segunda-feira, outubro 26, 2015

Doce Poesia - 1º Episódio


Doce Poesia







Sebastião Miriolli, um dia já fora chamado de Coronel, mas naquela época não passava de um viciado em álcool e Jogo, a mulher Cecilia, apenas esperava a morte em sua cama, entregue a uma doença já avançada, tuberculose.
A filha já tinha seus vinte e sete anos, mas não pensava em se casar por não saber como deixar a mãe naquele estado sem ao menos o auxílio do pai.
Beatriz, doce e meiga Beatriz. Não imaginava que seu pai decidiria seu futuro nos próximos momentos em uma mesa de jogo.

Era como um Saloon de filme tipo Faroeste. O bar era movimentado apenas por fazendeiros falidos, bêbados sem esposas e forasteiros.
Uma cidade como aquela jamais guardaria um futuro digno de Beatriz.
-
Naquela noite uma forte tempestade aproximava-se da cidade de Thoury, e Beatriz se desesperava com a piora da mãe.
As tosses estavam mais fortes, Cecilia a certa hora tinha crises respiratórias. E isso fazia com que Beatriz pedisse clemencia aos céus, o pai aquela hora ainda estava fora de casa, não tinha como deixar a mãe sozinha para procurar ajuda.
-
Sebastião jogava cartas com o ambicioso Bento, não era como o pai de Beatriz, era um galã, e muito mais esperto e rico que Sebastião.
S: Eu quero mais uma rodada!
Benn: Sem ofensas meu caro, mas o senhor já está me devendo sua casa.
S:Mas agora eu sei que irei ganhar.
O cheiro do álcool chegava a incomodar Bento, que nem sentado tão próximo assim estava, mas o cheiro estava forte.
Benn:E se perder? O que vai me dar? Já não tens mais nada, velho.
S:Minha filha, ela será inteiramente sua.
Benn: Sua filha? – assustado-
Bom, podia se ver de que não estava em seu juízo perfeito. Mas isso não interessava a Bento, a única coisa que queria agora, era ganhar de mão beijada uma bela e intocável jovem.
S: Sim, minha filha. Ela é pura, nunca foi tocada por homem nenhum, é bonita também... – interrompido-
Benn: Sei bem quem é a sua filha.
S: E então? – ansioso-
Benn: Então vamos jogar! – sorrindo-
-
Enquanto isso, na casa de Beatriz, a mesma estava com medo, a única pessoa em quem confiava, a única pessoa pra quem poderia contar seus desejos e sonhos, estava deixando-a.
C: Filha... – sussurrando-
Beatriz aproximou-se rapidamente da mãe.
B: Mãe, não se esforce demais. Precisamos parar com essa tosse.
Os pingos de chuva começaram, e Beatriz já não sabia mais o que fazer.
Então aproximou-se da mãe para ouvir o que ela tinha a dizer.
C:Filha, eu te amo. Fuja daqui, eu estou ... deixando esse mundo.
As palavras cada vez mais incompreensíveis, Beatriz também sentia que a mãe estava indo.
C: Fuja, vai ser feliz, meu...amor.
B:Mãe, eu... mãe?
Cecilia ainda tinha os olhos vidrados para ela, mas já sem vida.
B:Mãe... –chorando-
Ela passou as mãos pelo rosto da mãe, fechou seus olhos e entregou-se a toda a dor que pudera aguentar.
-
Benn: Restam apenas mais algumas cartas na mesa, meu velho.
S: Dane-se!! Irei ganhar, eu sei disso.
Sebastião jogou naquela mesa não apenas as últimas cartas em suas mãos, jogou ali... Os próximos anos da vida de sua própria filha.
Benn: Não dessa vez – jogando as últimas cartas na mesa e finalizando assim a sua vitória no jogo.
O velho mal podia acreditar, Bento o vencera da forma mais óbvia e simples que existia, deixando o pai de Beatriz incrédulo.
S: Não! Vamos jogas outra vez, eu posso ganhar a minha filha de volta. Vamos?! Eu sei que posso.
Benn: Estou cansado de jogos por hoje, quem sabe daqui uns anos.
Ao dizer isso, Bento levantou-se de sua mesa e ajeitando o casado elegante, virou-se em direção a porta para sair daquele lugar fétido e nunca mais voltar.
Com certeza levara para casa o maior prêmio que poderia ganhar em um jogo de cartas com um velho bêbado.

O Velho pai de Beatriz sequer pensou em argumentar as coisas com a filha.
O que iria dizer? De nada adiantaria, ela pertenceria ao fazendeiro e a ninguém mais.
-
Ele não conseguiu chegar aquela noite em sua casa, bebeu ainda mais para esquecer o que acabara de fazer, entre esmolas aqui e esmolas ali conseguiu mais alguns goles de cachaça.
Beatriz sempre cuidou das coisas da casa, as faxinas que fazia nas fazendas rendia-lhe o suficiente para tratar da mãe e do pai.
Era uma manhã feia, nublada, com um ar carregado, era como se o tempo acompanhasse o luto de Beatriz.
Aproximava-se das 11hrs da manhã quando Beatriz chegava em sua casa após o enterro da mãe.
Quando entrou em sua casa, o pai estava caído ao sofá, onde nos últimos anos era a sua cama.
As lágrimas continuaram a cair, a dor era forte de mais, como se a qualquer momento Beatriz saísse correndo para buscar a mãe novamente.
Irritou-se com a situação em que o pai encontrava-se, era algo comum, algo que ele sempre fazia, mas naquele dia não... Naquele dia ela não podia suportar tal atitude, não queria suportar.
O impulso a invadiu e com toda a dor que sentia, foi até o sofá e o puxou bruscamente do sofá.
B: Como pode ser tão insensível? Ela era a sua mulher, a mulher que você amou!!! Como pode?! –gritando-
Sebastião estava ainda um pouco atordoado. Mas conseguia entender a situação, só não entendia o porquê a filha estava tão nervosa.
Nunca sequer se importava com ele caído ao sofá. Pra ela nunca fizera diferença.
S: Me solta, Beatriz!
A voz ainda era um tanto arrastada e isso deixava Beatriz ainda mais furiosa.
B: Você não esteve aqui quando eu mais precisei!!! Nunca esteve!! Eu te odeio! Você protagoniza os piores momentos da minha vida, e eu nunca vou te perdoar!
S: Você não fale assim comigo, filha. Eu sou seu pai, sua mãe vai saber disso e... – interrompido-
B: Minha mãe? Quer contar a minha mãe sobre isso?
S: A culpa é dela, sempre te mimou demais.
Beatriz apenas enxugou um pouco o rosto já molhado pelas lagrimas insistentes.
E aproximando-se dele, disse calmamente:
B:Então vai lá no cemitério dizer isso a ela. E que Deus te perdoe por tudo o que você fez ela passar.
Ao dizer isso, Beatriz virou-se e foi para seu quarto.
Alguns minutos foram necessários para que o velho Sebastiao processasse o que acabara de ouvir, sua mulher...
Em passos apressados e embaralhados ele foi até o quarto onde a mulher ficava e a tanto tempo ele não entrava.
A cama estava vazia, o quarto cheirava a produto de limpeza e medicamentos, sem dúvidas alguma fora o pior marido da história.
E mesmo assim não mudou antes, Cecília morrera com as piores lembranças que ele pode lhe oferecer.
Dobrou seus joelhos sobre a cama, e deixou seu corpo desfalecer sobre ela.
As lagrimas eram quentes, e tímidas. Sentia muito...
-
Naquele dia Beatriz e Sebastião não se encontraram naquela casa.
No dia seguinte esse encontro foi inevitável, o pai estava assustadoramente diferente.
O cheiro leve de cachaça ainda pairava no ar da cozinha.
O Pai estava sentado na mesa, e assim que ela entrou ele timidamente a chamou para sentar-se ao lado.
Os olhos de ambos estavam avermelhados e inchados, mas Beatriz sabia que o pai ainda não estava totalmente sóbrio, e a última coisa que queria agora era conversar com o pai bêbado.
B: Eu prefiro não conversar com você sobre isso.
S: Não é sobre sua mãe.
B: Logo sairei dessa casa, a única coisa que me prendia aqui era a minha mãe e... –interrompida-
S: Beatriz, você irá se casar.

B: Como?

segunda-feira, outubro 26, 2015

Doce Poesia - 1º Episódio


Doce Poesia







Sebastião Miriolli, um dia já fora chamado de Coronel, mas naquela época não passava de um viciado em álcool e Jogo, a mulher Cecilia, apenas esperava a morte em sua cama, entregue a uma doença já avançada, tuberculose.
A filha já tinha seus vinte e sete anos, mas não pensava em se casar por não saber como deixar a mãe naquele estado sem ao menos o auxílio do pai.
Beatriz, doce e meiga Beatriz. Não imaginava que seu pai decidiria seu futuro nos próximos momentos em uma mesa de jogo.

Era como um Saloon de filme tipo Faroeste. O bar era movimentado apenas por fazendeiros falidos, bêbados sem esposas e forasteiros.
Uma cidade como aquela jamais guardaria um futuro digno de Beatriz.
-
Naquela noite uma forte tempestade aproximava-se da cidade de Thoury, e Beatriz se desesperava com a piora da mãe.
As tosses estavam mais fortes, Cecilia a certa hora tinha crises respiratórias. E isso fazia com que Beatriz pedisse clemencia aos céus, o pai aquela hora ainda estava fora de casa, não tinha como deixar a mãe sozinha para procurar ajuda.
-
Sebastião jogava cartas com o ambicioso Bento, não era como o pai de Beatriz, era um galã, e muito mais esperto e rico que Sebastião.
S: Eu quero mais uma rodada!
Benn: Sem ofensas meu caro, mas o senhor já está me devendo sua casa.
S:Mas agora eu sei que irei ganhar.
O cheiro do álcool chegava a incomodar Bento, que nem sentado tão próximo assim estava, mas o cheiro estava forte.
Benn:E se perder? O que vai me dar? Já não tens mais nada, velho.
S:Minha filha, ela será inteiramente sua.
Benn: Sua filha? – assustado-
Bom, podia se ver de que não estava em seu juízo perfeito. Mas isso não interessava a Bento, a única coisa que queria agora, era ganhar de mão beijada uma bela e intocável jovem.
S: Sim, minha filha. Ela é pura, nunca foi tocada por homem nenhum, é bonita também... – interrompido-
Benn: Sei bem quem é a sua filha.
S: E então? – ansioso-
Benn: Então vamos jogar! – sorrindo-
-
Enquanto isso, na casa de Beatriz, a mesma estava com medo, a única pessoa em quem confiava, a única pessoa pra quem poderia contar seus desejos e sonhos, estava deixando-a.
C: Filha... – sussurrando-
Beatriz aproximou-se rapidamente da mãe.
B: Mãe, não se esforce demais. Precisamos parar com essa tosse.
Os pingos de chuva começaram, e Beatriz já não sabia mais o que fazer.
Então aproximou-se da mãe para ouvir o que ela tinha a dizer.
C:Filha, eu te amo. Fuja daqui, eu estou ... deixando esse mundo.
As palavras cada vez mais incompreensíveis, Beatriz também sentia que a mãe estava indo.
C: Fuja, vai ser feliz, meu...amor.
B:Mãe, eu... mãe?
Cecilia ainda tinha os olhos vidrados para ela, mas já sem vida.
B:Mãe... –chorando-
Ela passou as mãos pelo rosto da mãe, fechou seus olhos e entregou-se a toda a dor que pudera aguentar.
-
Benn: Restam apenas mais algumas cartas na mesa, meu velho.
S: Dane-se!! Irei ganhar, eu sei disso.
Sebastião jogou naquela mesa não apenas as últimas cartas em suas mãos, jogou ali... Os próximos anos da vida de sua própria filha.
Benn: Não dessa vez – jogando as últimas cartas na mesa e finalizando assim a sua vitória no jogo.
O velho mal podia acreditar, Bento o vencera da forma mais óbvia e simples que existia, deixando o pai de Beatriz incrédulo.
S: Não! Vamos jogas outra vez, eu posso ganhar a minha filha de volta. Vamos?! Eu sei que posso.
Benn: Estou cansado de jogos por hoje, quem sabe daqui uns anos.
Ao dizer isso, Bento levantou-se de sua mesa e ajeitando o casado elegante, virou-se em direção a porta para sair daquele lugar fétido e nunca mais voltar.
Com certeza levara para casa o maior prêmio que poderia ganhar em um jogo de cartas com um velho bêbado.

O Velho pai de Beatriz sequer pensou em argumentar as coisas com a filha.
O que iria dizer? De nada adiantaria, ela pertenceria ao fazendeiro e a ninguém mais.
-
Ele não conseguiu chegar aquela noite em sua casa, bebeu ainda mais para esquecer o que acabara de fazer, entre esmolas aqui e esmolas ali conseguiu mais alguns goles de cachaça.
Beatriz sempre cuidou das coisas da casa, as faxinas que fazia nas fazendas rendia-lhe o suficiente para tratar da mãe e do pai.
Era uma manhã feia, nublada, com um ar carregado, era como se o tempo acompanhasse o luto de Beatriz.
Aproximava-se das 11hrs da manhã quando Beatriz chegava em sua casa após o enterro da mãe.
Quando entrou em sua casa, o pai estava caído ao sofá, onde nos últimos anos era a sua cama.
As lágrimas continuaram a cair, a dor era forte de mais, como se a qualquer momento Beatriz saísse correndo para buscar a mãe novamente.
Irritou-se com a situação em que o pai encontrava-se, era algo comum, algo que ele sempre fazia, mas naquele dia não... Naquele dia ela não podia suportar tal atitude, não queria suportar.
O impulso a invadiu e com toda a dor que sentia, foi até o sofá e o puxou bruscamente do sofá.
B: Como pode ser tão insensível? Ela era a sua mulher, a mulher que você amou!!! Como pode?! –gritando-
Sebastião estava ainda um pouco atordoado. Mas conseguia entender a situação, só não entendia o porquê a filha estava tão nervosa.
Nunca sequer se importava com ele caído ao sofá. Pra ela nunca fizera diferença.
S: Me solta, Beatriz!
A voz ainda era um tanto arrastada e isso deixava Beatriz ainda mais furiosa.
B: Você não esteve aqui quando eu mais precisei!!! Nunca esteve!! Eu te odeio! Você protagoniza os piores momentos da minha vida, e eu nunca vou te perdoar!
S: Você não fale assim comigo, filha. Eu sou seu pai, sua mãe vai saber disso e... – interrompido-
B: Minha mãe? Quer contar a minha mãe sobre isso?
S: A culpa é dela, sempre te mimou demais.
Beatriz apenas enxugou um pouco o rosto já molhado pelas lagrimas insistentes.
E aproximando-se dele, disse calmamente:
B:Então vai lá no cemitério dizer isso a ela. E que Deus te perdoe por tudo o que você fez ela passar.
Ao dizer isso, Beatriz virou-se e foi para seu quarto.
Alguns minutos foram necessários para que o velho Sebastiao processasse o que acabara de ouvir, sua mulher...
Em passos apressados e embaralhados ele foi até o quarto onde a mulher ficava e a tanto tempo ele não entrava.
A cama estava vazia, o quarto cheirava a produto de limpeza e medicamentos, sem dúvidas alguma fora o pior marido da história.
E mesmo assim não mudou antes, Cecília morrera com as piores lembranças que ele pode lhe oferecer.
Dobrou seus joelhos sobre a cama, e deixou seu corpo desfalecer sobre ela.
As lagrimas eram quentes, e tímidas. Sentia muito...
-
Naquele dia Beatriz e Sebastião não se encontraram naquela casa.
No dia seguinte esse encontro foi inevitável, o pai estava assustadoramente diferente.
O cheiro leve de cachaça ainda pairava no ar da cozinha.
O Pai estava sentado na mesa, e assim que ela entrou ele timidamente a chamou para sentar-se ao lado.
Os olhos de ambos estavam avermelhados e inchados, mas Beatriz sabia que o pai ainda não estava totalmente sóbrio, e a última coisa que queria agora era conversar com o pai bêbado.
B: Eu prefiro não conversar com você sobre isso.
S: Não é sobre sua mãe.
B: Logo sairei dessa casa, a única coisa que me prendia aqui era a minha mãe e... –interrompida-
S: Beatriz, você irá se casar.

B: Como?
 

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