que ele queria, e tratou logo de acabar com aquela situação.
Fingiu uma tontura, alegaria que era fraqueza, precisava tomar um ar, um sol...
Bento assustou-se, mal começara a tirar a roupa dela e a mesma já quase desfalecera em seus braços.
Benn: O que foi O que está sentindo?
B: Não sei, não me sinto muito bem...
Ele afastou-se dela a deixando na cama.
Benn: Amanhã de manhã Dan estará de volta, e te levará para tomar um sol ao redor da casa.
Sem dizer mais nada, ele saiu do quarto.

A notícia que ouvira de Bento, fez com que seu coração acelerasse freneticamente.
Queria ver Dan como jamais pensou que pudesse querer, o que havia acontecido?
Porque a deixou por todos esses dias sozinha? Ele era única coisa boa que existia naquele lugar pra ela.
A noite chegou, uma empregada trouxe-lhe um copo de leite morno, já era tarde da noite.
Assim que a empregada deixou o quarto, Beatriz foi até a janela, viu a filha e marido entrando no carro e deixando o lugar.
Onde poderiam estar indo àquela hora?
Bom, na manhã seguinte Dan estaria na casa, e isso aquietava o seu coração.
As horas teimavam em passar, o quarto a certa hora parecia ficar menor.
O sono não vinha, até que ela começou a ter pensamentos perturbadores.
Certa hora ouvia passos no quarto, outra hora tinha a impressão de que alguém estava ao lado do guarda roupa.
Levantou-se no impulso e acendeu a luz.
Por algum momento pode ter certeza de que tinha alguém ali.
Seu peito foi tomado por um desespero sem tamanho, os gritos descontrolados saiam pelos lábios sem se importar com quem poderia acordar na casa.
Queria sair dali, queria sair daquele quarto.
Estava com medo.
Começou a gritar e a bater na porta.
_ Me tirem daqui!!! Eu imploro!! Me tirem!!
As lagrimas já haviam coberto o seu rosto.
O punho cerrado e fervorosamente batendo contra a madeira, quando a mesma se abriu e seu corpo foi jogado sobre o dele.
B: Dan!!?
D: Calma, fique calma. Eu estou aqui.
B: Me tira daqui, Dan. Por favor, me tire daqui. – abraçando-o –
D: O que foi que aconteceu?
B: Me abraça... Só me abraça.
E assim ele o fez. A aninhou entre seus braços, protegendo-a de qualquer coisa que pudesse ameaça-la.
Ficaram parados na porta do quarto por alguns minutos, em silêncio.
Quando as lágrimas começaram a cessar, e seu coração voltar ao ritmo normal. Ele a olhou nos olhos, e delicadamente, enxugou suas lagrimas.
D: Não fique assim. Eu estou aqui.
B: Estou com medo.
D: Medo do que?
B: Desse quarto, dessa casa... de tudo.
Ele segurou delicadamente seu queixo e fez com que ela a olhasse.
D: Tem medo de mim?
Os olhos intensamente verdes o encaravam com certa timidez.
B: Não...
D: Então velarei o seu sono essa noite. Senhor Bento não está na casa, voltará só amanhã.
B: Não quero ficar aqui.
D: Não? Mas... Espera... Já sei onde pode passar a noite. Mas precisaremos acordar com as galinhas amanhã, ok? – rindo –
B: Sim senhor – rindo –
D: Nunca havia percebido o quanto o seu sorriso é lindo, Beatriz.
Ela corou.
Assim deixaram a masmorra.

Pouco tempo depois, lá estavam. Em frente a porta que chamara tanta atenção de Beatriz nos primeiros dias naquela casa.
A porta do fim do corredor.
Dan a olhou e sorriu.
D: Esse lugar não existe. Está bem? Nunca existiu.
Passará a noite aqui e amanhã quando acordar, será como um sonho. Certo?
B: Mas porquê?
D: Certo?
Mesmo querendo mais e mais respostas, concordou.

Quando entrou no quarto, mal podia acreditar no que estava diante de seus olhos.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Doce Poesia - 14º Episódio

Seria naquele momento...
_ Senhora Beatriz, prefere que o leite...  me desculpe, senhora .
A Empregada estava envergonhada, não imaginou que tal situação estivesse acontecendo, o Mordomo quase beijando a mulher do Senhor Bento.
Dan: Estamos bem, pode ir, se precisarmos de algo eu chamo.
A moça assentiu com a cabeça e saiu do lugar.
Ambos tiveram o momento estraçalhado pela empregada que entrara de surpresa no cômodo.
B: O que te prende a essa casa? A trabalhar e a concordar com um homem como ele?
Dan: Trabalhar sim, concordar não.
B: Mas o que pode ser... –interrompida-
_Amor...
Beatriz sentiu um delicado aconchego em seu peito ao ouvir isso.
Dan ainda completou:
Dan: O mais puro amor que um homem pode sentir.
Ela arriscou completar:
B: Acho que nunca conheci esse amor.
Dan: O amor de que falo, conhece muito bem.
Antes que ela pudesse completar com algum argumento, Dan explicou-se:
Dan: O amor que sentimos por um filho.
A xicara em sua mão estremeceu. Um filho... O mordomo era pai.
B: Você é pai?
Dan: Sim, e amo ser.
Mas a pergunta ainda não fora respondida.
B: Mas o que Bento tem com isso?
Ele não sabia se queria contar, e o que venho a seguir, significou um aviso.

Outra empregada apareceu dizendo:
_ Senhor, Dan. O Patrão está de volta, está parando o carro em frente a casa.
Ele levantou-se junto com Beatriz num sobressalto.
B: Ele não ia demorar?
Dan: Algo deve ter acontecido. Limpem rapidamente essa mesa.
Já arrumando a mesa com a ajuda dos demais, a empregada completou:
_ Creio não termos tempo o suficiente.
Dan: Temos que ter.
Ao dizer isso, virou-se para Beatriz e a segurou nas mãos.
Dan: Precisamos ser rápidos.
Subiram as escadas rapidamente.
Antes que Dan pudesse chegar no quarto de Beatriz, ouviram os passos apressados de Ana Beatriz aproximando-se de onde estavam.
Tudo teria sido exatamente perfeito, se não fosse por ela... A pequena Ana.
A: Mãe?
B: Oi Filha.
A: Papai disse que você estava viajando.
B: Pois é, seu pai diz muita... –sendo interrompida-
Dan: Senhor Bento estava certo, pequena. Sua mãe voltou antes do imprevisto.
A: Vou falar ao papai que já está aqui. – virando-se-
Dan: Não precisa. Seu pai já sabe disso.
B: Preciso subir, meu amor.
A: Subir pra onde?
B: Eu vou... Vou arrumar algumas coisas aqui em cima, e o Dan irá me ajudar.
A: Ah... Está bem, vou ver meu novo celular.
Sem mais delongas, Ana Beatriz virou-se sem nem dar um abraço ou um beijo na mãe.
Logo Beatriz olhou para Dan e ambos subiram as escadas rapidamente em meio a suposições.
B: O que pode ter acontecido?
Dan: Não faço a menor ideia.
B: Estou com medo.
Dan: Não tenha.
Entraram no quarto e Beatriz logo acomodou-se na cama, Dan virou-se para sair, e a porta abriu-se anunciando a presença de Bento.
Ben: Bom dia, meu amor. Como passou a noite?
B: Como sempre.
Ben: Maravilhosamente bem eu suponho.
Ela olhou para o lado.
Bento olhou para Dan e o questionou rispidamente:
Ben: O que faz aqui?
Dan: Vim perguntar se a Senhora Beatriz precisava de algo.
Bento voltou a olha-la.
Ben: Claro, quero que minha mulher seja tratada muito bem. A propósito, venha ao meu escritório, devido alguns contratempos não irei prosseguir com o que eu havia te dito, mas quero que me providencie algo.
Enquanto conversava com Dan, Bento já caminhava em direção a porta, mas antes que pudesse passar por ela, Beatriz arriscou a chama-lo.
B: Bento!
Ele virou e a olhou surpreso.
Ben: O que quer?
B: Queria passear pelo jardim.
Bem: Como? – indo em direção a ela –
B: Andei observando daqui da janela, é lindo e... – foi interrompida –
Ben: Não!
B: Mas...
Bem: Já dei minha resposta. Assunto encerrado.
-
No escritório de Bento.
A sala cheirava a papeis velhos, boa parte das paredes eram preenchidas por gigantescas estantes completas de livros, alguns nem nome havia.
Bento sentava-se atrás de uma enorme mesa de madeira delicadamente esculpida.
Fumava um charuto cubano, e sua expressão era tomada pelo prazer.
Dan estava a sua frente, aguardando o patrão começar a falar com ele.
Algum tempo depois, Bento começou:
Ben: Ouve um contratempo, ia ficar alguns dias na fazenda onde morava, mas ainda não posso.
Dan: O que foi...
Ben: Não é da sua conta, ponha-se no seu lugar.
Dan abaixou sua cabeça e logo desculpou-se:
Dan: Desculpe-me, Senhor. Não quis ser invasivo.
Ben: Apenas quero que saiba que a rotina da casa continua como antes.
Dan: Perfeitamente, Senhor.
O mordomo antes de deixar o cômodo, arriscou-se um pouco mais.
Dan: Senhor, se me permite. Se quiser deixar que a Senhora Beatriz passeie pelo jardim, eu a acompanho, e me certificarei de que não fará nada imprudente.
O Fazendeiro levantou-se com a cara fechada, e aproximou-se um pouco mais do mordomo.
Ben: E porque faria isso?
Dan: Hoje de manhã, Senhora Beatriz passou mal. Não sou médico, mas posso arriscar dizer que pode estar ficando anêmica. Precisa sair um pouco.
Bento ficou pensativo.
Dan: Creio que o senhor não gostaria de um médico aqui.
Ben: Tem razão, a última coisa que quero é um pentelho de fora metido aqui.
Dan: Ela não tem pra onde ir, senhor. Em torno desse lugar existem apenas plantações e mais nada.
Ben: Ok, mas se algo acontecer, você será o responsável. Beatriz é curiosa, e não quero que saiba demais.
Dan: Como o senhor desejar.
-
No lugar onde Beatriz ficava, ela contemplava a visão que sua janela lhe proporcionava.
Nada além daquele lugar era visto. De vez em nunca, via bem ao longe uma fumaça tímida.
Poderia ser uma casa de campo, alguém que só viesse naquele lugar em algumas temporadas.
Os pensamentos iam e vinham com muitas outras suposições, mas fora interrompido quando Dan entrou.
Dan: Poderá ver algo diferente a partir de hoje, Beatriz.
B: Como? – olhando para ele –
Dan: Consegui com que o senhor Bento permitisse que você saia passear pelo jardim.
B: Sério?
Dan: Serio. – sorrindo –
Beatriz não conseguiu conter a emoção, pulava como uma criança e tentava não fazer barulho.
Dan sorria olhando-a daquele jeito. Sem dúvidas a amava de uma maneira única.
Dan: Mas tem uma condição.
B: Uma condição?
Ela respirava ofegante e o olhava preocupada.
Uma condição? O que poderia ser? Como fora burra, mas é claro que teria algo, Bento jamais a deixaria sair daquele quarto e ficar andando fora da casa sem algo em troca.
B: Que condição?
Dan: Terá que me dar um doce e demorado beijo na boca.
Ele estava sério encarando-a. Arriscou alguns passos em sua direção.
B: Um beijo?
Dan: E logo depois já podemos ir.
Beatriz fechou os olhos e começou a aproximar-se dos lábios dele.
A respiração ficava mais forte e mais rápida a medida que sentia a aproximação.
Ele continuava sorrindo e olhando para ela que concentrada aproximava-se um pouco mais.
Foi quando ela sentiu os dedos macios de Dan posicionados sob seus lábios.
Dan: Não sabia que pra você, me beijar era tão fácil assim.
B: O que está fazendo?
Dan: Apenas observando.
B: Então não...
Dan: Sim, tem uma condição, só não é tão deliciosa como essa que eu inventei. A condição é apenas que eu a acompanhe aos passeios, para que não faça nada imprudente.
Ela apenas o olhou brava e passou por ele.
B: Podemos ir ou vai inventar algo mais?
Dan: Não, podemos ir.

Jardim realmente era apenas um modo de dizer, flores? Só para remédio, Camomila.
O Chão ao lado e ao fundo da casa, era de terra, uma terra escura e úmida.
Havia algumas arvores enormes ao lado da casa, cobria o sol que já quase não aparecia por lá.
Enquanto andavam, Dan a observava, escancaradamente.
Logo a frente, a pequena casinha que havia visto de seu quarto.
B: Dan...
Dan: Sim?
B: Pode me buscar um suco?
Dan: Perfeitamente.
Ele sorriu e virou-se indo em direção a entrada da casa.
Rapidamente, Beatriz foi em direção a casa.
A primeira impressão, fora de que era apenas um pequeno galpão para guardar ferramentas.
Olhou para o cadeado, era novo e enorme.
Ao contrário das correntes, pareciam velhas demais.
Ela olhou para trás para certificar-se de que Dan ainda não voltara. Logo depois começou a procurar pelo chão algum tipo de arame que pudesse ajuda-la com o cadeado.
Ela encontrou, era perfeito, um grampo de cabelo, colocou na fechadura do cadeado e logo sentiu as mãos aveludadas contornando seu tronco e colocando-a nos ombros.

B: ah!!! O que pensa que está fazendo?

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Doce Poesia - 13º Episódio

B: Como se atreve a dizer isso pra sua Patroa?
Os lábios aproximavam-se ainda mais, a distância agora era de apenas um palmo.
D: Senhora Beatriz... Não sabe de nada.
Ela queria xingá-lo, mas estranhamente não conseguia.
D:Mas por enquanto, apenas obedeça o senhor Bento. É o mais inteligente a se fazer.
Ele a soltou, ela não tentaria mais nada. Era inútil. Muita coisa está envolvida, está agindo por impulso.
O derrubaria com um vaso de vidro e logo depois faria oque? Correria até a cidade? No escuro?
E sua filha? Realmente a deixaria?
A última vez que tentou levar Ana Beatriz, o resultado foi desastroso, mas conseguiria deixa-la?
Seus pensamentos foram dispersos.
D: Coma, amanhã será um longo dia, precisa se alimentar.
B: Não tenho fome.
D: Não me obrigue a ter que te alimentar eu mesmo.
Ela ficou em silêncio.
B: O que sabe sobre mim? Sobre essa família?
D: Sei que devo ao Senhor Bento, uma dívida que talvez eu leve a vida inteira pra pagar, sei que não se deve encará-lo como tenta fazer. Apenas obedeça e nada de ruim acontecerá.
B: Eu nunca o contrariei, e mesmo assim... Olhe o que ele fez.
Mais uma vez ela mostrou seus pulsos.
D: Não se imponha nas decisões a respeito da criança Ana Beatriz.
B: O que? Eu sou a mãe dela!
D: Sabe que a decisão sempre é dele, seus protestos de nada adiantam.
B: Eu...
D: Eu te amo, mas não posso te defender ou te proteger da forma que será preciso se não coperar.
B: Pare de repetir isso.
D: Nunca! Agora alimente-se, volto depois pra saber se precisa de algo.
Ele estava quase alcançando a porta quando ela o segurou pelo braço.
B: Espera.
Dan fechou a porta e ficou de frente pra ela.
B: Onde está minha filha?
Dan: Já está dormindo, o Senhor Bento prometeu-lhe um novo presente se fosse para a cama assim que ele saísse.
B: E ele foi pra onde?
Dan: Não sei.
B: Não sabe ou não quer me contar?
Dan: Não sei, e se soubesse não te contaria.
B: Porque.
Dan: Não é necessário e nem inteligente você saber de nada que o Senhor Bento faz ou deixa de fazer fora daqui.
B: No fim, você deve ser como ele.
O Mordomo teve o rosto tomado por susto.
Dan: Não me conhece. Por isso diz tal absurdo.
Beatriz sentiu-se envergonhada pelo que disse, não achou que Dan levaria tão a sério algo que disse sem pensar.
B: Me desculpe, falei sem pensar.
Dan a olhou de forma carinhosa e sorriu dizendo:
D: Se fosse minha, te traria o café da manhã na cama, adoraria acariciar seus cabelos enquanto estivesse lendo suas poesias apoiada em mim.
Amaria acordar toda manhã e olhar esses olhos verdes encarando os meus.
Me deliciaria a cada beijo que conseguisse desses lábios
Se fosse minha, apenas seria o homem mais completo e feliz que existiria nesse mundo.
Ela não tinha palavras para expressar o que sentiu ao ouvir tamanha declaração, de alguém que conhece há apenas alguns dias, mas que tem a sensação de conhecer há anos.
As palavras pularam de sua boca, não teve tempo de segurá-las.
B: Me ama... (rindo) De que maneira um homem que mal me conhece pode me amar? Ou melhor, de que maneira um homem pode amar uma mulher que está dessa maneira? (olhando-se com desprezo)
Dan aproximou-se de seus lábios e sussurrou:
D: Da maneira mais deliciosa que se possa imaginar;
Não disse mais nada, Beatriz viu Dan virar-se em direção a porta e sair mais uma vez do seu cativeiro disfarçado de quarto.
O que ele disse ficou revirando em sua cabeça, tudo o que disse.
Quase três meses se passaram desde então.
Beatriz só não tentou contra a própria vida, porque de alguma maneira, Dan a impedia.
Nunca chegou a dizer nada a ele, mas tornou-se mais próximo do que queria, e isso a deixava confortável.

Era uma ensolarada manhã, Beatriz ouviu as chaves no trinco, o Mordomo a agraciava com um sorriso.
Dan: Vamos?
B: Vamos? Vamos aonde?
Dan: Ficar livre por algumas semanas, o que acha?
B: O que quer dizer? Bento deixou que... (foi interrompida)
Dan: Não, Senhor Bento não deixou nada, apenas precisará ficar fora por algumas semanas, e deixarei que viva livre por esses dias.
Ela mal podia acreditar.
B: Faria isso por mim?
Dan: Já disse que daria a minha vida pela sua.
Ela corou e envergonhou-se por não conseguir disfarçar.
Estava quase deixando o quarto quando lembrou-se de algo muito importante.
B: Ana, minha filha. Minha filha não pode me ver pela casa, ela vai contar a ele, e...
Dan: Ela foi com ele.
Ela sorriu, eram só alguns dias, mas era mais do que poderia querer.
Dan: Você vem? (estendendo-lhe uma das mãos)
B: Mas é claro que sim!
Começaria ali, o que Beatriz há muito tempo não tinha... carinho e atenção.
Enquanto descia as escadas, Beatriz estranhou.
Os empregados todos a aguardando ao pé da escada.
B: Dan, o que é isso? (falando baixinho perto dele)
Ele estava em sua frente.
Dan: Seus empregados, estão aqui para servi-la. Do jeito que desejar ser servida.
B: Me sinto estranha, não pertenço a esse lugar.
Dan: Não se sinta assim, você é a Dona desta casa e de tudo aqui.
Ele parou os passos e virou-se de frente para ela.
Dan: Dona de mim.
Ela mudou logo de assunto.
B: Queria que tudo fosse diferente, queria nunca ter aceitado tal absurdo, casar-me com alguém que mentiu ser alguém que não é.
Iludida por doces poesias e nada mais.
Dan: Foram feitas com amor, Senhora Beatriz.
B: E recebidas também, Dan. Mas... Não sei mais.
Dan: Tudo irá mudar, precisa apenas ter paciência.
Ele sorriu delicadamente pra ela, e voltou a descer as escadas.
Logo os empregados começaram a questioná-la.
“Deseja algo em especial para o café?”
“Já tem algo em mente para o jantar?”
Uma outra foi falando e subindo as escadas.
“Com licença, vou trocar suas roupas de cama”
Dan: Acalmem-se, assim deixarão a Senhora Beatriz estressada. Por hora apenas sirvam o café da manhã.
Ele a acompanhou até a sala de estar.
Como era enorme, Beatriz lembrava-se de que mal teve tempo de observar calmamente a casa, já fora logo trancafiada naquele lugar.
Dan puxou a cadeira para que ela se sentasse, assim que a acomodou em seu lugar, aproximou-se com um bule com café.
Dan: Café?
B: Prefiro apenas um suco, se não for pedir demais.
Dan: Perfeitamente, Senhora.
Ele logo voltou com a jarra de suco.
Dan: é de laranja.
B: Adoro suco de laranja (sorrindo)
Dan: Eu sei... (baixinho)
Enquanto ele a servia com o suco, ela disse:
B: Dan...
Dan: Hum? (ainda servindo-a concentrado)
B: Não me chame mais de Senhora. Apenas de Beatriz.
Ele parou o que fazia, foi preciso alguns minutos para que pudesse se recompor do que acabara de ouvir.
Dan: Como quiser, Beatriz.
O som da voz de Dan pronunciando apenas “Beatriz” a deixou estremecida.
O mordomo terminou de servi-la e ficou parado ao lado, apenas observando-a e aguardando a próxima ordem.
Beatriz deliciava-se com as gostosuras que havia na mesa farta a sua frente, quando de repente ela perguntou:
B: Você é casado?
Ele paralisou, a pergunta o pegou de surpresa.
Dan: Como?
B: Perguntei se é casado, tem alguém que ...
Dan: que amo? (completando a frase)
Ela parou um pouco de comer e o olhou.
Dan: Eu não sou casado, que tipo de homem pensa que sou, Beatriz?
B: Desculpe, eu não quis...
Dan: Eu disse que te amo e que daria a minha vida por você, como pode pensar que eu falaria isso pra alguém sendo casado?
B: Eu perguntei sem pensar.
Dan ficou visivelmente incomodado com a pergunta, e Beatriz sem jeito com o que perguntou.
Ambos ficaram em silêncio. Beatriz agora beliscava o pãozinho açucarado a sua frente.
O Mordomo quebrou o silêncio.
Dan: Mas já fui casado.
Ela ficou surpresa.
B: Foi?
Dan: Sim, mas não durou muito, em pouco mais de um ano já estava sozinho.
B: É, se pudéssemos prever como seria nosso casamento, talvez nunca tivéssemos dito sim.
D: Nunca me arrependo do que eu falo.
Essa resposta deixou Beatriz realmente sem palavras.
O que havia escondido naquela casa? Tudo era estranhamente organizado.
Dan parecia temer Bento, cada vez que Bento o chamava, lá estava ele, parado a sua frente pronto para receber qualquer ordem como se fosse um cachorrinho de estimação.
E agora...
Desrespeitando a maior de todas, que é a de mantê-la presa naquele quarto.
Ela bebeu mais um gole do suco de laranja, e olhou para Dan.
B: Já tomou café?
D: Não se preocupe comigo.
B: Você se preocupa comigo, porque não posso me preocupar com você?
Ele ficou um tempo quieto, pensando no que poderia responder. Mas ela adiantou-se.
B: Sente-se. Me faça companhia.
O Mordomo assustou-se.
D: Por favor, não é necessário. Estou aqui apenas para te servir e...
B: Entendo.
D: Entende?
B: Você só obedece ordens vindas do meu marido.
Ela disse isso com um tom de voz decepcionado.
Ela só o percebeu sentando-se ao seu lado.
Alguns empregados arriscavam a olhar pelo canto da porta.
O Mordomo só poderia estar querendo morrer, sentar-se ao lado da mulher do fazendeiro como um amigo qualquer.
Ela o encarou.
Dan: Se minha companhia te faz bem, já tenho motivo mais que suficiente para morrer feliz.
O sorriso que dera para ela, foi tão encantador que a mesma até esqueceu as palavras que usaria para dar uma bronca em Dan pelo absurdo que dissera.
B: Dan...
Dan: Sim?
B: Há quanto tempo trabalha com Bento?
Dan: Há muito, muito tempo.
B: Diz que me conhece por isso? Trabalha com ele desde a aposta?
Dan: A aposta que seu falecido pai perdeu em um jogo de cartas na sua antiga cidade enquanto embriagava-se com o Senhor Bento?
Ela assustou-se com a exatidão com que Dan soube explicar do que ela falara.
B: Sim...
Dan: Sim, trabalho desde pouco antes dessa aposta.
Ele tirou as luvas de tecido de suas mãos de maneira organizada, as apoiou sob seu colo.
Ela não saberia explicar o porquê fez isso, mas quando percebeu, sua mão já estava apoiada sob a dele.
Estava se perdendo no momento, os olhos miravam nas mãos, mas viam o mais distante dos sonhos.
Quando voltou em si, olhou para Dan, que a encarava curioso.
B: Oh, me desculpe. Eu não sei o que...
Antes que pudesse tirar sua mão de cima da dele ele a segurou com a outra.
B: Suas mãos... São tão macias...
As palavras agora eram sussurradas, e os rostos se aproximavam despercebidos.
Ela o olhava e mesmo sabendo que não era certo, não conseguia não ir de encontro ao beijo que aconteceria.
Estava mais perto.
B: Não sei porque... Não consigo parar... - sussurrando –

Dan: Então não pare. – sussurrando –

segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Doce Poesia - 15º Episódio

Dan nada dizia.
Pelos fundos da casa ele entrou com Beatriz ainda em suas costas, ela se debatia e quando ameaçou gritar, ele tampou sua boca.
Rapidamente subiu as escadas, e para a sorte de ambos, Bento não ouvira e nem desconfiara de nada.
Ele fechou a porta do pequeno quarto e colocou no chão;
Ela foi dizer algo, mas Dan a calou com um beijo.
O impulso a fez encostar-se no guarda-roupas.
As mãos vestidas com o tecido das luvas, faziam com que ela arrepiasse com o toque das mãos de Dan em seu pescoço.
O coração estava frenético e inquieto.
Sentia o corpo dele prensado ao dela e isso estava lhe proporcionando algo que há muito tempo não sentia.
Não queria que parasse, não queria que isso nunca mais acabasse.
Era bom.
Ele afastou o beijo e a olhou, a mesma ainda com os olhos fechados, apreciando ou guardando aquele beijo.
Ela abriu os olhos lentamente o encarou.
Dan: Você é... – foi interrompido –
Ela o devorou os lábios, delicado fora antes de sua boca desejar a dele enlouquecidamente.
As mãos dele agora desciam pela extensão do corpo, timidamente chegava a coxa, os beijos mais ousados e fervorosos começavam a comparecer.
De onde foi que ambos tiveram tamanha coragem para fazer algo assim.
Separaram-se novamente.
A respiração completamente desordenada, os olhos encarando um ao outro.
B: Nem sei o que dizer.
Dan: Posso com certeza morrer feliz agora.
B: Não diga bobagens.
Dan: Nunca digo bobagens.
B: Isso não deveria ter acontecido.
Dan: Isso deveria sim, acho que demorou demais.
B: Está brincando comigo?
Dan: Mas é claro que não. E você? Está?
B: Estou o que?
Dan: Está brincando comigo?
B: Porque pensa que...
Dan: Eu te quero, não escondo isso desde o primeiro dia em que nos vimos. Te beijei porque te desejo, porque minha boca suplica pela sua. E você?
B: Eu te beijei porquê...
Dan: Porque?
B: Porque gostei do seu beijo, eu quis de novo, eu quero de novo...
Iam aproximar-se mais uma vez, mas a porta abriu bruscamente.
Ben: Dan, aconteceu alguma coisa?
A voz de Bento era forte, e demonstrava impaciência.
Dan: Não, Senhor.
Ben: Fui procura-los fora da casa e não os encontrei, não faz sequer meia hora que saíram. Dan, Explique-se;
B: Dan me pediu para entrar que como já é tarde, não podíamos ficar mais, amanhã sairemos mais cedo.
Ben: Ah, Beatriz... – aproximando-se –
Não faça nenhuma gracinha, ou nunca mais sairá desse lugar... pra nada! Venha comigo, Dan.
Ele despediu-se de Beatriz disfarçadamente e seguiu Bento.
Enquanto desciam as escadas, Bento questionou, Dan.
Ben: O que aconteceu exatamente?
Dan: Apenas cumpri suas orientações, Senhor.
Benn: Ela tentou algo?
Dan: Não, apenas como o senhor me alertou, é curiosa demais.
Ben: Eu não te disse.
Dan: Não se preocupe, Senhor. Dei minha palavra de que Senhora Beatriz irá apenas passear pelo jardim, e nada mais.
Benn: Assim espero.
Antes de chegarem ao fim do corredor que dava acesso a entrada da casa. A menina Ana Beatriz aproximou-se do pai.
A cara estava triste e Bento logo preocupou-se;
Benn: Aconteceu alguma coisa, filha?
A: É que estou triste.
Ele a pegou no colo, e ela logo começou a chorar.
A: A mamãe...
Benn: Sua mãe? Está com saudades da mamãe?
Ela então completou a frase.
A: A mamãe não me ama como você, porque ela nunca me deu um celular, papai.
Benn: Ninguém te ama como o papai, isso é verdade. Mas o que quer que eu faça pra você sumir com essa carinha triste, você sabe que o papai não gosta.
A: Quero que coloque internet no meu celular. Eu amei o meu celular, papai. Mas sem internet ele não funciona.
Benn: Claro, filha.
Imediatamente, Bento olhou para Dan e disse:
Benn: Cuide disso, amanhã quero esse celular do jeito que ela pediu.
Dan assentiu com cabeça e deixou o cômodo.
Ana Beatriz sequer sentia a falta da mãe, nem parecia nascida de Beatriz.
Um filho sempre tem uma ligação com a mãe.
Mas a pequena parecia só se importar com o pai e com o que ele poderia lhe oferecer.
Beatriz sofria em silencio a falta da filha.
Pedia a Deus que lhe tirasse aquele sentimento, mas certa hora, sequer sentia Ana Beatriz como sua filha.
Parecia uma desconhecida.

-
Desde o beijo, Dan sumiu.
Ficou longo e intermináveis três dias sem aparecer na casa, e Beatriz consequentemente sem o passeio no jardim.
Suas refeições eram trazidas pelas empregadas, mas naquele dia, o próprio Bento resolveu aparecer.
Benn: Bom dia, meu amor.
B: Bento, quero sair. Preciso de ar, não estou bem.
Benn: Não pode sair sozinha, sabe disso.
B: Então chame o mordomo, diga que me acompanhe. Porque ...
Benn: Ele não está na casa, precisou fazer umas coisas pra mim.
B: E eu ficarei trancada aqui mais quanto tempo? Porque não me mata logo de uma vez? – gritando –
Benn: Shiiiii!!! – aproximando – O que pensa que está fazendo? Desde quando acha que pode gritar comigo dessa maneira?
Ele a segurou pelo queixo e a beijou fervorosamente.
Ela não mexia os lábios, não sentia mais nada por aquele homem, apenas nojo.
Beatriz logo percebeu o que ele queria, e tratou logo de acabar com aquela situação.
Fingiu uma tontura, alegaria que era fraqueza, precisava tomar um ar, um sol...
Bento assustou-se, mal começara a tirar a roupa dela e a mesma já quase desfalecera em seus braços.
Benn: O que foi O que está sentindo?
B: Não sei, não me sinto muito bem...
Ele afastou-se dela a deixando na cama.
Benn: Amanhã de manhã Dan estará de volta, e te levará para tomar um sol ao redor da casa.
Sem dizer mais nada, ele saiu do quarto.

A notícia que ouvira de Bento, fez com que seu coração acelerasse freneticamente.
Queria ver Dan como jamais pensou que pudesse querer, o que havia acontecido?
Porque a deixou por todos esses dias sozinha? Ele era única coisa boa que existia naquele lugar pra ela.
A noite chegou, uma empregada trouxe-lhe um copo de leite morno, já era tarde da noite.
Assim que a empregada deixou o quarto, Beatriz foi até a janela, viu a filha e marido entrando no carro e deixando o lugar.
Onde poderiam estar indo àquela hora?
Bom, na manhã seguinte Dan estaria na casa, e isso aquietava o seu coração.
As horas teimavam em passar, o quarto a certa hora parecia ficar menor.
O sono não vinha, até que ela começou a ter pensamentos perturbadores.
Certa hora ouvia passos no quarto, outra hora tinha a impressão de que alguém estava ao lado do guarda roupa.
Levantou-se no impulso e acendeu a luz.
Por algum momento pode ter certeza de que tinha alguém ali.
Seu peito foi tomado por um desespero sem tamanho, os gritos descontrolados saiam pelos lábios sem se importar com quem poderia acordar na casa.
Queria sair dali, queria sair daquele quarto.
Estava com medo.
Começou a gritar e a bater na porta.
_ Me tirem daqui!!! Eu imploro!! Me tirem!!
As lagrimas já haviam coberto o seu rosto.
O punho cerrado e fervorosamente batendo contra a madeira, quando a mesma se abriu e seu corpo foi jogado sobre o dele.
B: Dan!!?
D: Calma, fique calma. Eu estou aqui.
B: Me tira daqui, Dan. Por favor, me tire daqui. – abraçando-o –
D: O que foi que aconteceu?
B: Me abraça... Só me abraça.
E assim ele o fez. A aninhou entre seus braços, protegendo-a de qualquer coisa que pudesse ameaça-la.
Ficaram parados na porta do quarto por alguns minutos, em silêncio.
Quando as lágrimas começaram a cessar, e seu coração voltar ao ritmo normal. Ele a olhou nos olhos, e delicadamente, enxugou suas lagrimas.
D: Não fique assim. Eu estou aqui.
B: Estou com medo.
D: Medo do que?
B: Desse quarto, dessa casa... de tudo.
Ele segurou delicadamente seu queixo e fez com que ela a olhasse.
D: Tem medo de mim?
Os olhos intensamente verdes o encaravam com certa timidez.
B: Não...
D: Então velarei o seu sono essa noite. Senhor Bento não está na casa, voltará só amanhã.
B: Não quero ficar aqui.
D: Não? Mas... Espera... Já sei onde pode passar a noite. Mas precisaremos acordar com as galinhas amanhã, ok? – rindo –
B: Sim senhor – rindo –
D: Nunca havia percebido o quanto o seu sorriso é lindo, Beatriz.
Ela corou.
Assim deixaram a masmorra.

Pouco tempo depois, lá estavam. Em frente a porta que chamara tanta atenção de Beatriz nos primeiros dias naquela casa.
A porta do fim do corredor.
Dan a olhou e sorriu.
D: Esse lugar não existe. Está bem? Nunca existiu.
Passará a noite aqui e amanhã quando acordar, será como um sonho. Certo?
B: Mas porquê?
D: Certo?
Mesmo querendo mais e mais respostas, concordou.

Quando entrou no quarto, mal podia acreditar no que estava diante de seus olhos.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Doce Poesia - 14º Episódio

Seria naquele momento...
_ Senhora Beatriz, prefere que o leite...  me desculpe, senhora .
A Empregada estava envergonhada, não imaginou que tal situação estivesse acontecendo, o Mordomo quase beijando a mulher do Senhor Bento.
Dan: Estamos bem, pode ir, se precisarmos de algo eu chamo.
A moça assentiu com a cabeça e saiu do lugar.
Ambos tiveram o momento estraçalhado pela empregada que entrara de surpresa no cômodo.
B: O que te prende a essa casa? A trabalhar e a concordar com um homem como ele?
Dan: Trabalhar sim, concordar não.
B: Mas o que pode ser... –interrompida-
_Amor...
Beatriz sentiu um delicado aconchego em seu peito ao ouvir isso.
Dan ainda completou:
Dan: O mais puro amor que um homem pode sentir.
Ela arriscou completar:
B: Acho que nunca conheci esse amor.
Dan: O amor de que falo, conhece muito bem.
Antes que ela pudesse completar com algum argumento, Dan explicou-se:
Dan: O amor que sentimos por um filho.
A xicara em sua mão estremeceu. Um filho... O mordomo era pai.
B: Você é pai?
Dan: Sim, e amo ser.
Mas a pergunta ainda não fora respondida.
B: Mas o que Bento tem com isso?
Ele não sabia se queria contar, e o que venho a seguir, significou um aviso.

Outra empregada apareceu dizendo:
_ Senhor, Dan. O Patrão está de volta, está parando o carro em frente a casa.
Ele levantou-se junto com Beatriz num sobressalto.
B: Ele não ia demorar?
Dan: Algo deve ter acontecido. Limpem rapidamente essa mesa.
Já arrumando a mesa com a ajuda dos demais, a empregada completou:
_ Creio não termos tempo o suficiente.
Dan: Temos que ter.
Ao dizer isso, virou-se para Beatriz e a segurou nas mãos.
Dan: Precisamos ser rápidos.
Subiram as escadas rapidamente.
Antes que Dan pudesse chegar no quarto de Beatriz, ouviram os passos apressados de Ana Beatriz aproximando-se de onde estavam.
Tudo teria sido exatamente perfeito, se não fosse por ela... A pequena Ana.
A: Mãe?
B: Oi Filha.
A: Papai disse que você estava viajando.
B: Pois é, seu pai diz muita... –sendo interrompida-
Dan: Senhor Bento estava certo, pequena. Sua mãe voltou antes do imprevisto.
A: Vou falar ao papai que já está aqui. – virando-se-
Dan: Não precisa. Seu pai já sabe disso.
B: Preciso subir, meu amor.
A: Subir pra onde?
B: Eu vou... Vou arrumar algumas coisas aqui em cima, e o Dan irá me ajudar.
A: Ah... Está bem, vou ver meu novo celular.
Sem mais delongas, Ana Beatriz virou-se sem nem dar um abraço ou um beijo na mãe.
Logo Beatriz olhou para Dan e ambos subiram as escadas rapidamente em meio a suposições.
B: O que pode ter acontecido?
Dan: Não faço a menor ideia.
B: Estou com medo.
Dan: Não tenha.
Entraram no quarto e Beatriz logo acomodou-se na cama, Dan virou-se para sair, e a porta abriu-se anunciando a presença de Bento.
Ben: Bom dia, meu amor. Como passou a noite?
B: Como sempre.
Ben: Maravilhosamente bem eu suponho.
Ela olhou para o lado.
Bento olhou para Dan e o questionou rispidamente:
Ben: O que faz aqui?
Dan: Vim perguntar se a Senhora Beatriz precisava de algo.
Bento voltou a olha-la.
Ben: Claro, quero que minha mulher seja tratada muito bem. A propósito, venha ao meu escritório, devido alguns contratempos não irei prosseguir com o que eu havia te dito, mas quero que me providencie algo.
Enquanto conversava com Dan, Bento já caminhava em direção a porta, mas antes que pudesse passar por ela, Beatriz arriscou a chama-lo.
B: Bento!
Ele virou e a olhou surpreso.
Ben: O que quer?
B: Queria passear pelo jardim.
Bem: Como? – indo em direção a ela –
B: Andei observando daqui da janela, é lindo e... – foi interrompida –
Ben: Não!
B: Mas...
Bem: Já dei minha resposta. Assunto encerrado.
-
No escritório de Bento.
A sala cheirava a papeis velhos, boa parte das paredes eram preenchidas por gigantescas estantes completas de livros, alguns nem nome havia.
Bento sentava-se atrás de uma enorme mesa de madeira delicadamente esculpida.
Fumava um charuto cubano, e sua expressão era tomada pelo prazer.
Dan estava a sua frente, aguardando o patrão começar a falar com ele.
Algum tempo depois, Bento começou:
Ben: Ouve um contratempo, ia ficar alguns dias na fazenda onde morava, mas ainda não posso.
Dan: O que foi...
Ben: Não é da sua conta, ponha-se no seu lugar.
Dan abaixou sua cabeça e logo desculpou-se:
Dan: Desculpe-me, Senhor. Não quis ser invasivo.
Ben: Apenas quero que saiba que a rotina da casa continua como antes.
Dan: Perfeitamente, Senhor.
O mordomo antes de deixar o cômodo, arriscou-se um pouco mais.
Dan: Senhor, se me permite. Se quiser deixar que a Senhora Beatriz passeie pelo jardim, eu a acompanho, e me certificarei de que não fará nada imprudente.
O Fazendeiro levantou-se com a cara fechada, e aproximou-se um pouco mais do mordomo.
Ben: E porque faria isso?
Dan: Hoje de manhã, Senhora Beatriz passou mal. Não sou médico, mas posso arriscar dizer que pode estar ficando anêmica. Precisa sair um pouco.
Bento ficou pensativo.
Dan: Creio que o senhor não gostaria de um médico aqui.
Ben: Tem razão, a última coisa que quero é um pentelho de fora metido aqui.
Dan: Ela não tem pra onde ir, senhor. Em torno desse lugar existem apenas plantações e mais nada.
Ben: Ok, mas se algo acontecer, você será o responsável. Beatriz é curiosa, e não quero que saiba demais.
Dan: Como o senhor desejar.
-
No lugar onde Beatriz ficava, ela contemplava a visão que sua janela lhe proporcionava.
Nada além daquele lugar era visto. De vez em nunca, via bem ao longe uma fumaça tímida.
Poderia ser uma casa de campo, alguém que só viesse naquele lugar em algumas temporadas.
Os pensamentos iam e vinham com muitas outras suposições, mas fora interrompido quando Dan entrou.
Dan: Poderá ver algo diferente a partir de hoje, Beatriz.
B: Como? – olhando para ele –
Dan: Consegui com que o senhor Bento permitisse que você saia passear pelo jardim.
B: Sério?
Dan: Serio. – sorrindo –
Beatriz não conseguiu conter a emoção, pulava como uma criança e tentava não fazer barulho.
Dan sorria olhando-a daquele jeito. Sem dúvidas a amava de uma maneira única.
Dan: Mas tem uma condição.
B: Uma condição?
Ela respirava ofegante e o olhava preocupada.
Uma condição? O que poderia ser? Como fora burra, mas é claro que teria algo, Bento jamais a deixaria sair daquele quarto e ficar andando fora da casa sem algo em troca.
B: Que condição?
Dan: Terá que me dar um doce e demorado beijo na boca.
Ele estava sério encarando-a. Arriscou alguns passos em sua direção.
B: Um beijo?
Dan: E logo depois já podemos ir.
Beatriz fechou os olhos e começou a aproximar-se dos lábios dele.
A respiração ficava mais forte e mais rápida a medida que sentia a aproximação.
Ele continuava sorrindo e olhando para ela que concentrada aproximava-se um pouco mais.
Foi quando ela sentiu os dedos macios de Dan posicionados sob seus lábios.
Dan: Não sabia que pra você, me beijar era tão fácil assim.
B: O que está fazendo?
Dan: Apenas observando.
B: Então não...
Dan: Sim, tem uma condição, só não é tão deliciosa como essa que eu inventei. A condição é apenas que eu a acompanhe aos passeios, para que não faça nada imprudente.
Ela apenas o olhou brava e passou por ele.
B: Podemos ir ou vai inventar algo mais?
Dan: Não, podemos ir.

Jardim realmente era apenas um modo de dizer, flores? Só para remédio, Camomila.
O Chão ao lado e ao fundo da casa, era de terra, uma terra escura e úmida.
Havia algumas arvores enormes ao lado da casa, cobria o sol que já quase não aparecia por lá.
Enquanto andavam, Dan a observava, escancaradamente.
Logo a frente, a pequena casinha que havia visto de seu quarto.
B: Dan...
Dan: Sim?
B: Pode me buscar um suco?
Dan: Perfeitamente.
Ele sorriu e virou-se indo em direção a entrada da casa.
Rapidamente, Beatriz foi em direção a casa.
A primeira impressão, fora de que era apenas um pequeno galpão para guardar ferramentas.
Olhou para o cadeado, era novo e enorme.
Ao contrário das correntes, pareciam velhas demais.
Ela olhou para trás para certificar-se de que Dan ainda não voltara. Logo depois começou a procurar pelo chão algum tipo de arame que pudesse ajuda-la com o cadeado.
Ela encontrou, era perfeito, um grampo de cabelo, colocou na fechadura do cadeado e logo sentiu as mãos aveludadas contornando seu tronco e colocando-a nos ombros.

B: ah!!! O que pensa que está fazendo?

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Doce Poesia - 13º Episódio

B: Como se atreve a dizer isso pra sua Patroa?
Os lábios aproximavam-se ainda mais, a distância agora era de apenas um palmo.
D: Senhora Beatriz... Não sabe de nada.
Ela queria xingá-lo, mas estranhamente não conseguia.
D:Mas por enquanto, apenas obedeça o senhor Bento. É o mais inteligente a se fazer.
Ele a soltou, ela não tentaria mais nada. Era inútil. Muita coisa está envolvida, está agindo por impulso.
O derrubaria com um vaso de vidro e logo depois faria oque? Correria até a cidade? No escuro?
E sua filha? Realmente a deixaria?
A última vez que tentou levar Ana Beatriz, o resultado foi desastroso, mas conseguiria deixa-la?
Seus pensamentos foram dispersos.
D: Coma, amanhã será um longo dia, precisa se alimentar.
B: Não tenho fome.
D: Não me obrigue a ter que te alimentar eu mesmo.
Ela ficou em silêncio.
B: O que sabe sobre mim? Sobre essa família?
D: Sei que devo ao Senhor Bento, uma dívida que talvez eu leve a vida inteira pra pagar, sei que não se deve encará-lo como tenta fazer. Apenas obedeça e nada de ruim acontecerá.
B: Eu nunca o contrariei, e mesmo assim... Olhe o que ele fez.
Mais uma vez ela mostrou seus pulsos.
D: Não se imponha nas decisões a respeito da criança Ana Beatriz.
B: O que? Eu sou a mãe dela!
D: Sabe que a decisão sempre é dele, seus protestos de nada adiantam.
B: Eu...
D: Eu te amo, mas não posso te defender ou te proteger da forma que será preciso se não coperar.
B: Pare de repetir isso.
D: Nunca! Agora alimente-se, volto depois pra saber se precisa de algo.
Ele estava quase alcançando a porta quando ela o segurou pelo braço.
B: Espera.
Dan fechou a porta e ficou de frente pra ela.
B: Onde está minha filha?
Dan: Já está dormindo, o Senhor Bento prometeu-lhe um novo presente se fosse para a cama assim que ele saísse.
B: E ele foi pra onde?
Dan: Não sei.
B: Não sabe ou não quer me contar?
Dan: Não sei, e se soubesse não te contaria.
B: Porque.
Dan: Não é necessário e nem inteligente você saber de nada que o Senhor Bento faz ou deixa de fazer fora daqui.
B: No fim, você deve ser como ele.
O Mordomo teve o rosto tomado por susto.
Dan: Não me conhece. Por isso diz tal absurdo.
Beatriz sentiu-se envergonhada pelo que disse, não achou que Dan levaria tão a sério algo que disse sem pensar.
B: Me desculpe, falei sem pensar.
Dan a olhou de forma carinhosa e sorriu dizendo:
D: Se fosse minha, te traria o café da manhã na cama, adoraria acariciar seus cabelos enquanto estivesse lendo suas poesias apoiada em mim.
Amaria acordar toda manhã e olhar esses olhos verdes encarando os meus.
Me deliciaria a cada beijo que conseguisse desses lábios
Se fosse minha, apenas seria o homem mais completo e feliz que existiria nesse mundo.
Ela não tinha palavras para expressar o que sentiu ao ouvir tamanha declaração, de alguém que conhece há apenas alguns dias, mas que tem a sensação de conhecer há anos.
As palavras pularam de sua boca, não teve tempo de segurá-las.
B: Me ama... (rindo) De que maneira um homem que mal me conhece pode me amar? Ou melhor, de que maneira um homem pode amar uma mulher que está dessa maneira? (olhando-se com desprezo)
Dan aproximou-se de seus lábios e sussurrou:
D: Da maneira mais deliciosa que se possa imaginar;
Não disse mais nada, Beatriz viu Dan virar-se em direção a porta e sair mais uma vez do seu cativeiro disfarçado de quarto.
O que ele disse ficou revirando em sua cabeça, tudo o que disse.
Quase três meses se passaram desde então.
Beatriz só não tentou contra a própria vida, porque de alguma maneira, Dan a impedia.
Nunca chegou a dizer nada a ele, mas tornou-se mais próximo do que queria, e isso a deixava confortável.

Era uma ensolarada manhã, Beatriz ouviu as chaves no trinco, o Mordomo a agraciava com um sorriso.
Dan: Vamos?
B: Vamos? Vamos aonde?
Dan: Ficar livre por algumas semanas, o que acha?
B: O que quer dizer? Bento deixou que... (foi interrompida)
Dan: Não, Senhor Bento não deixou nada, apenas precisará ficar fora por algumas semanas, e deixarei que viva livre por esses dias.
Ela mal podia acreditar.
B: Faria isso por mim?
Dan: Já disse que daria a minha vida pela sua.
Ela corou e envergonhou-se por não conseguir disfarçar.
Estava quase deixando o quarto quando lembrou-se de algo muito importante.
B: Ana, minha filha. Minha filha não pode me ver pela casa, ela vai contar a ele, e...
Dan: Ela foi com ele.
Ela sorriu, eram só alguns dias, mas era mais do que poderia querer.
Dan: Você vem? (estendendo-lhe uma das mãos)
B: Mas é claro que sim!
Começaria ali, o que Beatriz há muito tempo não tinha... carinho e atenção.
Enquanto descia as escadas, Beatriz estranhou.
Os empregados todos a aguardando ao pé da escada.
B: Dan, o que é isso? (falando baixinho perto dele)
Ele estava em sua frente.
Dan: Seus empregados, estão aqui para servi-la. Do jeito que desejar ser servida.
B: Me sinto estranha, não pertenço a esse lugar.
Dan: Não se sinta assim, você é a Dona desta casa e de tudo aqui.
Ele parou os passos e virou-se de frente para ela.
Dan: Dona de mim.
Ela mudou logo de assunto.
B: Queria que tudo fosse diferente, queria nunca ter aceitado tal absurdo, casar-me com alguém que mentiu ser alguém que não é.
Iludida por doces poesias e nada mais.
Dan: Foram feitas com amor, Senhora Beatriz.
B: E recebidas também, Dan. Mas... Não sei mais.
Dan: Tudo irá mudar, precisa apenas ter paciência.
Ele sorriu delicadamente pra ela, e voltou a descer as escadas.
Logo os empregados começaram a questioná-la.
“Deseja algo em especial para o café?”
“Já tem algo em mente para o jantar?”
Uma outra foi falando e subindo as escadas.
“Com licença, vou trocar suas roupas de cama”
Dan: Acalmem-se, assim deixarão a Senhora Beatriz estressada. Por hora apenas sirvam o café da manhã.
Ele a acompanhou até a sala de estar.
Como era enorme, Beatriz lembrava-se de que mal teve tempo de observar calmamente a casa, já fora logo trancafiada naquele lugar.
Dan puxou a cadeira para que ela se sentasse, assim que a acomodou em seu lugar, aproximou-se com um bule com café.
Dan: Café?
B: Prefiro apenas um suco, se não for pedir demais.
Dan: Perfeitamente, Senhora.
Ele logo voltou com a jarra de suco.
Dan: é de laranja.
B: Adoro suco de laranja (sorrindo)
Dan: Eu sei... (baixinho)
Enquanto ele a servia com o suco, ela disse:
B: Dan...
Dan: Hum? (ainda servindo-a concentrado)
B: Não me chame mais de Senhora. Apenas de Beatriz.
Ele parou o que fazia, foi preciso alguns minutos para que pudesse se recompor do que acabara de ouvir.
Dan: Como quiser, Beatriz.
O som da voz de Dan pronunciando apenas “Beatriz” a deixou estremecida.
O mordomo terminou de servi-la e ficou parado ao lado, apenas observando-a e aguardando a próxima ordem.
Beatriz deliciava-se com as gostosuras que havia na mesa farta a sua frente, quando de repente ela perguntou:
B: Você é casado?
Ele paralisou, a pergunta o pegou de surpresa.
Dan: Como?
B: Perguntei se é casado, tem alguém que ...
Dan: que amo? (completando a frase)
Ela parou um pouco de comer e o olhou.
Dan: Eu não sou casado, que tipo de homem pensa que sou, Beatriz?
B: Desculpe, eu não quis...
Dan: Eu disse que te amo e que daria a minha vida por você, como pode pensar que eu falaria isso pra alguém sendo casado?
B: Eu perguntei sem pensar.
Dan ficou visivelmente incomodado com a pergunta, e Beatriz sem jeito com o que perguntou.
Ambos ficaram em silêncio. Beatriz agora beliscava o pãozinho açucarado a sua frente.
O Mordomo quebrou o silêncio.
Dan: Mas já fui casado.
Ela ficou surpresa.
B: Foi?
Dan: Sim, mas não durou muito, em pouco mais de um ano já estava sozinho.
B: É, se pudéssemos prever como seria nosso casamento, talvez nunca tivéssemos dito sim.
D: Nunca me arrependo do que eu falo.
Essa resposta deixou Beatriz realmente sem palavras.
O que havia escondido naquela casa? Tudo era estranhamente organizado.
Dan parecia temer Bento, cada vez que Bento o chamava, lá estava ele, parado a sua frente pronto para receber qualquer ordem como se fosse um cachorrinho de estimação.
E agora...
Desrespeitando a maior de todas, que é a de mantê-la presa naquele quarto.
Ela bebeu mais um gole do suco de laranja, e olhou para Dan.
B: Já tomou café?
D: Não se preocupe comigo.
B: Você se preocupa comigo, porque não posso me preocupar com você?
Ele ficou um tempo quieto, pensando no que poderia responder. Mas ela adiantou-se.
B: Sente-se. Me faça companhia.
O Mordomo assustou-se.
D: Por favor, não é necessário. Estou aqui apenas para te servir e...
B: Entendo.
D: Entende?
B: Você só obedece ordens vindas do meu marido.
Ela disse isso com um tom de voz decepcionado.
Ela só o percebeu sentando-se ao seu lado.
Alguns empregados arriscavam a olhar pelo canto da porta.
O Mordomo só poderia estar querendo morrer, sentar-se ao lado da mulher do fazendeiro como um amigo qualquer.
Ela o encarou.
Dan: Se minha companhia te faz bem, já tenho motivo mais que suficiente para morrer feliz.
O sorriso que dera para ela, foi tão encantador que a mesma até esqueceu as palavras que usaria para dar uma bronca em Dan pelo absurdo que dissera.
B: Dan...
Dan: Sim?
B: Há quanto tempo trabalha com Bento?
Dan: Há muito, muito tempo.
B: Diz que me conhece por isso? Trabalha com ele desde a aposta?
Dan: A aposta que seu falecido pai perdeu em um jogo de cartas na sua antiga cidade enquanto embriagava-se com o Senhor Bento?
Ela assustou-se com a exatidão com que Dan soube explicar do que ela falara.
B: Sim...
Dan: Sim, trabalho desde pouco antes dessa aposta.
Ele tirou as luvas de tecido de suas mãos de maneira organizada, as apoiou sob seu colo.
Ela não saberia explicar o porquê fez isso, mas quando percebeu, sua mão já estava apoiada sob a dele.
Estava se perdendo no momento, os olhos miravam nas mãos, mas viam o mais distante dos sonhos.
Quando voltou em si, olhou para Dan, que a encarava curioso.
B: Oh, me desculpe. Eu não sei o que...
Antes que pudesse tirar sua mão de cima da dele ele a segurou com a outra.
B: Suas mãos... São tão macias...
As palavras agora eram sussurradas, e os rostos se aproximavam despercebidos.
Ela o olhava e mesmo sabendo que não era certo, não conseguia não ir de encontro ao beijo que aconteceria.
Estava mais perto.
B: Não sei porque... Não consigo parar... - sussurrando –

Dan: Então não pare. – sussurrando –
 

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